27 setembro 2008

ENFIM...

Aconteceu quando a gente não esperava
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar

Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor
* Adriana Calcanhoto

N.A: acho que Deus ficou com pena de minha resignação e encurtou o inferno astral... e não podia ter sido de melhor forma!! uhu \o/

23 setembro 2008

INFERNO ASTRAL !?!

Mas não é um mês antes do aniversário? Pois eu acho que alguém se confundiu e só mandou o meu agora, um mês após:

quarta:
arrastada pelo turbilhão de sentimentos confusos, acabei largando mesmo a terapia. (e ficando mui tristinha)

quinta: achei que tinha conseguido restaurar uma coisa bonita que havia se espatifado.

sexta: depois de meses numa enrolação do caralho, uma boa alma me liga pra dizer que finalmente minha vaga foi liberada e que vou voltar a trabalhar.

sábado: o ser que é PHd na arte de me machucar consegue pela 2ª vez fazer a minha civilidade parecer patética. (meus respeitos! Não é pra qualquer um a proeza de me machucar duas vezes pelo mesmo motivo!)

domingo: explico como me sinto a respeito e ouço o mesmo ser insinuar que sou maluca, infantil, idiota e egoísta. Tudo isso em 1 hr de conversa e via MSN.

segunda: sou comunicada extra oficialmente que a gestora mudou de idéia e vai contratar para a minha vaga uma estagiária lesa.

... como a gente sabe que não há nada ruim que não possa piorar, deixa eu continuar aki quietinha pra ver se tio Murphy me erra...tsc

21 setembro 2008

PROCURA-SE HAROLDO!

Idéia (ótemaaaaaaaaa) de Camilinha...

Pq ele é simples e despretencioso:

Pq ele é solidário:

Pq ele é bem humorado:

Pq ele é assertivo:

Pq ele simplifica meus dilemas:

Se eu tivesse um Haroldo na minha vida, acho que nem precisaria escrever... hohoho

17 setembro 2008

(blog) TERAPIA

Pq vc não escreve pra coluna do tio José?
Ele responde tudo, qualquer pergunta que vc fizer!!!!
Tio José,

Eu estou pensando em largar a terapia. O que o sr. acha?

Como disse Danielle dias desses, o mais foda dos teus impasses é que ninguém tem nada com isso...tsc

Vou falar com quem sobre essa (mais essa) urgência emocional?

Turbilhão de sentimentos, confusos pra variar: me sinto uma patricete, fútil e mimada por precisar de alguém que me escute com atenção. Me sinto igualmente patricete, fútil, mimada e perdulária por gastar dinheiros com. É quase vergonhoso se perder nos próprios labirintos. Pagar alguém pra te encontrar é - pré conceitos às favas - um atestado de incompetência. Como assim eu não dou conta
da minha vida?

Dou conta, não dou? Nenhuma ocorrência grave registrada atá agora. Vida seguindo nos trilhos da normalidade.

Dou conta? Mas enton pq diabos essa necessidade burguesa de falar, falar, falar? E pior, que alguém escute, intervenha, pontue, clareie?

Não dou. Não dou conta! Minhas tempestades em copos d´água estão arrastando todo o bom senso que encontram pela frente.

É até interessante o ser que estou sendo no momento... ("estou sendo" merece uma pedrada, mas é que tenho esperança de que passe e eu finalmente s-e-j-a, no presente, num futuro próximo, de preferência) Engraçado achar que nem o erro é disperdício depois de anos buscando uma coerência que ninguém te exige; descobrir no meio do caminho que é melhor assumir um sentimento antes de tentar entendê-lo, oscilar entre acessos de lirismo e desejos básicos por cretinos mais básicos ainda... que puxa!!!


(Tenho certeza que qualquer guria de 15 escreveria isso. tsc Já não é suficiente a gente ter ciência do nosso ridículo?)

14 setembro 2008

INTIMIDADE ENTRE ESTRANHOS

foto: Chistian Gaul

Intimidade Expectativa é uma merda!

