28 agosto 2008

O QUATRILHO

An retard como sempre, só hoje, com 14 anos de defasagem, consegui assistir esse filme.

Depois de perder algum tempo tentando entender pq escolheram ilustres desconhecidos como pares românticos de Patrícia Pillar e Glória Pires, cá na minha pretensão sem fim, ainda fiquei imaginando quem euzinha escalaria pr´os papéis...rs Cansei logo, vencida pelo fato de que há um considerável lapso de tempo entre as atrizes e os meus atores...

Ainda divagando, me peguei pisando chão mais firme: em 1910 (sim, fatos reais!! Aconteceu no Rio Grande do Sul! Adoro filme baseado em fatos reais!) foi um escândalo um homem fugir com a mulher do sócio e escândalo maior ainda os dois traidos que ficaram resolverem se juntar tb. E hoje, em 2008, se isso acontecesse aki na minha rua, como o povo reagiria? Com uma crueldade mais velada, acredito. E maior hipocrisia, portanto. Por menos católico que seja, o ser humano - em geral - é capaz de ser mais ortodoxo que um monge medieval. Com os outros, claro, que gente ortodoxa demais tende ao farisaísmo.

Mas o que eu queria dizer mesmo é que o Deus em quem acredito não poderia jamais ficar satisfeito com o zelo daquele padre (sim, com minúscula mesmo!) de Sta. Corona. Até eu que tenho um coração infinitamente menor que o d´Ele já entendo que não pode haver obediência legítima quando se pisoteia a alma de alguém. Se o amor é o maior mandamento e se a caridade é o esplendor de sua manifestação, estaria o Todo Poderoso caducando se realmente concordasse com algumas atitudes nada cristãs dos seus vigários.

Notas de uma mente over pensante:

¹E o rebanho desses pastores totalitários, arderia igualmente no mármore do inferno* pela conivência cega? É que eu acredito que quem obedece não erra...

² Percebam que desde que o mundo é mundo, bonzinho só se fode. O ônus da traição ficou inteiro com o casal fiel. tsc!!!

*
Seguramente que há uma área vip pr´os religiosos!!!

22 agosto 2008

ALMA NARCISA

Depois de meeeeeses olhando apenas pro meu próprio umbigo, prestando atenção em coisas que me passaram despercebidas durante toda uma vida, (aliás, antes desses meses foram aaaaanos debruçada sobre o alheio, sendo tudo pra todos, numa solidariedade carmelita.) conclui algo não tão nobre quanto esperava: Eu me acho!

Nada está bom para mim. Eu devo ser o máximo absoluto, a encarnação ocidental de buda. Não abro a boca, claro, que gente que se acha é o fim, mas eu sempre tenho algo a acrescentar, uma crítica "construtiva"... Os outros? Quase sempre divergentes. Contraditórios. Ou omissos. A música? Alta demais, futil demais, instrumental demais, ou de menos. Os lugares? Abafados, congelantes, muvucados, distantes... Chuva é péssimo, sol é insuportável. Cachorro? Longe, preso E dormindo. Criança? Só minha sobrinha e com as prerrogativas de toda tia: chorou, devolve.

Eu tenho consciência de que ninguém merece isso! Se meus amados se dessem conta, eu seria uma ilha. Curioso é que não me acho melhor do que nada, nem ninguém. Simplesmente me acho. E ponto. Me acho sem fazer comparações com o que ou quem quer que seja. Só me acredito, me basto, me sinto. Assim, sem parâmetros estabelecidos para checagem: medo de barata é algo além do compreensível para minha mente pernóstica, pq eu não tenho medo e sou o centro do universo. Medo de barata, dor de cotovelo prolongada por mais de um dia, ciúmes, mentiras, dizer-não-querendo-dizer-sim, variações bruscas de humor, amnésia alcoolica, trairagem feminina, fakes no orkut, abraço-curto-pra-não-suf
ocar, falocentrismo, cartão de crédito estourado... tudo é um grande e insondável mistério pra mim.

