24 novembro 2008

TÚNEL DO TEMPO

Regras:
- Colocar o link de quem chamou para brincar.
- Escrever um texto sobre lembranças da infância.

- Postar o selo do meme dentro do artigo.
- Se possível, postar uma foto de quando era criança ou adolescente.
- Chamar cinco amigos para brincar com você.



Para ler ao som de "Bola de Meia, Bola de Gude" do Milton Nascimento

minha mãe que me ensinou a rezar: Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade Divina, sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine. Amém.

meu pai que me ensinou a cantar: Ô coisinha tão bonitinha do pai/Você vale ouro, todo o meu tesouro/Tão formosa da cabeça aos pés/Vou lhe amando, lhe adorando/Digo mais uma vez, agradeço à Deus, por que lhe fez.

... mamonas, estilingues, eu e o Du, cada um pendurado na sua amendoeira: gueeeeerra!!!; a bicicleta vermelha da Débora; o "poção" (hj devidamente aterrado, com um bairro inteiro em cima); descer morro abaixo sentada num papelão; café com alcool depois do banho de chuva; a padaria abandonada e a erisipela do vô Chiquinho; perturbar as galinhas do seu Santana; ser a única menina numa horda de primos mais novos; visitar o que as águas de março não levaram da casa do vô Inácio; Alexandre e seu estrabismo inexplicável (ele ficava mais vesgo se passasse muito tempo sem óculos); a caixa de fotos impagáveis da tia Thereza; o bandolim do seu Adalto e o violão do tio Pedroza; a casa de Ana Valadares, que não teve filhos mas é madrinha de 3 gerações da família Cordeiro dos Reis; vó Cecília que morreu de amor; o assobio e as batidas na porta exclusivas do meu pai; a estante cheia de livros - que eu cobiçava desavergonhadamente - da Caroline; as plantas intocáveis da vó Conceição; comer os docinhos macumbados que apareciam embaixo do coqueiro da tia Elza; o véu de mistérios que envolvia tudo sobre tia Tânia (hj o mistério tem nome: esquizofrenia!); a chácara do Russo e o terror de minha mãe ao me ver pisando, descalça e feliz da vida, aquele lamaçal; tia Lourdes cantando Let It Be; os lambaris fritos do seu Carlinhos e os bolinhos de chuva da Eliane; o guarda roupa fedendo Trés Marchand e os LP´s "favor não tocar" do tio Zé Antônio; o banco traseiro do fusquinha amarelo, que deslizava pq meu pai passava silicone liquido nele; o 'cortiço' onde vivia o tio Sérgio; as verdades inconfessas e as mentiras-de-mãe sobre o Tra-lá-lá...

(detalhes: bota ortopédica que usei anos a fio e que não endireitou as minhas pernas, cabelos ruivos e alto grau de fotofobia!)

Ai que delícia lembrar dessas coisas!!! E ainda bem que o meu moleque sempre vem me dar a mão!!!

Bem, eu vi a vaquilda brincando e vim brincar tb... fiquem a vontade, sim?

15 novembro 2008

O RETORNO DE SATURNO

Nada mais fácil de constatar em nossa vida do que os ciclos. Toda a nossa compreensão mental do mundo depende dos ciclos, já que são eles que nos fornecem os meios para aprender, crescer, amadurecer e compreender com o fenômeno da repetição. A Astrologia ensina que o deslocamento dos planetas em sua própria órbita causa efeitos que se repetem ciclicamente. Assim, quando um planeta forma um aspecto em relação à posição que ele ocupava no momento de nosso nascimento, ele está simplesmente indicando de que forma essa energia se tornará atuante em nossa vida, terminando um ciclo e iniciando outro. O mais rápido é o da Lua, que demora apenas um mês, e o mais lento é o de Saturno, que demora 29-30 anos para dar uma volta completa.

Saturno é como um relógio. Na mitologia grega é Cronos, o tempo. É o regente da responsabilidade, da autoridade e do pai. Marca nosso amadurecimento, o envelhecimento e o reconhecimento. Promove uma consciência da limitação existente no indivíduo em pontos específicos pressionando-o a trabalhar especificamente sobre esses pontos de modo que essa limitação possa ser integrada e contribuir para a sua realização plena. É uma espécie de mestre de artes, agudo, incisivo, provocador, responsável pela desagregação de todas as estruturas limitantes do potencial humano.

Entre os 21 anos e os 29 anos e meio, a pessoa tende a desenvolver seu potencial de independência, buscando conquistar seu próprio espaço, estabelecendo uma identidade própria. Mas, se aos 29 anos a pessoa não consegue alcançar as metas estabelecidas, então começa a primeira grande crise, o primeiro ‘retorno de Saturno’: o que você andou fazendo até agora? Estudou? Se formou? Está empregado? Conseguiu constituir uma família? Já tem um filho? Já comprou casa? Já?... Já?... Já?.... Neste momento de nossa vida é imperioso estabelecer nova relação consigo mesmo, assumindo um novo ciclo dentro de sua existência. É a hora de fazermos importantes escolhas, passando a agir com mais consciência e de acordo com nossa essência. Não há retorno possível dentro do ciclo, não se anda para trás.
fonte: deus google, que tudo sabe e tudo vê.

