30 dezembro 2009

ABECEDÁRIO 2009

Amor próprio. E com direito a tatuagem.

Bom senso descalibrado. Por conta dele me meti numa (outra) história novelesca.
 
Cristiano. Um marco, divisor de águas mesmo. Me fez evoluir em questão de semanas de "mentiras sinceras me interessam" para "ou tudo ou nunca mais"
 
Deus. Cada dia menos sensível, mas indubitavelmente UNIpresente. 
 
Emprego. O mal necessário dos adultos, que vem pagando minhas contas e me convencendo que sou uma excelente profissional.

Filmes. Muitos. Sozinha e (bem!) acompanhada.
 
Gratidão. Por tudo e todos que me ajudaram a me tornar quem sou.

Honestidade. Sigo pagando muito muito caro, mas enfim...
 
Isabel Allende. Que me deu um sobrenome e me instigou a conhecer o Chile.
 
Jaculatória. Nesse último mês repeti uma a exaustão. Sem nenhum resultado ainda.
 
Lara Nowack, a médica que extraiu meus miomas e me devolveu um ciclo menstrual civilizado.
 
Mulherzice. In-su-por-tá-vel tsc
 
Noites pares. Poucas entre algumas impares e várias insones.
 
Obsessão. Tudo indica que troquei uma por outra. tsc
 
Prateleiras de Itatiaia. Lindas!!! Valeu, Gab!
 
Quilos. 6 a mais que me obrigaram a comprar calças jeans, pq TODAS as minhas estão atochadas.

Restauração. Processo leeeento e delicado que me fez apreciar a beleza das minhas ruínas.
 
superego senil \o/
 
Tecla F. Várias vezes no ano. Arrependimento zero! Recomendo!

Ulisses, d´O Livro dos Prazeres de Lady Lispector.
 
velório para bom defunto. Com carpideira e tudo!
 
xiliques. Depois de uma vida engolindo sapos com inglesa resignação, me permiti alguns momentos descontrol
 
zicas inexplicáveis: no meu cartão de crédito, no relógio de ponto da empresa, no meu celular que morreu como um passarinho, no mp3 do celular novo que simplesmente pára de tocar quando quer...

14 dezembro 2009

PROMOÇÃO RENOVE SUA ESTANTE

Olá vc, leitor amigo que chegou aqui direcionado por deus google!

vc que não deixa e-mail no perfil do orkut e que, portanto, não recebeu meu pedido no inbox;

vc que sabe o quanto eu gosto de ler e que não fará nada nos próximos 2 minutos:

... eu poderia estar roubando (ou gastando os tubos em livrarias virtuais), mas hoje estou aqui, humildemente, atrapalhando a viagem de vcs, pra pedir que se cadastrem no Scroob e me ajudem a ganhar 10 livros (10, pessoas!!!).
 
Funciona assim:
- vcs clicam no link abaixo,
- informam nome, e-mail, sexo e estado onde moram,
- escolhem os livros que gostariam de ganhar (ou não escolhem nada, basta o cadastro pra me ajudar!)
- ganham seu próprio link pra esmolarem a ajuda dos amigos e...
 
... teremos até 27/12 pra contar com a caridade da galera!!!!
 
São três formas de ganhar:

1 - O usuário que conseguir mais cadastrados com o seu link, até o fim da promoção, ganhará os 10 livros.

2 - Ter um dos seus cupons sorteado, (toda vez que um usuário se cadastrar através do seu link da promoção, você ganhará um cupom para o sorteio)

3 - Se a pessoa sorteada tiver efetuado o cadastro através do seu link da promoção, você também ganha.
 
 
E então, me ajudam?
 
Percam apenas 1 minutinho e façam uma criança feliz neste natal!!! hein?
 
Brigadim,

06 dezembro 2009

SIMPLESMENTE EU...


Sábado fui ver o espetáculo que Beth Goulart montou costurando a biografia, a obra e entrevistas de lady Lispector (Mô, é imperdível!)


Clarice é muito pessoal em seus escritos e todos os seus personagens tem algo de si mesma. Acho que Joana de “Perto do coração selvagem” talvez seja a mais parecida com sua essência criativa e indomável. Ana do conto “Amor” é a dona de casa e mãe dedicada que Clarice certamente foi. Lori de “Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres” vive em cena as descobertas do amor e A Mulher do conto “Perdoando Deus” é uma bem humorada auto-critica."
Beth Goulart


Sai do teatro achando uma verdadeira maldição pensar tanto. rs



02 dezembro 2009

MAIS UMA VEZ...


Eu ainda me espanto com minha infinita capacidade para a nostalgia: ontem em mais um show de Roberto salve salve Frejat (que assisti sentadinha e praticamente de graça!) pude rever TODO o meu histórico afetivo! Desde aquelas desimportâncias que dão até vergonha de assumir até Big Ghost, que vezenquando ainda me assombra. Sorri, em paz com as fatalidades & bizarrices e lamentei, conformada, todos os fins patéticos. (particularmente esse último tsc)

Psicótica publicou seu inventário e quando li deu vontade de rascunhar também. O show foi só um incentivo. Bora conhecer os pontos altos (baixos?) de minha vidinha emocional mais ou menos: (entre um e outro, ou simultaneamente, aconteceram algumas irrelevâncias indignas de nota e também delicadezas que não cabem em algumas linhas)

Big Ghost era um amiguinho da escola. Esses que todas as meninas maiores beijam na hora do recreio. Eu beijei todas as vezes que pude, mas escondido hohoho Seguimos amiguinhos até o fim do que se chamava 2º Grau, amadurecendo aos tropeços como todos os aborrecentes. Esse amor platônico me garfou um tempo enorme: entrei e sai da faculdade, comecei e terminei um MBA e ele ainda estava lá, cada dia mais absurdo, intacto em sua inutilidade, entulhando meu coração e minha cabeça de vento. O fim foi tão trágico que me virou do avesso. Mas devo dizer que gosto bem mais de mim ao avesso.

Na seqüência, Litlle Ghost foi uma concessão, uma tentativa de ser uma pessoa normal, que se relaciona com gente de carne e osso. Era um amigo de loooonga data, éramos igualmente ariscos, egoístas e carentes. Acreditei que podia ser divertido já que ambos queríamos a mesma coisa: deitar num abraço frouxo pra descansar um pouco dos enguiços da vida (eu pretendia, enquanto isso, colar os quinhentos milhões de caquinhos em que me quebrei já que carinho faz bem a qualquer moribundo). Nessa época perdi o que restava da vergonha da cara, mas aprendi a prestar atenção nas minhas precisâncias. Descobri que meu limite entre amor próprio e civilidade não era muito nítido e espumei de ódio desnecessariamente até re-demarcar minhas terras. Acabou e eu não vi, e apenasmente por não ver insisti até estourar minha cota de tolerância-com-as-canhestrices-alheias desta vida. Hj em dia o evito de todas as formas educadas possíveis. Pretendo fazer isso pra sempre, mas me conheço e sei que em breve minha determinação vai perder a força, já que a raiva passou e sou até capaz de dizer que entendo o que (não) aconteceu.