Eu me acho tanto, mas tanto, que até viajar, por exemplo, fica difícil: Primeiro, é complicado escolher pra onde: lugares que todo mundo vai, não, pq todo mundo vai. Lugares que quase ninguém que ir, talvez sim, mas talvez não pq não teria como pesquisar satisfatoriamente. Europa? Pra que, com um país lindo com o meu? Estados Unidos? Me submeter a mendigar visto? Nem a pau, juvenal. Dai vem a segunda parte, escolher com quem: “x” é muito pacata, “y” muito agitada”, “z” muito histérica, “alfa” muito depressiva, “beta” ranzinza, “gama” não bebe... Vou sozinha, que boa sou eu. E acabo in
do a lugar nenhum, pq o melhor e mais constante dos predicados pra todas as cias. é: comprometida. Boa, ímpar e preguiçosa, fico em casa e ainda vejo altas vantagens nisso.

Provavelmente vou me achar cada vez mais, já que não percebo mudanças significativas no meu ego de George W. Bush. Eu vou continuar me achando até achar que a única coisa que é demais para mim sou eu mesma. E aí vou querer melhorar. (As vezes eu acho que já estou perto disso, quando me irrito a ponto de querer férias de mim... )A verdade é que eu me acho tanto que me perco: Como alguém consegue viver sem MSN? Como pode alguém acordar às seis horas da manhã para correr? Como alguém dançar desse jeito em público e fica bem? Como que gasta tanto dinheiro com besteiras? Como pode ser tão infantil/egoísta/raso?

Percebem? Eu sou capaz de me ocupar (e até me assustar!) com questões que simples e definitivamente não me dizem respeito. Quanto às minhas questões, que também são es
quadrinhadas pelos outros com algum espanto, eu tomo ciência assim, an passant, diluídas em frases simpatiquinhas e inofensivas até: "como pode nunca ter um acompanhante nos casamentos das amigas? Como pode não ter carro? Como pode não ter um emprego e nem se esquentar com isso? Como pode usar um cabelo daquele tamanho? Como pode odiar academia daquele tanto? Como pode viver em constantes e inúteis crises existenciais? Como pode usar jeans e tênis tão impunemente? Como pode ser assim até hoje???" Pobre moça....

Vezenquando paro em frente a um desses programas da TVE - porque novela, filme comercial, programa de auditório e Big Brother são muito pouco para minha inteligência over exigente. Bem vezenquando, pq eu gosto mesmo é de Internet. Quando não tem livro novo, filme bo
m, cias. agradáveis ou não estou com sono, certeza que estarei moscando por lá, com 500 bonequinhos verdes piscando na minha frente, zapeando pelos blogs dos meus queridos. E se você disser que isso é coisa de gente nerd e solitária, vou te olhar com a cara mais blasé do século, vou te dar um meio-sorriso resignado, talvez diga "cada um no seu quadrado!" mas estarei pensando: "enton, tente nêga, tente me convencer que tua vida de boites enfumaçadas e barulhentas, de noites intermináveis socializando(?) por ai, de horas irrecuperáveis de sono, de $ queimado pra financiar toda essa badalação, enfim, que tudo isso é fundamental pra existência e que te faz over-feliz."

Olha, eu até acredito em milagres, acredito mesmo. Mas pra certas c
oisas só nascendo de novo. Acho que é o caso tsc

N.A¹.: Inspirado num texto de Cleo Araujo

N.A².: Dani sacou de cara, eu demorei um cadim, mas a verdade é que esse texto além de um mea culpa sem culpa, é uma reação tardia ao episódio novelesco narrado abaixo. Pq eu sou assim: maior do que os seres que me assustam, mas as vezes é preciso re-lembrar isso!!

15 agosto 2008

HAVIA BELEZA ALI OU ERA CRIATIVIDADE MINHA?!?