Desde que soube que Frejat tava preparando o seu 3º CD fiquei vigiando pra baixar tão logo as almas caridosas disponibilizassem na rede. E foram meeeses. A-d-o-r-e-i o título (nem deve ser pq ele é um bom predicado pra minha vida de crimes, não mesmo...rs) e a curiosidade aumentou 3 vezes qdo li que uma das faixas é parceria com Martha Medeiros (très chic, não?). A oposição pode dizer que não combina, mas o que gosto no trabalho solo dele é isso de homem tb chorar. Não deixa de ser roqueiro (embora roqueiro cinquentão esteja a um passinho do ridículo, verdade seja dita) e faz essas coisas, assim, quase calóricas de tão meladas. Ele é de uma precisão quase cirúrgica na arte de dar forma e tom àqueles impronunciáveis - e tipicamente femininos - sentimentos: alguns versos de Maior Abandonado, 50 Receitas, Tua Canção, Errar é Aprender, No Escuro e Vendo são de uma verdade doída, cruel. Daquelas que a
gente negaria até a morte se pudesse.

Não sei explicar direito. Algumas nuances emocionais homens geralmente não alcançam (como certas cores, que reza a lenda que eles não conseguem enxergar rs) e é isso que eu admiro: Frejat fala com a mesma destreza sobre coisas que - a priori - não sente com todas as fibras do corpo e desvela um território que mulheres até enxergam, míopes, mas tb não pisam assim, com os dois pés: Homem Não Chora, por ex, é over verdadeiro, não tão doído, nem tão frequente, mas está por ai, que eu já vi...

Dai que ontem eu ouvi o CD novo... como diria Jana, pordeus, o que é aquilo? Demorei umas três músicas pra identificar algum verso mais ou menos. O som a gente reconhece, claro, mas as letras...aff. "Fazer um photoshop da realidade"? uatarréu??? Quase tudo arrastado, repetitivo, tristíssimo. Quando achei que a coisa ia ficar mais alegre, topei com umas rimas pobrinhas de dar vergonha: "esqueça nossa última briga, lembre nosso 1º beijo e ouça essa cantiga"... tsc Da faixa-título eu esperava algo do tamanho de Amor Pra Recomeçar, pelo menos. Que cumprisse o papel, como Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo. Pelo menos o refrão tem que grudar na cabeça, não é assim? Má vontade a parte, mas "nada é tão lento quanto o tempo aqui dentro/eu e eles e a nossa dor/nada é tão denso quanto o tempo em silêncio/eu e eles no elevador" tem sonor
idade pra grudar onde? Eu e minha pretensão sem tamanho achamos que deviam ter escalado Dois Lados, que pelo menos da minha cabeça não sai e eu nem vejo novela.

Sobre Farol, co-autoria de Martha salve salve Medeiros, nem vou reclamar. Acho que o que eu queria nem tem como existir, delírios de tiete. Quando Cazuza mandou Exagerado pra Leoni musicar, tinha 30 e tantos versos, cortou um monte. Se dependesse dele não teríamos "por vc eu troco tudo/carreira, dinheiro, canudo" por ex. Vai ver Frejat fez isso tb.

Bem, eu confesso que meu gosto musical não é muito eclético, devo ser até meio pré-conceituosa. Ando numa fase temerária inclusive (ouvindo Pedro Mariano por opção e Cesar Menotti & Fabiano por falta de, que minha vizinha adora e só ouve alto!), mas de 11 faixas só se salvam 3?! ô pecado!


Bonequinho decepcionado!!

09 setembro 2008

VC TEM SEDE DE QUE?

[mote da Dani] A gente vive reclamando do que cobram da gente... mas e você, o que se cobra? O que você precisa ser, para se sentir gente? Ou em que você precisa se transformar para se sentir você?[/mote da Dani]

Eu me cobro coerência. Se não for possível entre o PENSAR e o AGIR, pelo menos entre o SENTIR e o FALAR. hohoho Já tá de bom tamanho!

Preciso encontrar um meio termo razoável entre o que é bom e o que é correto, pq como mui carinhosamente me disseram dia desses, já passou da hora de ser feliz e normal.