Depois do final lamentável dessa fase ‘pq que a gente é assim?’, entrei numa outra: ‘mentiras sinceras me interessam’ e incorri em todos os erros possíveis. Só dois seres merecem registro: Gasparzinho, que já chega a ser um fantasma mas nem me assusta (a graça de nossa relação é a pilha de não-ditos e 'quases' que acumulamos) e Penadinho, que julgo ser a pessoa mais importante de todas que já passaram até o momento. 

Gasparzinho testa a minha capacidade de abstração, pois tem TUDO que não suporto num homem. Sinceramente não sei o que vi nele. Já Penadinho, para além da gravidade do delito, deu cor a alguns aspectos monocromáticos de minha vida, por assim dizer. Foi algo sem futuro e de sentimentos nada nobres, mas como viver é melhor que ser feliz, tratei de aproveitar o que tinha de bacana, esquecida do que sempre me disse sra minha vó, que quem semeia vento colhe tempestade. Acabou de um jeito tão mas tão patético que não senti nada, nem raiva. Sua falta só é registrada quando constato que ao final do expediente que não tenho mais trocentos e-mails pra apagar e nem ganho bônus semanais no celular. Creio que se a bina do orkut não me mostrasse as visitas, sequer me lembraria de sua existência, que nada mais é que uma fábula.

Mais recentemente, início e fim devidamente rascunhados, me aconteceu uma pequena epifania. Um anjo trouxe possibilidades reais da sorte de um amor tranqüilo, mas ironicamente foi um fantasma que pôs tudo a perder: uma posseira baiana que se aboletou com termo de posse e propriedade nas terras improdutivas do coração do mocinho ôh vida!

Frejat cantou Renato Russo, e me lembrou muito um outro fantasma, que mesmo com todas as prerrogativas de fantasma - inclusive atestado de óbito - nunca me assombrou: amei Eduardo desde a infância com paixão e sem desejo, e o vi partir cedo demais, ceifado pela desgraça do vício em cocaína:

♬ Mas é claro que o sol vai voltar amanhã! 
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem ...

Tem gente que está do mesmo lado que você mas deveria estar do lado de lá;
Tem gente que machuca os outros;
Tem gente que não sabe amar;
Tem gente enganando a gente. Veja nossa vida como está!
Mas eu sei que um dia a gente aprende...
Se você quiser alguém em quem confiar confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...♬


E não é isso? Vida segue, apesar de...

13 novembro 2009

PROVA DE AMOR?

Domingo passado eu vi 2 filmes: uma animação de massinha (Mary & Max. Tristinho que só, mas mesmo assim eu gostei) e My Sister's Keeper.

O segundo além de salvar o dia e ser mais um desses filmes "baseados nos meus achismos reais" ainda me ajudou a decidir que definitivamente não quero exorbitâncias para tentar me manter viva. Qdo chegar minha hora, me deixem, que eu sigo com os anjos. Pro caso d´eu ficar inconsciente: eu não quero vegetar. Desliguem os aparelhos sem choro nem velas, combinado? (Talinha, vc está oficialmente incumbida de lembrar minha família se for necessário!)

Pq isso agora? Bem, o filme é sobre a obstinação de uma mãe em prolongar a vida de sua filha que tem leucemia. Como transplante de medula era uma boa tentativa, ela engravidou de novo pro bb poder ser um doador. Dai que o bb cresceu e exigiu o direito de dispor sobre o seu próprio corpo (que durante 13 anos foi submetido à cirurgias e transfusões e estavam cogitando a doação de um rim!) Só conto até aqui. rs

Dai que já gastei muita massa cinzenta pensando que o homem inventou meios artificiais de sobre-vida para mais tarde pleitear na justiça o direito de executar uma sentença que a vida já tinha dado. Como diria Sinhá Baby, muito estlanho...

Não é de hoje que os homens brincam de ser Deus:

dos cientistas que anunciam clones (fakes ou não) aos traficantes que decidem quando e como alguém vai morrer; 

dos fundamentalistas de todas as religiões aos chefes de estado que fazem nos outros países o que é inconcebível dentro de suas fronteiras; 

dos pais que assistiram sua filha morrer pq estavam rezando pela sua cura aos que sacrificam esses mesmos filhos em rituais de magia negra...  

Vou dizer uma coisa e vai parecer que sou impressionável, mas bb´s de proveta são mesmo um avanço da medicina ou um capricho dos pais? Ou é a vaidade humana com roupagens de ciência, o pecado original contemporâneo?

Ainda não sei o que penso sobre eutanásia, mas me parece razoável questionar que tipo de vida tem as pessoas que dependem de uma máquina para respirar. Que direito teria eu de esgotar o dinheiro (e os nervos!) da minha família pra adiar por meses ou anos um final que é certo? Em que ponto lutar pela vida passa a ser contraditório, incongruente com a dignidade humana?

Outra: vai soar medieval, mas que direito tem uma mulher de engravidar para dispor da medula ossea da criança? Até então nunca tinha pensado nisso, mas as vezes por amor, a gente também precisa se conformar...

04 novembro 2009

O MITO DA MULHER TRISTE

A Revista Época dedicou 3 colunas ao assunto há alguns dias. Dai que eu tinha que dar o meu pitaco também:

Martha Mendonça levantou a lebre citando uma pesquisa que mostra um surpreendente e acentuado declínio da satisfação feminina nas últimas três décadas. Bem, achei 1500 pessoas americanas um espaço amostral no mínimo tendencioso. Mas acho também que a revolução sexual foi um tiro no pé e que o ônus da independência financeira não foi bem dimensionado. Como nossos negros alforriados do séc 19, as mulheres do séc 21 de um modo geral não sabem bem o que fazer com a liberdade que conquistaram.

Ivan Martins foi mais pragmático, pinçando os motivos e dividindo responsabilidades: parte dos problemas femininos se deve ao comportamento dos homens. Antigamente, eles ficavam no casamento, ainda que não ficassem necessariamente em casa... Agora os homens vão embora e frequentemente deixam às mulheres a tarefa de criar os filhos... Na cultura de “vamos ser felizes”, a obrigação essencial de cada um é com a própria felicidade. A noção de dever e de obrigação vai se esgarçando até não significar coisa nenhuma. Lealdade (sobretudo sexual e afetiva) é uma palavra anacrônica. Isso me parece razoável. 

O que não me parece NADA razoável é:

acreditar que um homem que larga mulher e filhos pequenos por alguém que mal conhece e por quem se diz perdidamente apaixonado pode ser confiável;

engravidar de homens que não querem/podem dar suporte emocional nem financeiro;

casar ou manter-se casada com homens egoístas/imaturos/desequilibrados...

Tá bom, estou sendo simplista, parcial e nada solidária à minha raça, mas quis ilustrar que a outra parte dos problemas femininos está justamente nas más escolhas que fazem. Meus exemplos me parecem uma maldição beeeem pior do que permanecer solteira. No dia que eu acordar totalitária de novo, sou bem capaz de dizer que se isso for um castigo deve ser merecido. hohoho

Ruth de Aquino, finalmente, pontuou o óbvio: mulher reclama mais!!! A mulher se expressa mais, na alegria ou na tristeza. O fato de ela se questionar mais não pode ser confundido com infelicidade. Bingo! Já até rascunhei alguma coisa nesse sentido: idealizar é uma prerrogativa nossa. É justamente por reclamar, por não se acomodar, por querer mais e melhor que saimos das cavernas. Nosso nato e eterno inconformismo dita o ritmo em que progride a humanidade. (bonito isso, hein?) 