Escrevo numa ressaca moral sem precedentes. Tão abestada que nem deu pra ficar triste, ainda. Assustada com a minha polianice e me perguntando como um mesmo cidadão pôde me inspirar sentimentos tão meigos e em questão de horas me fazer a mulher mais idiota do sistema solar...Tá bom que o ser humano tem uma capacidade infinita pra nos decepcionar, tá bom que "pra ver Deus tem que morrer", tá bom que eu sou carente... tsc (maldita carência! Maldita! Maldita! Maldita!)

Historinha digna do muleburra.com Aliás, se eu fosse famosa, poderia concorrer ao prêmio Burralda do Mês, que mereço:

Que a bebida revela as pessoas geral já sabe né? Pois não é que depois de todos esses dias convivendo com uma criatura sóbria, razoavelmente bem informada, divertida e otras cositas mas eis que descubro no último dia que a gente iria se ver (menos mau, convenhamos, que se descubro no primeiro eu nem teria aquela coisa do comida-boa-roupa-limpa-e-cama-quentinha pra lembrar) que o guri é uma fraude: a menor das surpresas foi ele, empolgadíssimo, num papo que não acabava nunca mais sobre funk. Só faltou subir na mesa pra dançar. Registre-se: embora eu ache que o juízo final vai começar no baile funk, nada grave até ai. O que me partiu o coração mesmo foi ve-lo se esmerar no assunto por horas pra fazer graça pra outra guria, a que se revelou sua melhor amiga, a ponto de beliscar pedaços de pizza do seu prato e esticar as duas pernas sobre as dele, assim, despudoradamente, na minha frente. Mais despudoradamente ainda trocarem tels. Mais despudoradamente ainda conversarem alheios aos outros presentes na mesa.

No minuto seguinte descubro que o seu anel - que eu perguntei se significava alguma coisa importante - muda de dedo conforme lhe convém e que não só a criatura tem namorada como é a mesma há anos. Vou ao banheiro e escuto sem querer que o flerte não se restringe à guria funkeira mas é extensivo a loirinha sentada a nossa frente. Nós três colegas de trabalho. Mulher sabe ser escrota, deusdocéu.

Eu, inglesa, nada fiz. Aquele descaramento todo me paralisou. Quer dizer, quase nada fiz, que sangues ingleses também fervem. Demoram mais fervem: perguntei às gurias quem ia jantar o moço, assim cínica e sorridentemente. Foi feio, claro, mas na hora eu só pensei que se o visse ir embora com qualquer uma das duas, não ia conseguir disfarçar a inveja. Fiz o menos pior, acho.

Bem, a indelicadeza surtiu 1/2 efeito: a guria funkeira sossegou o rabo e a loirinha foi acometida por um sono incontrolável e quis ir embora. Todos pra casa. Ou não. De toda forma, o que não se sabe não dói.


ET.: como eu já disse, meus dias são salvos por detalhes. Como essa bizarrice toda que contei pode me gastar se recebo neste humilde rascunho a visita VIP³ de ninguém menos que Trevisan, ex Teatro Mágico????

Blogger Trevisan disse...
Poxa vi minha letra de sobra tanta falta no seu blog. que bacana ver que se identifica com meus sentimentos.
grande beijo
Trevisan

para ouvir a musicas:
www.mondo77.fm/otrevisan


12 agosto 2008

PEQUENAS EPIFANIAS

Confessei dia desses que meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável... (salve Caio Fodástico!) Sim, eu sou carente. Disfarço bem, mas sou podre de carente.

Dai que a vida - que sempre me soca com uma mão e ajuda a levantar com a outra - me trouxe mais uma dessas pessoas que vai passar ligeiro, (enton bora aproveitar que o tempo é HOJE!) e por isso a gente se joga num rasante kamikaze sem medo algum do futuro, apenasmente pq não vai haver futuro. Dai que a pedinte que vos escreve passou uns dias no melhor dos albergues: comida boa, roupa limpa e cama quentinha!!! hihihi

E agora, pensando no derradeiro breve e irretorquível, fico cá me perguntando se um dia merecerei algo maior que isso... mas é um pensamento. c-a-p-e-t-i-c-e. Não lhe dou muita importância e sigo, gratíssima à vida, (e à minha praticidade habitual!) numa alegria franciscana por ter alma pra viver essas miudezas e achar lindo como eu, de fato, acho.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome... Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

