03 agosto 2008

SOBRE FRIDA KAHLO

[giga parênteses] Ando bem pobrinha por conta do meu desemprego. Pobrinha e com muito tempo ocioso, o que é ótemo. Dai que depois que aprendi a colar uma titica de legenda num filme nacional(!?), eu fiquei me achando a ninja da pirataria e parti pras minhas velharias estrangeiras: depois de baixar torrent, filme, legenda; depois de constatar o quão porcas podem ser as traduções, depois de descobrir que nem sempre legendas vem sincronizadinhas com o filme, depois de aprender a sincronizar e descobrir, putíssima, que tem gente que gosta de legendas sombreadas e fazer tudo de novo só pra cola-las, branquinhas, limpas como devem ser, depois de muitas perguntas a deus google, eu finalmente aprendi o processo todo. [/giga parênteses]

Enton, foi um parto, mas consegui. O primeiro torrent foi de "Frida", de Julie Taymor (2002), que essa mulher me persegue há meses. (há anos se for contar desde a 1ª vez que ouvi Adriana Calcanhoto falar sobre as suas cores...) É que Caio Fernando Abreu me instigou a curiosidade quando escreveu sobre. Como ele também tentei fugir, amedrontada pela feiura de seus quadros (ciente do sacrilégio, mas aquilo é bonito, gente?), pelo bigode indecente e o olhar que, parece-me, partiria qualquer um em dois. Eu tentei, mas gente que sobrevive a si mesmo exerce sobre mim um fascínio inexplicável.

Eu tenho as "Cartas Apaixonadas de Frida Kahlo", e por isso já sabia que ela é uma daquelas pessoas que Deus faz na sovinagem, uma-a-cada-vinte-anos, sabem? Mas claro, curiosa/masoquista do caralho, não me dei por satisfeita, praguejei contra a criatura que compilou aquele miserê de bilhetinhos, que não era crível que aquilo fosse o melhor a se publicar sobre essa mulher de chumbo, e parti pro filme torcendo pra que fosse fiel, razoavelmente bem produzido, e, sem querer pedir demais, imaginem, baseado em algum diário ou qualquer coisa que o valha.

Pois o que vi foi exatamente o que conclui ao fechar o livreco:
quanto mais triste mais bonito soa! A mulher sofreu tanto, mas tanto, que pra dar conta da vida só com aquele (bom) humor. Aliás, só pode ter sido dor o que a fez querer se consumar, ao invés de, bovinamente, se consumir. É um luxo não expor a própria desgraça à comoção pública. A inteireza, a valentia, a robustez dela vara os anos e deveria envergonhar a nós todos que vezenquando cedemos à capetice de uma pseudo resignação, vestindo de impossível o que é difícil e não temos coragem pra batalhar.

Fecho com o moço citado acima: sei que seja qual for a dimensão da minha própria dor, não será jamais maior que a dela. Por isso mesmo, eu a suportarei.

N.A.: Pra fazer justiça ao livreco, suas últimas pags. trazem o texto que Frida escreveu para o catálogo de uma exposição em homenagem a Diego Rivera, que é de chorar muito num cantinho! Que-amor-é-esse? Vejam o filme, leiam o texto e me contem se conseguem enxergar um décimo do que ela viu nele. Uma das ex mulheres de Rivera disse que seu jeito de olha-lo era esse: encontrar beleza em suas imperfeições (que não eram poucas, registre-se!)

Adivinhem? Agora eu quero "O Diário de Frida
Kahlo"!!! Já estou vendo que vai ser a mesma gastura pra encontra-lo como foi "O Cavaleiro da Esperança" (né, tri? rs). Aliás, encontra-lo num preço pagável, que já disse que ando pobre pobre de marré...

3 comentários:

Jana disse...

ta, vou me consumir aqui, quero tudo o livro, o filme...

O gastura!

beijo

Anônimo disse...

Olá!!
Vim lhe fazer uma visitinha!!
Adorei seu blog!
Até
http://cara-nova.zip.net

Samira disse...

O filme eu já tenho, agora "QUERO" o livro!!!!
Estou vendo que não será fácil...
Mas eu "QUERO"!!!!
Bj.
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