30 março 2008

Temporada Para Mísseis

Clarice estava de TPM qdo escreveu o texto abaixo, seguramente. E eu tb estava qdo o publiquei. rs A polianice habitual não me permitiria ser tão descalibrada assim, impunemente.

É amargo (sim, Alex! Um bocado amargo!) mas tudo verdade. Minhas verdades de ponta-da-língua amordaçadas pela pessoa meiga que sou o resto do mês. Subproduto do motim hormonal que me roubou de mim mesma (e dos outros, em certo sentido) por uns dias. O engraçado é que eu convivo com TPM´s alheias há anos e nunca tinha me dado conta da fúria da minha... como pode a criatura ser tão consciente de algumas coisas e absolutamente míope pra outras tantas?

A sensação que tenho é que tudo que sei se relativizou. Absoluta, parece-me, só minha curiosidade. tsc Isso de não enxergar verdades básicas sobre mim é estranho mas de maneira geral (e beeeeeeeem otimista) me mantém em movimento. E não há de ser tão mau assim ser uma pergunta ambulante...

Estou me acostumando comigo
Revendo a casa, os vizinhos e os vazamentos
E isso já não me assusta mais
Estou me acostumando contigo
Revendo palavras sem modismo, olhares antigos
Nas frases que você agora traz
Se volto pra mim pouso na terra
E é macio saber que isso não me assusta
Que já não me assusta
E me gusta voltar*
* Zelia Duncan

26 março 2008

DIES IRAE

(título alternativo: Hoje eu acordei meio totalitária!)

Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam.
Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece. E nem ao menos posso fazer o que uma menina semiparalítica fez em vingança: quebrar um jarro. Não sou semiparalítica. Embora alguma coisa em mim diga que somos semiparalíticos. E morre-se, sem ao menos uma explicação. E o pior - vive-se, sem ao menos uma explicação. E ter empregadas - chamemo-las de uma vez de criadas - é uma ofensa à humanidade. E ter a obrigação de ser o que se chama de apresentável me irrita. Por que não posso andar em trapos, como homens que às vezes vejo na rua com barba até o peito e uma bíblia na mão, esses deuses que fizeram da loucura um meio de entender? E por que, só porque eu escrevi, pensam que tenho que continuar a escrever? Avisei a meus filhos que amanheci em cólera, e que eles não ligassem. Mas eu quero ligar. Quereria fazer alguma coisa definitiva que rebentasse com o tendão tenso que sustenta meu coração.

E os que desistem? Conheço uma mulher que desistiu. E vive razoavelmente bem: o sistema que arranjou para viver é ocupar-se. Nenhuma ocupação lhe agrada. Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor estraçalhou-se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia. E criaram o Dia dos Analfabetos. Só li a manchete, recusei-me a ler o texto. Recuso-me a ler o texto do mundo, as manchetes já me deixam em cólera. E comemora-se muito. E guerreia-se o tempo todo. Todo um mundo de semiparalíticos. E espera-se inutilmente o milagre. E quem não espera o milagre está ainda pior, ainda mais jarros precisaria quebrar. E as igrejas estão cheias dos que temem a cólera de Deus. E dos que pedem a graça, que seria o contrário da cólera.
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Clarice Lispector em "Aprendendo a Viver"

N.A: sim pessoas, mais do mesmo... ando tão monotemática... hohoho

23 março 2008

Dai que eu descobri que tenho o coração quinen o da sininho: só cabe uma emoção por vez. rs

Há alguns meses meu mundo era um deserto no frio. Juntei os caquinhos com a discrição habitual e ninguém notou que eu nunca mais seria a mesma. Perdi kgs, cabelos, bom senso e o pouco que ainda restava da vergonha da cara. Ganhei mimos, livros, bons amigos, coisas boas e bizarras pra lembrar (e rachar o bicho de rir tb). Joguei muita coisa fora e a casa ficou beeeeeeem melhor assim. Senti ódio, ardi de vontade, morri de arrepedimento, não coube em mim de felicidade - que, definitivamente, pode ser simples como um aperto de mão. Fui ingênua, fui irresponsável, fui cachorra e fui mto "macho" pra não sucumbir ao medo. Tive a abençoada sensação de estar no lugar certo, na hora certa, fazendo exatamente o que era pra ser feito (e não foram poucas vezes). Me livrei da minha culpa de estimação. Acendi as luzes e (alguns) fantasmas sumiram. Deixei de ser católica e sigo cada dia mais apaixonada por Deus, pelas suas delicadezas do dia a dia, pela constância do Seu amor. Queimei as cartas que não mando e enviei tdas que escrevi. Madrinhei casamento e batizado. Vivi um conto de fadas de alguns dias e fechei um livro aberto há incontáveis anos. Curei e fui curada. Escrevi textos catárticos e dramalhões. Chorei num cantinho ouvindo "pra luzir o dia" e me perguntando se merecia a sorte de um amor tranquilo, desejando com todas as fibras do corpo o meu próprio vilarejo. Aceitei que sou irremediavelmente preto no branco, mas descobri que entre um e outro, posso ser vários tons de cinza. Me viciei em veneno anti monotonia e agora - praticamente abstêmia hohoho - volto a questionar se essas coisas que queimam mas não aquecem podem realmente fazer algum bem real. Achei que estava apaixonada. Até ontem. rs Adorei a novidade e parece-me que vivi tdas as coisas (chatas) inerentes a esse estado de semi demência. Desafortunadamente não durou tempo suficiente pra eu sentir as tais borboletas no estômago, os sininhos tocando e aquilo tudo que há de justificar tanta leseira numa mesma alma.