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Caio Fernando de Abreu, para O Estado de São Paulo em 22/4/1986

UPIDEITI: Epifania é o caralho! humpf

03 agosto 2008

SOBRE FRIDA KAHLO

[giga parênteses] Ando bem pobrinha por conta do meu desemprego. Pobrinha e com muito tempo ocioso, o que é ótemo. Dai que depois que aprendi a colar uma titica de legenda num filme nacional(!?), eu fiquei me achando a ninja da pirataria e parti pras minhas velharias estrangeiras: depois de baixar torrent, filme, legenda; depois de constatar o quão porcas podem ser as traduções, depois de descobrir que nem sempre legendas vem sincronizadinhas com o filme, depois de aprender a sincronizar e descobrir, putíssima, que tem gente que gosta de legendas sombreadas e fazer tudo de novo só pra cola-las, branquinhas, limpas como devem ser, depois de muitas perguntas a deus google, eu finalmente aprendi o processo todo. [/giga parênteses]

Enton, foi um parto, mas consegui. O primeiro torrent foi de "Frida", de Julie Taymor (2002), que essa mulher me persegue há meses. (há anos se for contar desde a 1ª vez que ouvi Adriana Calcanhoto falar sobre as suas cores...) É que Caio Fernando Abreu me instigou a curiosidade quando escreveu sobre. Como ele também tentei fugir, amedrontada pela feiura de seus quadros (ciente do sacrilégio, mas aquilo é bonito, gente?), pelo bigode indecente e o olhar que, parece-me, partiria qualquer um em dois. Eu tentei, mas gente que sobrevive a si mesmo exerce sobre mim um fascínio inexplicável.

Eu tenho as "Cartas Apaixonadas de Frida Kahlo", e por isso já sabia que ela é uma daquelas pessoas que Deus faz na sovinagem, uma-a-cada-vinte-anos, sabem? Mas claro, curiosa/masoquista do caralho, não me dei por satisfeita, praguejei contra a criatura que compilou aquele miserê de bilhetinhos, que não era crível que aquilo fosse o melhor a se publicar sobre essa mulher de chumbo, e parti pro filme torcendo pra que fosse fiel, razoavelmente bem produzido, e, sem querer pedir demais, imaginem, baseado em algum diário ou qualquer coisa que o valha.

Pois o que vi foi exatamente o que conclui ao fechar o livreco:
quanto mais triste mais bonito soa! A mulher sofreu tanto, mas tanto, que pra dar conta da vida só com aquele (bom) humor. Aliás, só pode ter sido dor o que a fez querer se consumar, ao invés de, bovinamente, se consumir. É um luxo não expor a própria desgraça à comoção pública. A inteireza, a valentia, a robustez dela vara os anos e deveria envergonhar a nós todos que vezenquando cedemos à capetice de uma pseudo resignação, vestindo de impossível o que é difícil e não temos coragem pra batalhar.

Fecho com o moço citado acima: sei que seja qual for a dimensão da minha própria dor, não será jamais maior que a dela. Por isso mesmo, eu a suportarei.

N.A.: Pra fazer justiça ao livreco, suas últimas pags. trazem o texto que Frida escreveu para o catálogo de uma exposição em homenagem a Diego Rivera, que é de chorar muito num cantinho! Que-amor-é-esse? Vejam o filme, leiam o texto e me contem se conseguem enxergar um décimo do que ela viu nele. Uma das ex mulheres de Rivera disse que seu jeito de olha-lo era esse: encontrar beleza em suas imperfeições (que não eram poucas, registre-se!)

Adivinhem? Agora eu quero "O Diário de Frida
Kahlo"!!! Já estou vendo que vai ser a mesma gastura pra encontra-lo como foi "O Cavaleiro da Esperança" (né, tri? rs). Aliás, encontra-lo num preço pagável, que já disse que ando pobre pobre de marré...