27 maio 2006

DESEJO, NECESSIDADE, VONTADE...

Vi dia desses Maitê Proença contar que filha dela babava horrores qdo criança... devo ter perdido alguma parte importante da história, mas o fato é que uma senhora na rua perguntou se durante a gravidez ela tinha sentido desejo de comer algo. No que ela respondeu que sim, que morreu de vontade de abocanhar um daqueles hot dogs suspeitíssimos que a gente encontra em qquer esquina, cheirando convidativamente. Então, não comeu pq é vegetariana, mas dai a mulher comprou um e a fez comer. E a menina parou de babar. Verdade ou não, isso é o tipo de coisa que nunca aconteceria comigo. Pq eu não passo vontade e espero nunca passar.

Mó triste querer alguma coisa e não poder, tipo diabéticos, sabe? Passei a faculdade inteira comendo aquele podrão horroroso do alojamento [como a coisa pode cheirar tão bem?], não tenho escrúpulo algum em comer aquele doce solitário que tá lá exposto há dias, [nem aqueles de macumba, que a gente encontrava facim facim na época de cosme&damião hihihi] nunca me importei c/ a quantidade de calorias que estou ingerindo... se eu tô c/ vontade, como msm. Como, bebo, falo, escrevo, faço, ligo, peço... eu hein!? Já pensou se eu morro em seguida e passo a eternidade lamentando uma besteirinha a toa? Não é suficientemente chato lamentar as coisas que não dependem da gente?

23 maio 2006

O CÓDIGO DA VENDA


Fui ver o tal filme mais esperado do ano. Segundo meus coleguinhas de sessão (putz, sessão lotada daqueles tipos q fazem gracinha o filme inteiro... parecia projeto-escola, sabe? Vai a turma inteira... o ó) é quinenzinho o livro, logo, economizei alguns dinheiros não comprando.

Gostei. É dinâmico. Só que achei americano d+, aquela polícia francesa parecia a SWAT! Só faltou uma cena c/ vários homens encapuzados descendo por cordas pra invadir qquer lugar... rs

Cara, se isso fosse idéia de brasileiro não tenho dúvidas de que teria sido de Paulo Coelho. Qto talento pra contar meias verdades, recheadas de suposições, mitos e alguns fatos históricos delicadamente descontextualizados. Pra ficção é perfeito, mas a merda é que o povo adora uma novidade e absorve qquer coisa, se for contra igreja então, vira A descoberta...

Mas enfim, sai do cinema com a certeza de Maria Madalena era uma mulher interessantíssima. Devia ser de uma beleza insuportável (linhagem de Helena de Tróia??? ) Nada mais justificaria tanta confusão por causa de alguém cujos Evangelhos - pelo menos os sinóticos - nem dizem direito quem é.

Dai que ela provalmente não passaria despercebida entre tantos homens que se acotovelavam pra estar perto do mestre de Nazaré. Mas cobiçar a mulher do Mestre é haran mto grande, né? Criou-se a Confraria de São Judas para os admiradores, que mais tarde seriam os verdadeiros responsáveis pela morte de Jesus. São Pedro, que ainda tinha mulher e sogra, achava que de mulher já bastava a mãe do mestre, (msm pq mãe td mundo respeita) e estava pessoalmente envolvido na trama que enviou nossa heroína e mais duas Marias (pra não haver dúvidas de que estavam despachando a Madalena certa! ) num barquinho fuleiro para morrerem na viagem, mas miraculosamente as três chegaram a uma cidadezinha ao sul da França, Saint Marie de La Mer... os anos passaram, várias medidas foram tomadas de ambos os lados e hj em dia podemos encontrar facilmente os membros da milenar Confraria de São Judas no orkut, protegidos sobre o codinome "fura olho".

hahaha viu? Dá um outro livro...

22 maio 2006

DE CABEÇA PRA BAIXO

É na cidade de cabeça prá baixo
A gente usa o teto como capacho
Ninguém precisa morrer
Prá conseguir o Paraíso no alto
O céu já está no asfalto
Na cidade de cabeça prá baixo
Dinheiro é fruta que apodrece no cacho
Ninguém precisa correr
Nem tem idéia do que é calendário
Num tem problema de horário
Na cidade de cabeça prá baixo
É tão bonito ver o sorriso do povo
Que habita o lugar
Olhar prá cima e ver a espuma das ondas
Se quebrando no ar
Na cidade de cabeça prá baixo
A gente usa o teto como capacho
Ninguém precisa fazer
Nenhuma coisa que não tenha vontade
Vou me mudar prá cidade
Vou pra cidade de cabeça prá baixo
Olha prá cima meu filho
O chão é lugar de cuspir
Na cidade de cabeça pra baixo
É tão bonito ver o sorriso do povo
Que habita o lugar
Olhar prá cima e ver a espuma das ondas
Se quebrando no ar
Na cidade de cabeça prá baixo
A gente usa o teto como capacho
Ninguém presica fazer
Nenhuma coisa que não tenha vontade
Vou me mudar pra essa cidade, nego, eu vou*
* Raul Seixas
Bora lá?