(A essas alturas devo sublinhar que estou falando de Mulheres, maiúsculas. E não dessas coisas de plástico, porcelana, lágrimas ou sex appeal que nos vendem como referência de mulher moderna, ok?)

Encerro com exemplos da diferença básica entre mulheres e homens:

vários alemães dissidentes tentaram 15(!) vezes matar Adolf Hitler. Uma única judia dissidente, Irena Sendler, salvou de mais de 1500 crianças dos campos de concentração sem precisar de nenhuma conspiração militar;

Homens que se prostituem seguem vendendo seu corpo. Mulheres que se prostituem criaram uma confecção e uma grife, a "Daspu".

Homens com problemas psicológicos compram armas e disparam contra inocentes em cinemas e escolas. Mulheres com problemas psicológicos também criaram uma confecção e uma grife, a "Dasdoida".

Presidiários ociosos promovem rebeliões. Presidiárias ociosas promovem desfiles de moda e um dia de rainha para a vencedora.

Homens perdem o emprego e não querem mais pagar pensão. Mulheres perdem o emprego e vão vender roupa, avon, fazer unha, lavar, passar e faxinar... simplesmente se viram.

Estou generalizando, mas pegaram o espiríto da coisa? Mulheres de verdade fazem alguma mais útil com as insatisfações!!!!

 

02 novembro 2009

O BONEQUINHO (ainda não) VIU


título: Onde Andará Dulce Veiga?
gênero:Drama
duração: 01:45
ano de lançamento: 2007
site: www.dulceveiga.com.br
direção:Guilherme de Almeida Prado
produção: Assunção Hernandes
fotografia: Adrian Teijido
direção de arte: Luís Rossi
figurino: Fábio Namatame
sinopse: Dulce Veiga (Maitê Proença) é uma atriz e cantora que fez sucesso durante um curto período de tempo e que desapareceu misteriosamente. Caio (Eriberto Leão, um escritor que trabalha como jornalista de variedades, ao entrevistar a jovem cantora Márcia (Carolina Dickman) descobre que ela é filha de Dulce Veiga, de quem era fã. Caio publica uma crônica no jornal em que trabalha contando suas lembranças de Dulce Veiga, o que gera uma enorme repercussão. A esquecida cantora é relembrada e todos querem saber seu destino. Paralelamente o jornalista fica cada vez mais obcecado pela personalidade da filha de Dulce, que é uma bela garota com trejeitos de homem.

Neste fds o diretor, mui generosamente, disponibilizou para download numa comunidade do orkut. Quem achar mais fácil pode encontra-los também no meu scrapbook.

Baseado no livro homônimo (e auto biográfico!) de Caio Fernando Abreu, Onde Andará Dulce Veiga? é uma produção Brasil/Chile que provavelmente não encontraremos em DVD.

Segundo a crítica, existe uma Dulce Veiga em cada um de nós, mas não precisa tanto para despertar a curiosidade, precisa? Devo confessar que torci o nariz tanto pra Carolina Dieckman quanto para Eriberto Leão. Se eu gostar da interpretação deles, volto pra fazer o mea culpa.

Na opinião de Gerson Steves, "apesar de tudo é um bom filme. Como cinema, tem imagens que falam por si e que são impressionantemente belas, bem construídas e minuciosamente amarradas. Como crônica, desfila e comenta deliciosas referências do cotidiano, da arte e da política dos anos 80. Como arte, faz pensar e leva a uma experiência muito inquietante. Como entretenimento, diverte e cativa".

24 outubro 2009

ABAÇAIADA

Faz parte do show vc se sentir meio idiota depois de um (mais um!) mau entendido do coração. Idiota² se vc foi honesta, boazinha.

E como sempre há um filho de Deus pra chutar cachorro morto, mal despi meu xale de velha carpideira e precisei responder a um desses seres desalmados que não, eu não percebi nada. Acabou e eu não vi.

Pq foi assim que aconteceu. Acontecem - com frequência até - situações em que o lado "bunda" finge que não vê os sinais de desinteresse do lado "pé" mas em outras tantas o lado "bunda" não vê mesmo. Humano, perdoável e irritante. tsc No meu caso, não vi pq talvez estivesse ocupada demais com a novidade que foi algo inteiro & recíproco cair de paraquedas, absolutamente (in?)esperado. Talvez eu só seja menos esperta do que imagino... 

Enfim, dei essa volta toda pra dizer que Ronaldo não sabe, mas foi ele que me ensinou que a gente não precisa ter vergonha de embarcar em canoas furadas. (claro que isso só vale qdo a gente não vê MESMO o rombo no casco). Eu quase admiro esse lado kamikaze dele, que segue aberto ao novo que a vida trás apesar de. Ele se rasga, investe, acredita. Vive sem medinhos ou reservas tudo que talvez-de-repente-um-dia-quem-sabe-possa-vir-a-ser uma pequena epifania. Ronaldo não se economiza e quando eu crescer vou ser quinem ele. (mentira, vou nada. Ainda preciso treinar muito o desapego pra querer ser assim tão generosa!)

Pessoa desalmada também quis saber se eu não exagerei no texto (Bodas de Post It abaixo) e na expectativa. Na expectativa certamente mas no texto não. Pra mim é difícil mas fundamental transpor o sensível para o legível, o evento do ano merecia registro e merecia as melhores palavras apenasmente pq elas correspondiam aos meus melhores sentimentos.

Agora que o luto já acabou (e eu já posso ouvir Bruna Caram sem vontadinha de chorar rs) penso que todos os eventos desse quilate - a revelia de seus finais patéticos - merecem registros generosos e um relicário. Não pra incensar o ser que partiu, mas guardar o melhor que a gente foi capaz de entregar. A vida anda atrolhada de efemeridades, pequenezas. Homens e mulheres bóiam na superfície de suas precisâncias, incapazes de profundidade... dai que quando acontece algo que foge ao ordinário ao qual nos acostumamos, a gente tem, sim, que celebrar.

Nadar contra a corrente da avareza emocional não deveria parecer ingenuidade. humpf

E já que isso acabou virando uma carta-resposta, termino dizendo ao querido e desalmado leitor que perguntou: não, não pretendo regredir ao "mentiras sinceras me interessam". Mantenho-me, mais firme do que forte, no "ou tudo ou nunca mais"

N.A¹: "atrolhado" só existe no dicionário de Caio Fodástico
N.A²: "abaçaiado" é do repertório de Fernando Anitelli, d´O Teatro Mágico
N.A³: tá soando inconformismo envernizado, mas eu juro que não é. Ou é? hohoho

20 outubro 2009

NA TERRA DO CORAÇÃO

Nave, ninho, poço, mata, luz, abismo, plástico, metal, espinho, gota, pedra, lata... Passei o dia pensando — coração meu, meu coração. Pensei e pensei tanto que deixou de significar uma forma, um órgão, uma coisa. Ficou só som-cor, ação — repetido, invertido — ação, cor — sem sentido — couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava. Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos, viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi: 

Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado, à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Meu coração é o mendigo mais faminto da rua mais miserável.