Mas eu perdi o foco. Queria escrever sobre uma epifania que acabei de ter: estava eu deliciosamente esparramada sobre meu puf, quando pulam na minha frente palavras assim, over pertinentes, para a pessoa que vos escreve duplamente sofrida: frustração e indignação (vide texto mulherzinha abaixo) Gentem, fez-se luz nas minhas trevas! Eu li que a vida sempre acena com trocentas possibilidades, despertando apetite onde havia pouco ou nenhum. Dai que a gente volta e meia (acha que) opta por algo apenasmente por acontecer daquilo estar diante dos olhos. Não necessariamente queremos ou precisamos, mas se torna mais atraente a medida que olhamos. E de atraente pra irresistível só depende do quão carente a gente esteja... mas qual a grande sacada? Antes de sair pinçando as coisas como num self service, o acertado seria se perguntar: Isso ai vai me saciar? O que quero realmente comer?*

E foi assim que constatei que esse surto que me acometeceu não era paixão. Era olho grande só. tsc tsc tsc

Tá bom que eu posso - mais uma vez - estar buscando um paliativo pra minha frustração, como o conceito anestésico de Clarice Lispector para o "quase", lembram? Mas enfim... é isso. Essa criatura não pode me saciar. E embora seja uma delicinha, eu preciso msm é de reeducação alimentar.
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* citação livre. Clarissa Pinkola, em "Mulheres que Correm com os Lobos"

16 março 2008

- Entendeu? É bem simples. E medonho, porque não pára nunca de acontecer. A mão que daqui a pouco ia estar cheia - pronto - está vazia de novo!
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Caio Fernando Abreu

Dani quem disse, mas podia ter sido eu: no dia que as coisas que funcionam pra todo mundo funcionarem pra mim tb é pq Jesus tá voltando!

Juro que fiz tudo direitinho. Esgotei as possibilidades, aliás, como (quase) sempre faço.

Depois de negar, ignorar e tentar sufocar, virei gente assim, da noite pro dia: separei a pessoa do problema; fui assertiva; dobrei meu orgulho - e minha língua tb; liguei qdo quis ligar; disse exatamente o que tive vontade de dizer; tratei como gostaria de ser tratada... e não deu certo.

Dai que fora a frustração, é game over. Sem choro nem vela. Sem essa pilha de "onde foi que eu errei?" pq dessa vez eu não errei. Obedeci cega - e corajosamente, registre-se - tanto a cabeça qto o coração. Padeci de tda a ansiedade inerente ao não-fazer-a-mais-vaga-idéia-de-onde-essa-porra-ia-parar, me senti viva e no exato lugar onde deveria estar, fazendo exatamente o que era pra ser feito.

Pq não funciona é que não sei. Melhor, sei sim: pq pessoas não são processos, que a gente quebra a cabeça pra otimizar tsc Pq apenasmente por serem pessoas, as vezes contrariam as leis da física e NÃO reagem com a mesma intensidade e em sentido contrário hohoho

Não funciona pq não, simples assim. Pq não era pra ser, pq há uma janela sendo aberta em algum lugar, pq é o que de melhor podia acontecer e tdas essas coisas pavorosas que a gente diz qdo não há mais nada a se fazer.

É oficial: voltei à CNTP, pessoas. Good morning, neverland!

09 março 2008

AO MEU RELICÁRIO...

Mas enton era por isso que passou tanto tempo esperando? Jura que agora está satisfeito? Esse turbilhão de sentimentos confusos ( e arrebatadores tsc!) te faz mais vivo?

Bem, manda a verdade que se diga que nunca me arrependo por seguir tuas intuições mas de maneira geral sempre concordamos que bom senso não faz mal algum, não é? E que é que te acontece desta vez, querido coração, pra agir tão levianamente?

Sabemos - e há tempos - que sobra muita falta pra nós dois. Mas seja razoável! Eu passo uma vida inteira te preservando do meu talento pra más escolhas, me esforçando pra te fazer bater num ritmo saudável, transferindo à huguinho, zezinho e luizinho todas as decisões potencialmente perturbadoras à paz da nossa alma pra nessa altura tu resolver mudar o modus operandi da coisa?? Não está funcionando a contento? (não, não responda... rs)

Tá bom, meu modus operandi não é tãããããão legal assim. É seguro, mas é chatinho. Uma das faltas que mais sobram é justamente isso, uns momentos "descontrol" de vez em quando. Mas querido, AS VEZES, um-surto-por-semestre, que tal? Não estou acostumada com tudo fora dos trilhos assim. Me entenda... me entenda e me ensine - já que isso é importante pra ti - a não ter esse medo infantil das coisas que não estão ao alcande das minhas (duas!) mãos.

Não te assusta constatar que não há possibilidade de sairmos ilesos dessa(s)? Não está convencido de que juntar tudo que precisamos numa coisa só é lindo, mas apenasmente poesia? E poesia não paga minha terapia. rs Olhe, ando fazendo coisas que certamente te inflam de orgulho, mas me sinto uma idiota por te deixar perder tempo e sono c/ seres tão fadados ao fracasso.

Pronto, falei.

E que conste nos autos: não vai prestar! Mas vá, divirta-se. Continue batendo a 150 km/h e me fulmine c/ um enfarte, seu mau agradecido!

N.A.: a idéia de escrever ao próprio coração é de Lizzie, que fez isso divinamente dia desses e me instigou.

04 março 2008

DAS UTOPIAS DO MEU QUERER...

Se tudo que eu preciso se parece,
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?


Quando juntarmos você comigo...
Cordão umbilical e umbigo
A gente vai ser só um
E até lá eu não vou caminhar mais sozinho
O distante será meu vizinho
E o tempo será
A hora que eu quiser!!! *
* Fernando Anitelli - O Teatro Mágico


aff... que acontece comigo, jesuis?
(sim guria, mais acessos de mulherzice!)