Me cobro educação, gentileza, senso de justiça, um sorriso generoso... o mundo já é quase inabitável, só reclamar não muda nada.

Preciso de inteireza, de gente sendo o que é. (e não gastando o que não tem pra mostrar a quem não gosta uma pessoa que não é!) Vivendo o inferno e céu de todo dia, "exercitando o humor e a poesia"

Me cobro tolerância com as presepadas alheias. E preciso de um cadim pras minhas também.

Preciso ser maior do que meus medos, do que as coisas que não entendo, que não mereço.

Me cobro não acomodar com o que incomoda.

Preciso de pequenas epifanias mensais e sem finais patéticos, de preferência. Opcionalmente, a gosto de quem me conceda tal benção, preciso de uma que dure pra sempre. Aceito trocar
várias por uma de bom grado, juro.

Me cobro casa, comida e roupa lavada. Tudo financiado por mim mesma e o mais rápido possível.

Preciso que me olhem nos olhos enquanto falam comigo. Que me digam as coisas com clareza, que de entrelinhas já bastam as minhas.

Me cobro saber um pouco de tudo, aprender o importante que não sei e me livrar de toda a tralha desimportante que inevitavelmente a gente vai acumulando pelo caminho.

Preciso, ando muitíssimo precisada, de livros novos. Já não acho mais tanta graça em reler os meus e como estou pobrinha no momento, não dá pra comprar nenhum da minha listinha. tsc

03 setembro 2008

DAY OFF

Gente desocupada não distingue fim de semana dos outros dias. Mais ou menos. Posso dizer que os meus têm sido longos e preguiçosos sábados.

Sá-ba-dos. Nunca domingos, pq domingo não é dia! Quer dizer, até é:

Domingo é dia de moscar.
Dia pra passar de pijama e pantufa. (no caso de ser um dia cinzento, claro!)
Dia de ver vários filmes.
Dia de terminar um livro pra começar outro.
Dia de trajetos bem precisos: da cama pro puf, do puf pro laptop, do laptot de volta pra cama...

As vezes acontece um micro milagre: Uma visita! Gentem, amigo salva um domingo né não?! Mas fora isso que é cada vez mais raro, salvar os domingos não é tarefa das mais fáceis, demanda determinação, quase esforço físico, já que é tããããão mais confortável jiboiar até segunda feira... mas eu, rainha das miudezas, franciscana até, felizmente vivo tendo gratas surpresas dominicais: as vezes é uma das janelinhas verdes piscantes na tela do laptop que me dá uma boa notícia, ou me diz algo gentil, mata minhas saudades ou apenasmente me diverte mesmo (o que é um luxo prum domingo!); as vezes, sozinha e esparramada no meu puf, leio alguma coisa que me agride e tenho o resto do dia - se eu quiser - pra digerir aquilo e procurar palavras que traduzam meu assombro; as vezes alguém inesperado me liga; as vezes eu tô num humor mais maternal e deixo minha sobrinha me tratar como uma de suas bonecas...

Esse domingo foi salvo por um filme. Um documentário, pra ser mais precisa: Janela da Alma. (anos atrasada, de novo!) É sobre nosso conceito equivocado de visão... rs Tem umas sacadas boas, daquelas que de tão óbvias, a gente não pára pra pensar, sabe? Toda aquela coisa de excesso de informação, de como o sentimento influencia a percepção... nada novo mas pelo menos pra mim sempre é a descoberta do fogo. Lá pelas tantas, um dos entrevistados (é entrevistado mesmo que fala?), um fotógrafo completamente cego, me sacudiu com sua acuidade sensorial: ele queria saber como era a letra de uma das moças que fotografou e pediu pra ela assinar o nome na palma de sua mão!!! Simples e delicado. Impossível não me atingir. Segundo o próprio, não vemos mais nada pq impondo-nos imagens prontas, perdemos o olhar interior. Completo eu: perdemos também a perspectiva, o distanciamento necessário, a capacidade de contemplar. (?)

Resultado: Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, subiu de posição no meu ranking de precisâncias e Blindness de Fernando Meirelles, está sendo aguardado com ansiedade por aki.