Meu coração é um ideograma desenhado a tinta lavável em papel de seda onde caiu uma gota d’água. Olhado assim, de cima, pode ser Wu Wang, a Inocência. Mas tão manchado que talvez seja Ming 1, o Obscurecimento da Luz. Ou qualquer um, ou qualquer outro: indecifrável.

Meu coração não tem forma, apenas som. Um noturno de Chopin (será o número 3?) em que um Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.

Meu coração é um bordel gótico em cujos quartos prostituem-se ninfetas decaídas, cafetões sensuais, deusas lésbicas, anões tarados, michês baratos, centauros gays e virgens loucas de todos os sexos.

Meu coração é um traço seco. Vertical, pós-moderno, coloridíssimo de neon, gravado em fundo preto. Puro artifício, definitivo.

Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. A brisa sopra, saiu a primeira estrela. Há moças nas janelas, rapazes pela praça, tules violeta sobre os montes onde o sol se pôs. A lua cheia brotou do mar. Os apaixonados suspiram. E se apaixonam ainda mais.

Meu coração é um anjo de pedra com a asa quebrada.

Meu coração é um bar de uma única mesa, debruçado sobre a qual um único bêbado bebe um único copo de bourbon, contemplado por um único garçom. Ao fundo, Tom Waits geme um único verso arranhado. Rouco, louco.

Meu coração é um sorvete colorido de todas as cores, é saboroso de todos os sabores. Quem dele provar, será feliz para sempre.

Meu coração é uma sala inglesa com paredes cobertas por papel de florzinhas miúdas. Lareira acesa, poltronas fundas, macias, quadros com gramados verdes e casas pacíficas cobertas de hera. Sobre a renda branca da toalha de mesa, o chá repousa em porcelana da China. No livro aberto ao lado, alguém sublinhou um verso de Sylvia Plath: “I’m too purê for you or anyone”. Não há ninguém nessa sala de janelas fechadas.

Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.

Meu coração é um deserto nuclear varrido por ventos radiativos.

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Meu coração é o laboratório de um cientista louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos que sempre acabam por destruir tudo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.

Meu coração é uma velha carpideira portuguesa, coberta de preto, cantando um fado lento e cheia de gemidos — ai de mim! ai, ai de mim!

Meu coração é um poço de mel, no centro de um jardim encantado, alimentando beija-flores que, depois de prová-lo, transformam-se magicamente em cavalos brancos alados que voam para longe, em direção à estrela Vega. Levam junto quem me ama, me levam junto também.

Faquir involuntário, cascata de champanha, púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada, verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada, figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua, ruína, simulacro, varinha de incenso. Acesa, aceso — vasto, vivo: meu coração teu.

Caio Fodástico Abreu em "Pequenas Epifanias"

N.A: Desta vez publiquei na íntegra. Foi o jeito menos piegas que encontrei de contar a vcs que a coisa fofinha de posts atrás acabou. Já tem uns dias, mas sabem como é: velório, enterro, luto... a gente precisa de um tempo pra cumprir o ritual rs. 


15 outubro 2009

GOD ON TRIAL

Dai que mais uma vez minhas dúvidas viraram filme!

Eu sempre me perguntei pq Deus tolera as atrocidades que acontecem no mundo... minha resposta, rasa e cristã, é nada satisfatória: "pq dotou os homens de livre arbítrio". "Não pode interferir na sua liberdade". O que faz todo sentido enquanto houver liberdade. Mas e quando não há? God On Trial (2008) dá voz às minhas divagações.

Com a mesmíssima pretensão que me fez questionar pq Deus iria atiçar Joana D´arc a se meter numa guerra para coroar o homem que a mandou queimar viva, fico cá pensando se os judeus são mesmo o povo escolhido de Javeh... pq se Deus não falha, e se a Lei Mosaica selou entre eles uma aliança eterna, alguma coisa deve ter dado muiiiiito errada para que tenha havido o holocausto nas barbas do Sto Padre e com a conivência mundial. (teria o socorro divino sido em doses homeopáticas? Anne Frank, Irena Sendler, Karol Woitilla, Olga Benário e todos os anônimos que fizeram o que podiam: seriam gotas balsâmicas de humanidade nas chagas abertas de Israel??) 

Dando consistência à interrogação que me sonda há anos, recortes do texto de uma das personagens:

- Quantas estrelas vocês acham que há no universo?
- Há mil milhões de estrelas na nossa galáxia, só na nossa galáxia. E Deus fez todas aquelas estrelas. Ele fez mil milhões de estrelas unicamente na nossa galáxia. Em quantas delas há planetas que não conhecemos? E ainda assim, toda a Sua atenção está focada num pequeno planeta junto à borda de uma espiral exterior. E nem sequer com o planeta todo!
- Este homem que criou mil milhões de estrelas, fez um contrato com os judeus. Só com os judeus. E nem sequer com todos os judeus, porque judeus como eu não contam. Então me respondam isto: se Ele amava tanto os judeus, por que ele fez todo o resto? Por que ele não encheu o mundo com judeus ao invés de estrelas? Qual era o interesse?

Antes que me julguem anti semita, esclareço que apenasmente acho pretenciosa a crença judaica de que são a Nação Santa do Senhor. Nós todos, humanidade toda, homens, mulheres e gays, independente de raça ou credo, somos a raça eleita! Não parece meio idiota apoderar-se de um título desse tamanho e não reconhecer o próprio Deus, que assumiu a sua carne fazendo-se nascer judeu? Seria esse o pecado-mor? Não reconhecer em Jesus de Nazaré o Deus que esperaram? (e esperam até hj?)

Voltando: reza a lenda que prisioneiros de Auschwitz, no seu último dia de vida promoveram o julgamento de Deus. A acusação era de quebra do pacto. Argumentação até que consistente, considerando a limitação do entendimento humano. E o veredicto: culpado. Me acabei de chorar, claro, pq mesmo sem entender pq Deus se cala as vezes, não cabe nem na minha cabeça de vento que a Ele possam ser atribuídas as consequências do desatino de seus filhos.

Delicadeza do diretor ou lapso de tardia lucidez, a cena que mais gostei foi a que antecede o veredicto. Um homem que se julgava alemão e odiava judeus por força do hábito, mas descobriu-se judeu por herença genética dizendo aos 3 juizes que presidiam o tribunal:

- Quando vocês chegaram aqui tiraram as suas posses, tiraram os seus nomes, cortaram os seus cabelos, tiraram seus filhos, esposas, mães... até as obturações dos seus dentes!Tudo aquilo que os fazia homens. Não deixem que tirem o seu Deus também...

O filme é bacana, mas pra over-pensar e não concluir nada, obviamente. A lógica de Deus não cabe na nossa.

11 outubro 2009

CLARA DEL VALLE PINOCHET

Habitualmente sou uma pessoa do bem. Democrática, assertiva, com um senso de justiça até que bem calibrado... mas as vezes eu acordo totalitária e desabono a pessoa meiga que todo mundo conhece: algumas coisas me turvam o juízo e eu penso que estupradores deveriam ser castrados, que pedófilos deviam ser fuzilados (se forem religiosos enton, fuzilados E queimados!), que bandido bom é bandido morto, que pobre não devia ter filho... enfim, pérolas que fariam o inferno inteiro babar de orgulho de mim.

