30 abril 2010

LEGION

Foi o filme que salvou meu domingo. (Pra ser mais precisa, uma mísera frase nos salvou - a mim e ao domingo - do desperdício total)

Legion é confuso. Não entendi direito o que o diretor quis com aquilo: começamos com um São Miguel Arcanjo caído do céu pq se negou a obedecer as ordens de Deus de acabar com a humanidade (hã?) Poizé, o Todo Poderoso desistiu da raça humana e enviou sua legião de anjos para dizimir o mundo.

Só que Miguel ainda acredita nos homens e veio à terra (cortou suas asas com uma faca  do rambo!) para nos defender... a continuação da raça humana dependia - não ficou muito claro pq - do nascimento de uma criança, bb sem pai, gerado sem querer, por uma garçonete que trabalha a beira de uma estrada no meio do nada. A garçonete tem um fã, um homem bonzinho que ao longo dos anos vem limpando as merdas que ela faz, com a fidelidade de um cão. Obviamente, a garçonete não lhe dá o devido valor.

A coisa começa a ficar mais non sense pq a legião de anjos de Deus se apodera dos corpos dos homens (eles ficam com aspecto de zumbis mas são agéis e fortes como demônios. Só que eles morrem facinho) e todos vão atentar contra a vida da criança. Num dos vários combates, um São Gabriel right tech desce do céu pra lutar contra São Miguel. No meio dessa confusão é que sai a frase que gostei.

"vc está dando o que ele quer. Eu vou dar o que ele precisa" hum...

Que há de haver uma distinção clara entre querer e precisar creio que ninguém discuta. (embora na prática a gente se confunda muitas vezes) O mundo ainda não acabou pq pelo menos Deus tem esse senso de prioridade bem apurado. Ele tem que ter. Pq o nosso senso é nada confiável.

A danação do homem é precisamente querer o que não precisa, mover mundos para conseguir e morrer de tédio quando tem a coisa nas mãos. Dai querer outra coisa, e seguir querendo e querendo sem saber o que realmente precisa. Do jeito que falo parece que é tudo muito óbvio, mas gastei 2 anos de terapia para começar a prestar atenção no que preciso. (e gastarei uma vida inteira pra me livrar dos enroscos decorrentes de querer tudo-ao-mesmo-tempo-agora! hohoho)

Não é tarefa fácil, asseguro. Já constatei que preciso de bem menos do que a maioria de mulheres ao meu redor. Mas é aquilo: "menos é mais", de modo que mesmo pouco fica complicado alcançar pq normalmente o que eu preciso esbarra no que vc está disposto a dar.

Não é uma merda? Como eu vou saber até onde são legítimas as minhas precisâncias?

Se eu preciso, é legítimo e vc não quer dar, com quem eu reclamo? (de maneira geral, eu vou ali no cantinho, sento e choro, depois faço uma piada amarela e sigo... ♬ e ninguém aqui vai notar que eu jamais serei a mesma ♬)

Querências a gente troca uma por outra com relativa facilidade... já as precisâncias são (ainda!) mais complicadas. E pra piorar, parece-me que algumas delas vem com defeito de fábrica: pra ficar num exemplo só, eu preciso de inteireza. De gente estando no que faz, sendo, sentindo e falando com alguma honestidade e sem querer pedir demais, imaginem, prestando atenção no impacto que isso causa nos outros. 

Pq eu preciso disso é um mistério, não escolhi, juro que não. É utópico esperar isso das pessoas (embora a vida nos surpreenda as vezes!) e é hipócrita de minha parte dizer que preciso de algo que nem eu mesma estou disposta a dar sempre. (vivo me cansando de ser eu mesma!)

Que mundo preciso habitar, hein? tsc

13 abril 2010

SOLIDÃO AMIGA DO PEITO

Dizem que o diabo mora nos detalhes... M-e-n-t-i-r-a!

Deus mora nos detalhes. O diabo mora é no vazio:

Não naquele vazio que Drummond achou que era falta, ausência. Felizmente ele descobriu a tempo de nos ensinar que esse tipo de vazio é apenas um "estar em si".

Não naquele que Nietzsche tomou por companheiro.

Não naquele fundamental, transcendente e quase terapêutico que faz a gente se perguntar se Sartre não estaria certo quando disse que o inferno é o outro...

A casa do diabo é aquele vazio que ocupa todo o espaço que a gente dá e ainda nos toma o restinho que sobrou, o que a gente não daria, se pudesse. É o vácuo que responde pelo nome que chamarmos e que se alimenta basicamente do que a gente pensa que é bom, abstraindo o fato de que a vida real quase nunca é tão boa quanto a imaginação. 

As vezes estar junto é - diabolicamente - uma forma de solidão. Não é um bom álibi se esconder de si mesmo no outro!?! Eu costumava dizer sem um pingo de vergonha que tive sorte por encontrar bons refúgios: pessoas que me ajudavam a esquecer de que estava me escondendo... pode até haver troca mas isso não é comunhão e só por isso não pode dar bons frutos! 

Agora entendo melhor o que se passa e comigo, perto de mim e sempre tão longe de tudo...

* inspirado numa crônica de Rubens Alves, em "Um Mundo Num Grão de Areia"


02 abril 2010

PQ TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS


E é precisamente por isso que não vou sequer escrever a que eu tenho em mente... corro o seríssimo risco de enviar. rs

Dia desses fui a um show do Vander Lee e voltei pra casa levemente irritada por ter me permitido vaguear sem resistência alguma pelas melhores lembranças que tenho de um certo mocinho a quem eu já deveria ter dado tchau há meses.

(Juro que já tentei. Várias vezes. Quase que a cada semana invento uma nova-resolução-para-exorcizar-esse-ser mas deve me faltar força de vontade, pq até agora todas falharam. A resolução desta semana é parar de fazer comentários amargos. Já que não consigo me livrar dele, vou tentar me livrar do vício de falar dele, entendem? 

Mas voltando: foi mais um daqueles shows que eu adoro: assisti sentadinha, platéia civilizada, só voz e violão. Delícia. A pretensa carta foi se escrevendo praticamente sozinha, entre um verso mais dolorido e outro que diz o que eu diria, se tivesse talento... antes do bis eu já tinha tudo mentalmente rascunhado e fiquei pasma com o nível de pieguice da coisa. E mais pasma ainda pq até agora estou achando tudo perfeitamente razoável de se dizer.

Bem, perfeitamente razoável não. Nem tudo que é verdadeiro é razoável. Pode ser verdadeiro mas NÃO PODE ser razoável assinar nada que contenha "todo atalho finda em seu sorriso". Não nessa situação, caraleos!

Morro de saudade e a culpa é dele. Assumo.

Ando meio louca por ainda querer esse homem. Assumo.

Tudo que faço só tem me servido para lembrar ainda mais o que quero esquecer. Assumo.

Mas jesuiscristo, pq não basta assumir só pra mim? Quem mais precisa dessa confissão? Já é suficientemente patético a gente pensar essas coisas! Escrever dá forma aos sentimentos! (e nesse caso em que a reciprocidade acena de beeeem longe, eles são como balões infláveis: lindos e inúteis)

N.A: ah pessoas, que seria de mim se não fosse esse rascunho? Já perdi 97% da vontade de dizer qualquer coisa a esse mocinho duzinfernu... agora só estou me sentindo meio besta, mas isso não é nenhuma novidade pra vcs...