13 julho 2008

EU HOJE JOGUEI TANTA COISA FORA...

Ontem andei revirando minhas velharias. Incrível minha capacidade pra nostalgia: cartas, fotografias, bilhetinhos, guardanapos do Bob´s com tels (que eram só tels., fixos. Nada de celulares ou Nextell rs), passagens rodoviárias (crê que eu guardei o bilhete do Barra Mansa X Campo Grande que me levou para UFRRJ pela 1ª vez?), poemas, músicas e alguns textos que – eu nem me lembrava – se salvaram do impulso incendiário que pariu este blog... bem, até ai uma faxina no guarda roupa e na alma e só. Agora, minha criança, um exorcismo quase foi depois de 15 anos finalmente dar cabo num certo frasco de perfume, dado por um certo ser que não merece exumação, que apenasmente por estar lá me olhando cada vez que abria a porta, me remetia aos tempos idos e nem-tão-saudosos-assim, onde o amor era medo e eu achava melhor acordar sozinha...


Mas pq estou te dizendo essas coisas, retrocedendo à modernidade e te enviando uma carta ao invés de um scrap ou depoimento? Oras, pq talvez isso fique meio grande. rs (no que há de me perdoar, que esses surtos são piegas mas amigas são sempre perdoáveis!) Mas tb pq acho que quero retomar meu (bom) hábito de escrever às pessoas... andei muito tp ensimesmada, ocupada com minhas próprias novidades e me dou conta que pouco ou nada sei de meus amados.


Sobre isso, próprias novidades, não só o look é novo! Embora ainda seja a mesma e viva como os nossos pais, é com incontido orgulho que constato que sou outra: outros olhares, outras crenças (menos ortodoxas talvez mas igualmente apaixonadas!), outros gostos... a mesma curiosidade de sempre. O mesmo senso de inadequação, a mesmíssima instabilidade e, felizmente, isso já não me assusta mais.


Pra estar um cadim mais perto do que mereço/preciso, depois de peregrinar por terras tão áridas e distantes que quase nem reconheço como propriedade minha, só me faltava um amor daqueles quentinhos, de manhã cedo, com gosto de hortelã e cheiro de mato molhado... enquanto esse não chega, tenho vivido algo menos (beeeem menos eu diria!) ordinário. Cinestesicamente delicioso e moralmente questionável. hohoho Me fez mais viva, me faz mais corajosa e me fará – certeza – me fará mais gente. Amém. rs Terapeuta diz e eu quaaaaaase concordo, que ele está me ensinando a lidar com a finitude das coisas, que eu sempre acabo com elas antes do final pra não precisar lamentar a perda. Que nobre jeito de desperdiçar a vida, não? Nobre e tristíssimo. Covarde, maniqueísta e em vias de superação \o/


Estamos na fase do “quem vai dizer tchau?”, dói fininho às vezes. Mas como ninguém foi embora a-i-n-d-a, manda a verdade que se diga que estamos mesmo é em fase nenhuma, mortos de pena pelo derradeiro inevitável, procurando um meio termo razoável entre o que é bom e o que é correto. Cá comigo, secretamente, alimento a vaga esperança de um dia acordar absolutamente assexuada em relação a ele e acabarmos bons e castos amigos. Prematuramente meio brochas. Divertidos, serenos, gratos e cúmplices ad eternun. O top da urbanidade, convenhamos.


Fico por aqui te desejando, pra hj e pra sempre, amor pra recomeçar.

Conte-me de vc, se quiser. Do contrário, recebe meu carinho e abraço sufocante.
bjs meus, te amo pra sempre.


N.A.: 1ª cartinha que segue com destinatário específico e real. É que pretendo retomar o bom hábito de escrever às pessoas. Minha reação contra toda essa coisa monossilábica e impessoal que se tornou a comunicação, subproduto da capetice que é o orkut... mr Postman right tech!!

11 comentários:

Jana disse...

Será que terei eu a sorte de um dia receber uma carta sua? Sabe né, da minha queda pro cartas... rsrs

Mas bem vamos aos fatos:

"Cinestesicamente delicioso e moralmente questionável. hohoho" O bom desse tudo é que assume! Não só o todo disso, mas o resto todo, de que precisa de figuria nova nesse albúm (desculpe eu não sei ser tão sutil e poetica como vc rs)

mas o bom é quando assumimos não é mesmo?

Beijos

Vívian Oliveira disse...

Eu adoro escrever cartas.. o mundo virtual me deixou um pouco longe delas, mas ainda as escrevo....

Das coisas jogasdas fora: Passado, foi bom... Futuro, vai ser melhor!

bjos, saudade!

Vívian Oliveira disse...

Oh meu anjo... Muito obrigada... Vamos trocar cartas?!?!

rs

Bjinhus!!!

Anônimo disse...

Eu tinha o hábito de escrever cartas para boa parte dos meus amigos. E cartões de Natal. Tinha gente que até esperava, e me cobrava quando o cartão não chegava...
Obviamente, muitos respondiam, e a caixa de sapato ficou apertada um dia. No dia seguinte, fiz como você e revisitei todas, uma por uma. E depois fiz uma bela fogueira.
De certa forma, ali exorcisei boa parte dos demônios interiores que me atormentavam. Mas fica a saudade de algo que não se verá mais (isso não lembra a morte?)
Quiçá um dia eu receba uma carta sua.
Abraço

PS: só por curiosidade, o violão da foto é seu?

Anônimo disse...

Eu que fico feliz por tanta reciprocidade! :-)
Essa história da modéstia é engraçada né? Cada dia que passa as pessoas acreditam que os amores precisam ser teatrais - de certa forma, até estão certas; só estão errando o gênero.
Ah, visitei seu orkut :P
Abraço

Ronaldo Ichi disse...

rs... ow... quando eu for em Minas e destrancar meu velho quarto empoeirado, farei o mesmo.

Se é... que tem alguma coisa lá ainda. Pode ser que a essa altura... as traças tenham comido tudo! Devem estar todas gordinhas!


Beijos joanissima!

Anônimo disse...

oi clara, adoro escrever, pra alguém, pra mim, pra ninguém,.... também guardo muitas coisas, tenho uma dificuldade incrível de me desfazer de coisas e, às vezes, de pessoas, mas faz parte né?!!! bjs e boa sorte com as cartas.

Guilherme Ribeiro disse...

Incrível, pois não consigo comentar nada sobre seus textos! Além disso, nunca imaginei que fosse gostar tanto de ler um blog!
Abraços e muitas felicidades!

Curare disse...

Ah é tão bom rever estas coisas. Adoro tbm, ficar relembrando coisas boas, que não voltam mais faz bem.
Bjos!

Unknown disse...

"Pra estar um cadim mais perto do que mereço/preciso, depois de peregrinar por terras tão áridas e distantes que quase nem reconheço como propriedade minha, só me faltava um amor daqueles quentinhos, de manhã cedo, com gosto de hortelã e cheiro de mato molhado... "
Eu adorei isso daí... descreveu o que eu quero pra um amor meu...

Flávia disse...

Essa fase do "quem vai dizer tchau" é altamente dilacerante.

E também sou uma máquina de guardar. Ou era. Ou seja e apenas viva disfarçada de gente que consegue se livrar das coisas. O fato é que tenho conseguido me desfazer de alguns antigos apegos materiais, embora os rastros imateriais permaneçam guardados em prateleiras inalcançáveis em algum lugar desse caos que sou eu por dentro.

Beijo, moça ;)