Dia desses aconteceu de novo: as páginas policiais estamparam o linchamento do suspeito de ter violentado e matado a filha de sua companheira, uma criança de poucos anos. (só Deus sabe o poder que notícias como essas tem sobre o meu auto domínio!) Nem li a matéria, pq eu passo mal com essas coisas, mas o povo comenta e não tem como não ficar sabendo dos detalhes.

Absolutamente incapaz de emitir QUALQUER opinião, mas ratifiquei o veredicto com um "bem feito" em caps lock e negrito. E cheia dos argumentos ainda: pq perder a liberdade é muito pouco perto do que ele fez, pq o sistema carcerário brasileiro não recupera ninguém, pq a impunidade quase que estimula esse tipo de monstruosidade e bla bla bla... Dai que dias depois a mãe da criança confessa que foi a autora do crime. Ca-ra-le-os!

Desnecessário lembrar a parcialidade dos julgamentos humanos, né?

MAIS DE 100 PESSOAS PARTICIPARAM ATIVA OU PASSIVA
MENTE DO HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO DE UM INOCENTE NAS BARBAS DA POLICIA E EU ACHEI BEM FEITO!!!

Farisaicamente eu prego neste blog que gentileza gera gentileza,
Farisaicamente eu professo cada linha do credo católico,
Farisaicamente eu vivo repetindo que "os maus só não são bons pq os bons não são melhores"

tsc Deus deve ter ficado com vergonha de ser meu Pai. E eu tô com vergonha de mim por ser um sepulcro caiado contemporâneo.

Talvez eu seja até pior do que os que mataram o rapaz, já que me julgo tão acima deles.

05 outubro 2009

NO ORKUT

Praticamente alheia aos exageros. Que eu saiba, ninguém perde tempo no meu profile, ninguém imagina minha vida pelos meus albuns ... esse mundo azul bebê só me trouxe gente do bem, possibilitou (re)encontros e depois dele nunca mais esqueci aniversário de ninguém. hohoho. Tanto que me espanto com essa capetice que rola. Fakes e putaria virtual por ex, são coisas que não cabem na minha cabeça de vento.

Adorei essa coisa de poder responder os scraps na própria página, de modo que se tem menos um motivo pra "visitar" os outros. Gosto tb das atualizações alheias direto na minha página. E eu acho que devo ser a única usuária que ainda presta atenção nas comunidades qdo visita algum profile. rs

Tudo isso pra dizer que meu profile talvez seja um bônus do blog. Tudo, em ambos os espaços, quer me revelar. Aki vc, querido leitor, já percebeu que:

quanto mais intenso o sentimento mais truncado fica o texto;
"caralho" é uma interjeição como outra qualquer;
tenho uma dificuldade invencível c/ títulos;
no que tange o amor, sou repetente conformada;
eu sou preguiçosa;
música, livros e filmes são matéria prima;
eu sou uma idiota que se acha mui esperta e que adoro um conto-de-fadas...

Lá vc fica sabendo que:

eu olho pro lado errado;
eu deleto gente sonsa;
eu odeio balada;
a minha imaginação é foda;
eu odeio cantar parabéns;
eu já morei em república;
eu não passo vontade;
eu penso demais e perco sono por isso;
eu converso com Deus;
eu acredito MSM que criou expectativa, dá errado;
eu tenho vergonha alheia;
eu estou treinando o desapego...

Se aki vc me encontra diluída nas entrelinhas, lá estou em alto nível de concentração em comunidades - que, se não existissem, eu mesma criaria:

Amizade Homem X Mulher existe!
Química... Pele... Cheiro!!
Comer dá Sono e Dormir dá Fome
Viva a Reciprocidade!
"Eu te amo" O CARALHO!!
A Gente Não Quer Só Comida
Viva a Metade do Limão!!!
Afinidade
Minha Tempestade é Silenciosa
Meu PAI é Meu Herói

E a que faltava eu criei: Quando Estou Contigo Estou em Paz! JOIN! rs

Quando Estou Contigo estou em Paz

27 setembro 2009

SOBRE A MINHA INDOLÊNCIA


Quem vem aki há mais tempo já sabe que entre meus melhores defeitos figura a síndrome de Peter Pan. Como agravante, uma preguiça garfieldiana. Dai que não há muito o que se esperar de uma criança lenta e despretenciosa, né? E esse era meu pensamento-auto depreciativo-conformista-nº 2. Até uns dias atrás...

Em dois churrascos com grupos diferentes pude analisar a evolução financeira do
povo: no primeiro, de amigas de loooonga data; no segundo, dos amigos da faculdade. Sai de ambos com a sensação de que não tenho alma pra uma vida severina daquelas. Mas até ai, nenhuma novidade. O que achei bom foi constatar TB que além de não querer eu não preciso de uma vida severina daquelas: o que eu atribuia à incapacidade pessoal na verdade é consequência de minhas necessidades, que são apenasmente mais simples, mais fáceis de alcançar.

Dai que com algum espanto constato que até hoje consegui absolutamente tudo o que quis.
(tá, absolutamente tudo não, que crianças querem o que não alcançam, e quando alcançam não querem mais... rs) e nem me matei de trabalhar pra isso. Aliás, não me matei nem trabalhei, manda a verdade que se diga.

A conclusão é óbvia, mas pra mim é a descoberta do fogo:

eu não ganho 4900 dinheiros pq não mereço!
eu não mereço pq não me esforcei em nada para tal!
eu não me esforcei pq as coisas que quero não são tão caras assim!

Muito pagável o ônus de sair pontualmente as 16:45 da fábrica, de ter 2 chefes fofos e fazer o que se gosta: ganhar pouco!!! hohoho

19 setembro 2009

VC ME DARIA A MÃO??? *


São sorrisos largos, lagos repletos de azul

Os corações atentos, ventos do sul
São visões abertas, certas, despertas pra luz
A emoção alerta
Que nos conduz

Sonhos, aventuras, juras promessas... (dessas que um dia acontecerão?!?)
Você me daria a mão?
Todos estes versos soltos, dispersos
No meu novo universo serão palavras do coração

Os artifícios, vícios deixando de ser,
Os velhos compromissos pra esquecer
São pontos de vista, uma conquista comum
O mesmo pé na estrada de cada um... *
* Palavras do Coração - Bruna Caram

* inédito: esta é a ÚNICA pergunta que me ocorre nesse momento mulherzinha...

Progressos? Progressos!!!

08 setembro 2009

BODAS DE POST-IT


Como não só de tragédias vive esse rascunho, deixa eu contar uma historinha bacana:

Enton que depois de uma vida inteira de más escolhas e todas as frustrações decorrentes, eis que a moça enfim vislumbra a possibilidade de algo inteiro & recíproco. A benção da simultaneidade, vagamente imaginada nos seus dias cinzas ou depois daquelas noites que queimam mas não aquecem, parece que vem com o bônus de outra alma em stand by, esperando o amor chegar.

Dai que esse fds secretamente a moça celebrou seu 1º mês - depois de vários anos - cultivando (em outras ocasiões ela diria 'cevando') uma mesma pessoa. Com Smirnoff Ice e Capelinha ela brindou ao delicado da vida e ao inusitado da coisa toda, e lá pelas tantas concordou com Rita Lee que, do celular jogado em algum canto do chalé, dizia que sexo é do bom, amor é do bem... noites pares são possíveis, afinal.