Bem, eu não acredito nadinha em astrologia, mas sou obrigada a reconhecer que a coisa procede. Não pode ser apenasmente uma fatalidade cósmica todo mundo surtar um cadim por volta dessa idade. É diferente dos surtos da aborrecência; (embora a gente se sinta regredindo, vergonhosa e incontrolavelmente a ela.) é diferente dos surtos femininos habituais; é diferente da eterna inconstância masculina e é diferente do Ciclo Seco de Caio Fodástico Abreu. Dói mais fundo, tão fundo que nem dá pra identificar exatamente onde. tsc

Dai que eu acho que meu retorno de Saturno aconteceu meio an retard, como quase tudo de importante na minha vida. O que deve merecer registro e especulações, já que deus google me contou que Saturno tem micro ciclos de aproximadamente 7 anos, igualmente coincidentes com fases nevrálgicas pro desenvolvimento de qualquer ser - idade escolar e adolescência - as quais eu entrei an avant e sai aparentemente mais ilesa do que as minhas coleguinhas...

A verdade é que não sei precisar o início desse ciclo desgraçado (deus google tb me contou que tem gente que diz que é uma verdadeira descida aos infernos!) já que crise é uma constante na minha vidinha. O que eu sei e tenho até um certo orgulho de constatar, é que embora eu não tenha feito nem metade do que se espera que uma mulher na minha idade tenha feito, nem tudo é escombro e desolação:

  • Hoje em dia eu bebo (e como hihihi) o que eu quero e não o que tiver pra beber (/comer);
  • Lamento bem menos o que podia ter sido e não foi;
  • Escolher continua sendo um parto, mas os erros já não tem mais a importância esmagadora que eu dava;
  • Diminui severamente a distância segura que sempre mantive em relação a tudo que não tenho controle;
  • Tosei os cabelos como sempre quis, alheia aos reclames do padrão vigente de feminilidade;
  • Me convenci que trabalhar é o corresponde adulto pra estudar: e segue como um mal necessário;
  • Me conformei que não posso tudo, que não aguento todos os trancos, e que deve ser até que bom seja assim.
  • Antes de fazer uma merda eu me perguntava 'o que tenho a ganhar?'. Hj eu me pergunto 'o que tenho a perder?'
Oras, não podia ser tão catastrófico assim, né?

08 novembro 2008

SOBRE O AMOR DA MINHA VIDA

Para ler ao som de "Como Dizia o Poeta", do Toquinho

Eu encontrei. Quem diria? Logo eu, tão descrente dessas coisas do coração...

Poizé, encontrei. Tem nome, é de carne e osso, cheiro e toque. Não sei se devia acreditar, e as vezes eu desacredito total, mas me ama também. Agora só falta encontrar alguém com quem eu possa viver.

É que o amor da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira, se entenda e se goste há todo esse tempo. Não basta essa gastura em que a gente vive, os surtos de não-vou-mais-te-ver que eu tenho e a teimosia de esperar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele mova céus e terras pra me ver e que depois eu fique aki, com vontade de que volte logo e pra sempre. Não importa que eu esqueça até o meu nome depois, que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não é suficiente que haja amor para se viver um amor.

Eu e ele somos o sol e a lua daquele .pps velhíssimo que tenho certeza que vc já recebeu pelo menos 2 vezes. Seus mistérios me instigam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo mundo plácido e descomplicado que ele habita, e ele vive intrigado pelo que supõe inalcançável em mim, mas quando enfim eu digo "venha", (sim, ele traz a lenha e só sobram cinzas no final hohoho) ele entende "vá". Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho enquanto ele explica que eu também não entendi nada. Discordamos sobre alguns conceitos - particularmente o de fecilidade - sobre o que fazer com o dinheiro, sobre como criar filhas aborrecentes, sobre nossos limites e sobre o que queremos um do outro e um para o outro... O desacerto é imenso, impossível abstrair.

Dai que inspirada pela autora desse texto que estou mutilando sem dó, fui ver A Ópera do Malandro. E Chico Buarque, perfeito como sempre, trouxe um pouco de lucidez a essa alma meio abobada pela novidade que é estar apaixonada:

O amor jamais foi um sonho,
O amor, eu bem sei, já provei,
É um veneno medonho.
É por isso que se há de entender que o amor não é ócio,
E compreender que o amor não é um vício,
O amor é sacrifício,
O amor é sacerdócio.

Nosso amor é sacerdócio. Supõe privações pelas quais não estou disposta a passar. Vai me exigir cedo ou tarde renúncias que não serei capaz sequer de considerar. Vai ter qualquer coisa de devocional pra sempre. Talvez eu até lhe compre um relicário, que seria bem merecido. Mas só. Já deu.

Iluminada por Chico, corajosa como uma mulher bomba, decidi que não quero mais o amor da minha vida ocupando o lugar de amor da minha vida. E venho publicamente pedir que libere a vaga:

- É com você mesmo que estou falando, você aí, que se instalou feito um posseiro dentro do meu coração, fazfavô de caçar um rumo! Xô.

Há de haver um homem possível, me esperando em algum lugar nesse mundo. Um homem que fale a minha língua e traduza meus silêncios. Que mais do que me querer, possa cuidar de mim. As qualidades podem até variar, mas aos eventuais interessados já vou avisando que existe um defeito que considero imprescindível: inconformismo. O próximo amor da minha vida não pode nunca se acomodar com o que incomoda. É um pecado, mas o que está dando ponto final à nossa história é essa maldita mania de viver no outono. Tá ruim mas tá bom, sabem como? Que derrota...

N.A.: a base do texto é de Maitê Proença. Fui retocando aki e ali pra
minha história caber justinha.