17 maio 2006

NOTÍCIAS POPULARES



Não, eu não vou falar daquela confusão em SP. Tb é coisa pra se indignar, mas nem tanto...rs

Ontem as futriqueiras boas almas tiveram um dia cheio. Já falei que meus vizinhos são mto solidários? Poizé, a desgraça aki tem que ser partilhada. Segue c/ um ou outro detalhe a menos a história que chocou os pacatos moradores do bairro:

Vizinha boazinha desconfia que o maridon-cachorron-safadon tem uma amante. Coisa antiga, aaaaanos msm, mas ela nunca moveu um dedo pra ter certeza. Dai num dia assim de extrema iluminação espiritual eis que o sujeito citado chega em casa trazendo pela mão uma mulezinha dizendo que ela estava "precisando de ajuda" e que ia morar uns tps lá c/ eles. E a vizinha, queridos leitores, nem tchuns... não estranhou o acesso de amor ao próximo que acometia seu marido, não perguntou de onde tinha saído aquela pessoa, nada de nada. Um doce.

Dai que na msma semana começaram os boatos, pq além de solidária, a vizinhança é atenta, sabe? Um veneno aki outro ali até conseguirem finalmente tirar a vizinha boazinha da sua sta. ignorância. Dai q ela teve um treco. Levaram pro hospital suspeitando de enfarte. Coitada.

Agora eu pergunto: em quem a gente joga pedra primeiro? Pq eu tô na dúvida, juro.

16 maio 2006

MAIS DO MESMO...


Leitor atendo enxerga nas entrelinhas do post anterior a minha necessidade de encontrar um lugar confortável entre os excessos que vejo e a escassez que vivo e envia solidariamente essa beleza de texto:



Amor - O Interminável Aprendizado


Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.



Se enganava. Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado... por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.



De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.



Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.



Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.



O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.



Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.



O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.



Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.



O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.



Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não. Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não. Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não. E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.

Absurdo. Como pode o amor não coincidir consigo mesmo? Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.



Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.



Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado. Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.



O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.



Optou por aceitar a sua ignorância.



Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.



E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado
*


*Affonso Romano de Sant'Anna



Repetente conformado? Somos dois, querido!!!

13 maio 2006

EU QUE Ñ AMO NINGUÉM


Agora estou convencida! Depois de ouvir mais uma vez que nunca amei ninguém de verdade, depois de um (tardio) desabafo de alguém que me amou como pôde e depois de uma breve olhada ao meu redor, ñ tenho outra escolha: confesso minha inépcia.

Realmente, nunca achei possível alguém ver outro alguém tds os dias, dormir em sua casa 2 vezes por semana e ainda assim desperdiçar 200 dinheiros em celular;

Não combina comigo fazer ou não fazer alguma coisa que eu nem quero/preciso apenasmente pq o alguém vai se sentir mais seguro;

Não consigo entender pq o um tem que ficar em stand by enquanto o outro ñ está por perto;

Pq o tp encurta tanto assim se no fim das contas não se faz mta coisa. Nem sozinho e nem acompanhado, pq amor vira correlato de liberdade cerceada e dai perde tda graça sair;

Acho doentio ñ ter mais assunto c/ os amigos, ñ fazer mais as coisas q se gosta, ninguém saber como vc anda. Não fazer nada útil pra si ou qquer outro - q ñ seja o seu outro - e ainda estufar o peito pra reclamar do mundo;

Lamento a má sorte dos que acreditam em pérolas como "se ainda ñ deu certo é pq ñ acabou" ou "quem come a carne rói os ossos". [q apesar de jurássico ainda vejo por ai, certeza q vejo!] e tenho preguiça desse povo que dá o pior de si e fica pagando de mártir, de magnânimo.Tanta coisa nessa vida acaba antes do final! Essa obstinação seria + útil num outro lugar, como outra pessoa quem sabe...