Mais-do-que-rendida, a moça dá por encerrada sua fase 'mentiras sinceras me interessam' pra entrar noutra, mais de acordo com o que precisa e merece: 'ou tudo ou nunca mais'. É que todos esses anos de escassez lhe abriram o apetite...

É isso, pessoas. Mais uma pequena epifania. Meu desejo é meio bobo, mas perfeitamente compreensível e perdoável: nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração...

Torçam, sim?

30 agosto 2009

ORFÃ

Eu o-d-e-i-o coitadismo! Odeio me sentir injustiçada, incompreendida, à margem.

Odeio, mas hj é mais forte do que eu. tsc

Ontem o tempo fechou por aki... um vendaval de emoções - aquelas amordaçadas pelo bom mocismo - que durou alguns minutos e fez grandes estragos.

Verdades inconstestáveis mas nem por isso bem vindas + surto de macheza alcoolica + cumplicidade materna = ceninha digna de filme nacional anos 80, com direito a sacode e leves escoriações no pulso. Trés chic.Vizinhos aplaudiram pasmos, certamente.

E pode tomar sacode de irmão??? E pode mãe achar merecido? Pode. Na casa de sinhá pode.

Mas NÃO pode. No mundo
que habito me escondo não pode. No meu mundo as mães - não tendo competência para mais - ao menos são justas. Os irmãos - não se amando - ao menos se respeitam.

Dai que hoje
o sol brilha lá fora e aqui dentro vivo um inverno europeu, com requintes a lá Hector Babenco: sem teto, sem chão, e mais sem pai do que habitualmente. (odeio coitadismooooo!!!) Escrevo pra diminuir a febre de sentir que nunca, nunca vou me acostumar. Nunca vou conseguir ficar quieta, nunca vou ser o que esperam que eu seja: a-que-escolhe-bem-as-palavras-pra-não-explicitar-a-fragilidade-alheia. Não vou pq eu até consigo ser tolerante, mas conivente não.

Escrevo também pra despistar o pensamento recorrente e top do coitadismo que "se meu pai tivesse aqui ele não ia deixar fazerem isso comigo" Aff, pq a gente fica tão imbecil quando sofre?

Dai que tb fiz minha ceninha: rasguei e exclui fotos, deletei do MSN e essas patetices que a gente faz quando não pode fazer mais nada, quando não tem coragem pra fazer alguma coisa definitiva. Ridiiiiiículo.

Dai que se há um Deus no céu meu pulso vai ficar inchado por dias e as escoriações vão inflamar. hohoho

♬ minha dor em eterna exposição ♬

Mentira. Claro que há um Deus no céu! (e de lá se debruça dia e noite pra olhar por mim)

N.A: tô dizendo que blogterapia é um santo remédio? Já estou até fazendo piadinha amarela. rs

20 agosto 2009

DAS COISAS QUE NAO TEM PREÇO

Conseguir reunir amigos de faculdade quem não se vêm desde a formatura, relembrar as tosquices e a pindaimba da época e rir até chorar, até a barriga doer.

Minha coleção de filmes nacionais;

Candice e Jana encontrarem semelhanças entre a clara que vos escreve e Clara del Valle de Isabel Allende;

As visitas-de-feriado-prolongado de Biel;

Os xiliques de ciúme inconfesso de certo ser ai;

A minha capacidade de me des-interessar pelas pessoas;

O meu mais novo defeito: amor próprio (pra dar e vender. rs)

Meus blogstar´s;

Meus livros grifados com giz de cera vermelho;

Os milagres da distribuição de renda realizados pela Mô;

"Olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer";

O interesse de Caroline por livros e filmes;

O chat corporativo com Jana;

Os bônus da Vivo que nem consigo gastar, que provam que tem gente que gosta muito de falar comigo \o/

Minhas tirinhas do Calvin;

Filosofia de boteco via MSN;

Brindes silenciosos ao delicado da vida;

"Detalhes sórdidos na coxia" com minhas tri-amadas;

Blogterapia;

Todas as "tempestades e naufrágios" que fizeram de mim o que sou agora.

(pensando seriamente em transformar o rascunho num doble-twitter: 280 caracteres, que tal?
)

11 agosto 2009

MOMENTO TWITTER

Pela absoluta falta de coisas publicáveis pra dizer, deixo vcs com as pérolas do último livro que li:

Os homens se perdem por desejar... Melhor fariam se se limitassem às suas necessidades.

Onde se encontra a beleza? Nas grandes coisas que, como as outras, estão condenadas a morrer ou nas pequenas que, sem nada pretender, sabem encrustar no instante uma preciosa pedrinha de infinito?

A faculdade que temos de manipular a nós mesmos para que o pedestal de nossas crenças não vacile é um fenômeno fascinante.

Nunca vemos além de nossas certezas e, mais grave ainda, renunciamos ao encontro. Apenas encontramos a nós mesmos sem nos reconhecer nesses espelhos permanentes... Suplico ao destino que me conceda a chance de ver alguém e enxergar além de mim mesma.

Nada agrada mais a verdade do que a simplicidade da verdade.

O que é bonito é o que captamos enquanto passa... estar vivo talvez seja isso: espreitar os instantes que morrem.

A quem interessar possa: A Elegância do Ouriço, Muriel Barbery.

Em tempo: amados, torçam por mim? Me enviem todos os pensamentos do bem possíveis, rezem, mentalizem, energizem, enfim... detalhes em breve. (amém!)

26 julho 2009

Questinário de Proust

(descobri dia desses que quest-tapa-buraco-da-falta-de-assunto tb atende por esse nome bacana ...)

Qual o traço principal de seu temperamento ?
Curiosidade

Seu maior defeito ?
A absoluta incapacidade para rodeios

A qualidade humana que você prefere ?
Gentileza

Seu personagem histórico favorito ?
Eu admiro muito mulher valente: Tereza D´avilla, Edith Stein, Anne Frank, Olga Benário, Anita Garibaldi ... as putas que seguiram a Coluna Prestes, as mães de família que pegaram em armas pra defender o Belo Monte de Antonio Conselheiro... enfim, célebres e anônimos que escolheram se consumar a se consumir.

Seus heróis favoritos na vida real ?
Gente que consegue ser fiel ao que pensa e quer sem machucar muito os outros.

O que vc gostaria de ter sido ?
Não sei.

Seu ideal de felicidade terrestre ?
Estar em tudo que se faz, dia após dia, com alegria.

O cúmulo da miséria ?
Solidão a dois.

Onde vc gostaria de viver ?
Numa cidade pequena, que tivesse algum lugar bonito, desses que a gente visita de vez enquando pra se encontrar consigo mesmo, sabe como?

Qual é o dom que vc gostaria de ter ?
Algum talento musical.

Que defeito é mais fácil perdoar ?
Depende da relação que vc tem com a pessoa que precisa perdoar: já relevei coisas imperdoáveis e bani pessoas da minha vida por muito pouco...

Seu pintor preferido ?
Não conheço nenhum.

Seu compositor favorito é...
Cazuza!

Sua cor preferida ?
Eu gosto de preto. E sempre prefiro cores neutras.

O que vc detesta acima de tudo ?
Gente rasa, relapsa e mentirosa (no mesmo grau de importância!)

