Gente desocupada não distingue fim de semana dos outros dias. Mais ou menos. Posso dizer que os meus têm sido longos e preguiçosos sábados.
Sá-ba-dos. Nunca domingos, pq domingo não é dia! Quer dizer, até é:
Domingo é dia de moscar.
Dia pra passar de pijama e pantufa. (no caso de ser um dia cinzento, claro!)
Dia de ver vários filmes.
Dia de terminar um livro pra começar outro.
Dia de trajetos bem precisos: da cama pro puf, do puf pro laptop, do laptot de volta pra cama...
As vezes acontece um micro milagre: Uma visita! Gentem, amigo salva um domingo né não?! Mas fora isso que é cada vez mais raro, salvar os domingos não é tarefa das mais fáceis, demanda determinação, quase esforço físico, já que é tããããão mais confortável jiboiar até segunda feira... mas eu, rainha das miudezas, franciscana até, felizmente vivo tendo gratas surpresas dominicais: as vezes é uma das janelinhas verdes piscantes na tela do laptop que me dá uma boa notícia, ou me diz algo gentil, mata minhas saudades ou apenasmente me diverte mesmo (o que é um luxo prum domingo!); as vezes, sozinha e esparramada no meu puf, leio alguma coisa que me agride e tenho o resto do dia - se eu quiser - pra digerir aquilo e procurar palavras que traduzam meu assombro; as vezes alguém inesperado me liga; as vezes eu tô num humor mais maternal e deixo minha sobrinha me tratar como uma de suas bonecas...
Esse domingo foi salvo por um filme. Um documentário, pra ser mais precisa: Janela da Alma. (anos atrasada, de novo!) É sobre nosso conceito equivocado de visão... rs Tem umas sacadas boas, daquelas que de tão óbvias, a gente não pára pra pensar, sabe? Toda aquela coisa de excesso de informação, de como o sentimento influencia a percepção... nada novo mas pelo menos pra mim sempre é a descoberta do fogo. Lá pelas tantas, um dos entrevistados (é entrevistado mesmo que fala?), um fotógrafo completamente cego, me sacudiu com sua acuidade sensorial: ele queria saber como era a letra de uma das moças que fotografou e pediu pra ela assinar o nome na palma de sua mão!!! Simples e delicado. Impossível não me atingir. Segundo o próprio, não vemos mais nada pq impondo-nos imagens prontas, perdemos o olhar interior. Completo eu: perdemos também a perspectiva, o distanciamento necessário, a capacidade de contemplar. (?)
Resultado: Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, subiu de posição no meu ranking de precisâncias e Blindness de Fernando Meirelles, está sendo aguardado com ansiedade por aki.