O QUE MAIS EM NOME DO AMOR???? [mais tosco do que isso só msm o chapéu do Bono! aff]

Se eu pudesse escolher, ia querer algo mais ordinário. Nada desse fogo que clareia, aquece, consome e só ficam as cinzas pra contar a história. O amor pra mim há de ser sereno e constante o suficiente pra sobreviver a minha eventual escassez. Algo que me faça mais livre e mais viva.

Se meu amor existisse seria alguém comprometido o suficiente pra se entregar. E se entregaria, mais uma vez, remendado e curioso. [Remendado sim, pq gente ilesa geralmente é medrosa]. Ele seria senhor das suas carências e ñ se deixaria escravizar pelas minhas, embora isso seja beeem complexo; teria uma vida interessante o bastante pra não se enredar na minha assim impunememente; sua história pessoal, seus medos, defeitos, limites e tals não evaporariam e nem me seriam indiferentes. E aki eu, pelo menos curiosa, talvez pudesse intervir. TAL-VEZ. Talvez desse certo, talvez não.

Agora que reli isso td tô pensando... nunca vi nada parecido! Mas ñ acho, absolutamente, que isso é querer d+. Eu quero pq mereço, ué.

08 maio 2006

Quando o sol de cada dia entrar
Chamando por você
Querendo te acordar
Vai ter sempre alguém pra receber
Fazer o seu jantar
Dormir no seu sofá
Alguém pra olhar a casa
E alguém que regue o seu jardim
Até você voltar
E como é normal acontecer
Se num entardecer
A dor te visitar
Vai ter sempre alguém pra socorrer
Fazer o seu jantar
Dormir no seu sofá
Enquanto a noite passa por mim
Eu rego o seu jardim
Você já vai voltar...



Ah Du, ia ser tão mais fácil se vc pudesse msm voltar... E essa noite que ñ passa????

07 maio 2006

O PÊNDULO DE FOUCAULT


isócrona majestade

pretexto didascálico

mundo octânico *

silogeu das ciências ocultas

pregustando

respiração telúrica

estralejantes*

ossiânicos* (assim msm, com ss!)

teatro catóptrico

intuição fantomática*

mancinismo perpétuo

escrínio enorme

diorama...



Eu juro que tinha td isso num msm capítulo. Esses com * no final nem ele sabe o significado!



Tá bom que eu ñ sou obrigada a saber td, pai dos burros tai pra isso msm... mas p-u-t-a-q-u-e-p-a-r-i-u, por amor a quem uma porra dessas? Será que existe outra língua tão rica assim em sinônimos ignorados por reles mortais como eu? Esse exagero de erudição sabe pra que? Apenasmente pra descrever um museu onde o sujeito pretendia passar a noite... e eu nem vou saber o que ele queria lá, pq obviamente ñ terminarei de ler. Por dois motivos: pq ñ gosto tenho preguiça de textos excessivamente descritivos e pq ultimamente minha impaciência tem extrapolado os limites habituais e ñ tem me permitido ler uma frase assim, palavra por palavra. Passo os olhos pelo parágrafo inteiro de uma vez.



Mas tb quem insistiria num livro desses qdo um outro te chama, sedutor, da prateleira? Um livro que a autora (Isabel Allende, a quem interessa possa) descreve como " a história de uma mulher e um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar "? E esse alguém sendo eu, a que moooooooorre de medo de uma existência vulgar, impossível resistir.



Bem feito! Isso que dá pegar um livro só pelo título... Saramago deve estar se sentindo mto bem vingado. Esculachei o coitado só pq ele ñ usa pontuação!

03 maio 2006

GAROTOS


Seus olhos e seus olhares

Milhares de tentações

Meninas são tão mulheres

Seus truques e confusões

Se espalham pelos pêlos

Boca e cabelo

Peitos e poses e apelos

Me agarram pelas pernas

Certas mulheres como você

Me levam sempre onde querem



Garotos não resistem

Aos seus mistérios

Garotos nunca dizem não

Garotos como eu

Sempre tão espertos

Perto de uma mulher

São só garotos



Seus dentes e seus sorrisos

Mastigam meu corpo e juízo

Devoram os meus sentidos

Eu já nã me importo comigo

Então são mãos e braços

Beijos e abraços

Pele, barriga e seus laços

São armadilhas e eu não sei o que faço

Aqui de palhaço

Seguindo seus passos



Garotos não resistem

Aos seus mistérios

Garotos nunca dizem não

Garotos como eu sempre tão espertos

Perto de uma mulher

São só garotos.... só garotos....*


* Leoni



Ontem eu descobri que esses versos tem uma variante feminina, ah tem! \o/