Qual é a sua máxima ?
No momento: acorde arrependido mas não vá dormir com vontade! rs

O que vc gostaria de fazer agora na sua vida?
Agora? nada em especial.

20 julho 2009

INXS

Nome Próprio redimiu Leandra Leal das personagens patéticas de sua carreira. \o/



(Outro filme que só consegui assistir graças a caridade alheia, já que na minha cidade filmes nacionais só entram em cartaz se forem bem comerciais. E esse é nada comercial: é temerário, é cáustico, é denso e - não fosse tão verdadeiro - seria mais um desperdício de verba e talento.)

A Camilla de Leandra é exagerada, egoísta, invejosa e está a um passinho de surtar. Absurdamente corajosa, vá lá. Há se de se ter muita coragem pra ser tão inconsequente. Camilla é o que qualquer um pode se tornar se não se respeitar, se não se amar, se não tomar as rédeas da própria vida, se não aprender sobre seus limites e os dos outros. Camilla é o aspecto sado-masoquista de cada ser humano, o potencial infinito que temos pra fuder com tudo numa só tacada.

A princípio, claro, ninguém se identifica com tanta agressividade. Ninguém tolera. Ninguém assume mas a verdade é que todo mundo é parecido quando sente dor: eu e vc somos, sim, capazes de coisas terríveis. Mas felizmente temos a benção do senso de civilidade, do zelo pela auto imagem do medo do ridículo e é só isso que preserva a maioria de se perder nos próprios labirintos. Dai que uma minoria desafortunada, de lucidez descalibrada e a alma larga demais, assume o fardo da demência que pesa sobre o mundo inteiro: Virgínia Woolf, Camille Claudel, Ana Cristina Cesar, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e vários outros, célebres ou anônimos, que não deram conta de si mesmos por excesso de bagagem: existências INXS ...

Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente...

Essa tal coisa ausente que atormenta não te soa familiar? A mim muito. Desde sempre.

Voltando ao filme, Camilla me diz muito pouco (hohoho) mas seus achismos me atormentam há duas semanas: como ela, também fico pensando se realmente ninguém se cura de nada, nunca... se a gente não pode mesmo viver uma paixão impunemente, se a minha dor é tão DOR assim a ponto de transpirar a escrita.... no fim concordo, espantada pelo que há de novo em transbordar: tudo sobra em mim, ao mesmo tempo não há nada em mim nem ninguém. Eu sofro de nada. E de ninguém.

Eu sofro de nada! Ai, que horror!

Deus me livre de Camilla! amém.

15 julho 2009

PANELA VELHA

Direitos de Reprodução gentilmente cedidos por Cris, que me deu uma ótema idéia pra falar dos meus coroas.

Quem é?
Carlos Alberto Riccelli, ator e diretor, 63 anos.

De onde você tirou isso?
De um nome num cartaz. rs

Meus pais foram ao cinema assistir Ele, o Boto. E eu - na época com míseros 10 aninhos - claro que fui vetada.

O que chamou a atenção?
A curiosidade!

Instigada pelo meu pai (que passou dias imitando os pulinhos que o boto dava qdo deixava de ser homem e voltava a ser boto!), cismei que pre-ci-sa-va ver o filme. Vi o cartaz, achei "riccelli" muito chic, over sonoro e fiquei curiosa pra ver a cara do dono desse nome: pedi, implorei, argumentei, pirracei e ninguém teve pena! Dai que mais tarde aluguei o VHS (VHS!!!!) e pude constatar, maravilhada, que o dono era beeeem melhor que o nome.

Bem, a curiosidade, o nome e depois o "resto". Acho que foi o 1º corpo em que prestei a devida atenção, sabem? E também um mauzinho que ele fez em Vale Tudo (e eu a-m-o mauzinhos!) Dai ele fez um pescador em Riacho Doce e foi nessa época que descobri que belezas espartanas me agradam.

O que chama atenção?
Ele é grisalhooooooooo!! Tem um queixo praticamente fálico e um sorrisinho cafa irresistível.

O que é esse homem tem?
Ele é grisalho. rs
Ele é talentoso.
Ele é estiloso.
Ele resiste ileso ao passar dos anos.

É a perfeição?
Claro que não. Afinal, é homem. Chora e fede como todo mundo... mas não daria um bom candidato a Clint Eastwood tupiniquim!? (hein tri? Pontes de Madison Brazil Version!! hohoho)

Amo muito tudo isso:
A cabeça de 60 num corpo de 30 \o/

Gostou? Então saiba mais: pergunte a deus google!!!

em tempo: ele está no elenco de Federal. Pelo que soube, coadjuvante de Selton Mello, numa releitura (menos caricata, espero eu!) do Capitão Nascimento de Wagner Moura.


06 julho 2009

SOBRE A EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

... e quanto a idealizar, isso é uma prerrogativa nossa, tão bem aceita quanto a milenar capacidade de "se fingir de morto" masculina. Se a gente não idealizasse, não quisesse um mundo melhor, de homens melhores - como vc mesmo disse abaixo - ainda viveríamos nas cavernas. Alguém tinha que dar um passo a frente na evolução!!! kakaka
Game Over!

Esse foi o fim de um chat via rede corporativa, que começou com o texto "sem sexo até 2010", atribuido a LFV, que confronta com humor e ironia as necessidades femininas e mas
culinas. Replicamos de 7:23 as 16:45 (ou seja, durante todo o expediente!) cedendo num parágrafo e se contradizendo no seguinte.

Na verdade a gente perdeu foi tempo. Eu jamais vou concordar que sexo é uma necessidade física tão básica como comer (ok, é uma necessidade física, mas não tão vital assim), e ele jamais vai admitir que tem que haver algum sentimento - qualquer sentimento, respeito ao menos - pra que sexo faça algum sentido, distinguindo o ser humano dos outros bichos.

(Longe de mim fazer apologia moralista, mas se as relações afetivas no geral andam meio non sense é pq tá faltando senso crítico, convenhamos. E escrevo isso confortavelmente sentadinha sobre meu próprio rabo, eu que sou a mãe das más escolhas: além de um gosto over temerário, tenho uma fraqueza inexplicável por tudo que parece impossível.)

Mas voltemos: consensual mesmo só que sexo é precisância, é querência. Sexo sem amor é vontade. Sexo é escolha, amor é sorte. Ponto. A partir daqui homens não avançam e mulheres não deveriam ceder. Acredito mesmo que no dia que a gente prestar atenção no que merece e não aceitar nada menos do que isso, subiremos mais um degrau na escala evolutiva.

Claro que não estou considerando o que essa mulherada fútil, mimada e egoísta a-c-h-a que merece. Estou falando das coisas que a gente ganha pq já deu, de sinergia, de reciprocidade. Aquela coisa fofinha do "ela me faz tão bem que eu tb quero fazer isso por ela", saca? Me recuso a acreditar
que isso seja utópico demais! Não estou considerando também esses rascunhos de homem que vivem pra enlouquer a gente com suas incoerências, que passam a vida se defendendo sabe-se lá do que e estranhamente se enroscam até o último fio de cabelo naqueles tipos estranhos que não inspiram a menor confiança. Esses não são os mais aptos!!!

