31 janeiro 2011

REPUBLICANDO...

... por conta do livro que estou relendo e da terapia que retomei:

QUANDO NIETZSCHE CHOROU

Pauta reincidente na terapia. Diliça ouvir terapeuta impune e sorridentemente dizer que sou "meio Nietzsche"...

- aff, enton tu me acha tão cabeça dura assim?
- vc é brilhante, querida. Quando cuida dos outros.

Taquipariu. E a gente ainda paga pra ouvir isso!

O livro agride, tá? Agride pq eu sou um cadim de cada um das personagens. Sou o cabeça dura do Nietzsche e sou o Breuher a beira de um surto. Sou o Freud que desconfia de motivações apenasmente conscientes. Sou Lou Salomé no seu absoluto domínio de si e Bertha em sobrevida lunática.

Como Nietzsche, também acho que os medos não brotam das trevas... eles são como estrelas, estão sempre ali, obscurecidos pelo clarão do dia;

Como Lou Salomé, também espero o dia feliz em que nem o homem nem a mulher sejam tiranizados pelas fraquezas mútuas;

Como Breuer, também acredito que todos precisam amar uma alma rica e ousada pelo menos uma vez na vida;

Como Freud, também acho difícil analisar a própria psique, o que seria obviamente facilitado por um guia objetivo e informado;

Como Bertha, não consigo falar meu próprio idioma.

Como pode caber tanta gente numa mesma pessoa? E eu, o que sou no meio disso tudo? Até quando eu vou ser assim, cheia de perguntas inúteis?

Pra vcs algumas pérolas que ainda vão me tirar continuam a me tirar o sono:

"... Desespero é o preço pago pela autoconsciência..."

"Nossa responsabilidade para com a vida é criar o superior e não reproduzir o inferior"

"Qto mais fértil o solo, mais imperdoável é o fracasso em cultiva-lo"

"Talvez viver de maneira segura seja perigoso. Nosso maior desafio é viver a despeito desse fardo."

É frustrante perceber que meus dilemas só mudam de roupa, viu?

20 janeiro 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA...

CONVITE

Vamos, meu amor

nos encontrar às escondidas dos nossos inimigos?

Vamos, vamos, meu amigo

nenhum deles saberá!

Vamos, de um jeito sagaz, armar,

de modo que o rancor não encontre coleguinha,

ressonância, par?

Vamos nos articular, pianinho,

de modo que o orgulho, esse “ervo daninho”,

de sinta sozinho e sem lugar?

Vamos combinar de nos encontrar tão gostoso,

de modo que o garboso, bobo, inútil orgulho,

aquele que sempre superior se sente,

se veja ali, sem ambiente?

Vamos, meu amor,

O amor arapucar,

de modo que a mesquinharia sinta logo que errou de ponto,

que falhou de lugar?

Vamos, meu amor, meu cúmplice,

nos organizar,

Para que a gosma do ressentimento perceba logo

que se enganou de bar?

Vamos logo, amor,

Para um bom lugar, onde a razão conceda ao perdão

o poder do sol,

que é de iluminar?

Sem aqueles demais, só com nós dois,

e em paz,

vamor rir,

rir de amor,

de puro amor,

vamos rir de chorar?

Vamo, amor?

Elisa Lucinda em " A Fúria da Beleza"