Se a humanidade pretende sobreviver a si mesma, melhor que se conforme de uma vez:

Fernanda Young já até consegue vislumbrar como seria o mundo se tomassemos posse dessa verdade incontestável: uma nova geração de mulheres que não precisará de homens - ou não precisará pelos motivos que hoje precisa. Mulheres que serão menos chatas, menos carentes, menos desesperadas. Que criarão filhas mais fortes e filhos mais frágeis.

01 julho 2009

SÉRIE O BONEQUINHO VIU Nº 3

Estou assistindo (en retard como sempre!) Queridos Amigos por caridade alheia: quando passou eu não vi pq era tarde demais pra mim, que viro abóbora bem antes da meia noite. Mas graças a uma comunidade bacaníssima do orkut, Filmes Brasileiros (Download), onde o povo disponibiliza verdadedeiras pérolas tupiniquins (trastes tb, mas enfim, viva o cinema nacional!) e graças a Dmitry - um russo com coração brasileiro - que consome tudo via Globo Internacional e nos fez a gentileza de atualizar todos os links expirados, eu posso assistir na hora que eu quiser, quase um ano depois!

Baseada na vida da autora, Maria Adelaide Amaral, ambientada em novembro de 1989, a minissérie mostra amigos que sobreviveram à ditadura militar (e a si mesmos!)
se reencontrando depois de 8 anos de dispersão física e emocional. Que mais precisaria pra me prender a atenção, eu que sou levemente subversiva AND a mãe da nostalgia? rs

Além do deleite de ver os atores que admiro esbanjando talento;

Além de Fernanda Montenegro e Aracy Balabanian estrategicamente coadjuvantes;

Além de Luiz Carlos Vasconcelos irritando o mundo com a covardia de Ivan;

Além de Maria Luisa Mendonça justinha na patetice de Raquel;

Além de Debora Bloch assumindo o ônus das más escolhas de Lena sem decair
em dramalhão;

Além de Matheus Nachtergaele (meu feinho do coraç
ão, lembram?) encarnando mais um comunista;

Além de uma trilha sonora que enriquece as cenas mais simples;

O enredo ainda tem o plus me instigar pe
ssoalmente: que notícias me dão os amigos? Ando numa curiosidade doida, querendo saber de todos... lamentando um tantão quem a vida já levou e mais ainda quem foi embora com as próprias pernas. Aliás, conseguimos dia desses juntar amigos de faculdade que não se viam desde a formatura!!! E espero pra esse ano ainda, rever minhas tri-amadas. (viu, Mô? viu, Candice?) e se Deus ajudar, ir conhecer Jana.

Bonequinho aplaude de pé:

Guilherme Weber, o melhor gay que eu já vi!!! Pq além de viado com V ele é mau e os maus são os melhores!! Pq além de viado e mau, lá no fundo ele é bonzinho!!!

Dan Stulbach e seus olhos irresistíveis numa overdose de tolerância, num nível que só moribundos atingem

Denise Fraga lutando contra seus fantasmas numa docilidade que beira a loucura, mas mesmo assim invejável.

Odilon Esteves
o-que-é-esse homem??? Perfeito!!! Afetado como todo viado-star, mas delicadíssima e generosa.
Eu tinha certeza que já tinha visto aquele queixo em algum lugar, mas demorei uns 5 capítulos pra lembrar onde: Frei Tito em Batismo de Sangue!!!






28 junho 2009

SINTONIA x PROBABILIDADE

Dia desses Gab e eu estávamos no MSN divagando sobre isso dos nossos interesses dificilmente serem recíprocos, possíveis, descomplicados...

As vezes fico pensando em quantas pessoas bacanas devem ter no mundo pra eu perder tempo justamente com gente que não merece. Jana lembraria do meu dedo podre, da minha vocação pras más escolhas (e eu meio que concordaria, mas argumentando que excentricidades me atraem). Gab até consideraria a possibilidade de outros condicionantes, mas acha que tudo é questão de sintonia e química.

Sendo apenasmente uma questão de sintonia: como ondas de rádio!?! Vc sintoniza e escuta. Se gosta do que ouve, vira um boa cia. Se não, procura outra faixa. (num mundo cada dia mais autocrático nem soa tão mal assim escolher as pessoas como se escolhe música...rs)

Perguntei se não seria cisma. Pq eu me conheço e sei que qdo cismo com o vivente é f-o-d-a. De maneira geral enquanto não gasto todo o meu latim e ele não me gasta toda a paciência, não desisto. Felizmente o tempo tá me fazendo menos teimosa e nem tenho demorando muito para me conformar quando o interesse é unilateral...
(meu recorde de desapego é uma semana!)

Enton a gente empaca pq cisma? Isso mesmo? Que puxa... [entonação de Charlie Brown] E se não for tão simplista assim?

Ou não, se for absolutamente simples e irretorquível: tudo reduzido a lei das probabilidades!?! Probabilidades, acasos, oportunidades, disponibilidades... daqui, da minha vista do ponto, começo a achar que a relação é mais ou menos essa: as chances conhecer alguém disposto e disponível são inversamente proporcionais a urgência de quem espera...
(pq disposto e indisponível é facil, disponível e indisposto é mais fácil ainda - vide Teorema Fundamental de Murphy)

Quando eu já estava dando esse texto por perdido (Gab foi e voltou do seu mochilão pela Europa e eu não escrevi mais nenhuma linha), tive uma micro-epifania sobre meus enguiços: eu empaco em algumas pessoas e situações por conta do meu eterno não-saber!!!

Pq não consigo me contentar apenasmente com o que é, despudoradamente alheio a minha vasta psicologia de boteco.

Pq eu quero-pq-quero esmiuçar o subjetivo da coisa - pretensão duzinfernu! - pra me parecer ao menos razoável.

Pq eu vivo pra exumar as interrogações que jazem com o ser que desencarnou do mundo das minhas possibilidades. (as tais verdades difíceis de suportar de lady Lispector, sabem?)

aff... será que eu ainda tenho conserto?

21 junho 2009

ADVOGANDO EM CAUSA PRÓPRIA

Eu já disse por aki que meu superego está ficando gagá? Pois está! Depois de anos a fio me atentando o juízo e em guerra sem tréguas com o id, parece que ele está se dando por vencido, se conformando com a impotência. Maaaaaans como todo senil tem lá seus lampejos de lucidez, devo confessar que eu sou uma fraca. hihihi

Por falta de vergonha na cara, por não ter nada a perder, por irresponsabilidade, por capricho, por carência e por um tesão inexplicável, cá estou eu de novo-outra vez-novamente com os dez dedos lambuzados numa (naquela mesma!) situação moralmente questionável e cinestesicamente deliciosa. E pior, cheia dos argumentos:

Transgredir é transcender. Nossa história não teria mártires no campo político, científico, religioso, cultural e artístico caso fosse possível transcender sem colocar em risco a sobrevivência da espécie (...)

Da mesma forma que a tradição precisa da traição, que a preservação precisa da evolução, que o acerto de hoje dependeu do erro de ontem, o contrário também é verdadeiro. Porque a evolução só é possível quando existe uma manifestação para ser contestada, aviltada.(...)

É obvio que transgredir não é da ordem do positivo absoluto e todos sabemos que o herege de ontem é a possível mutação de hoje, mas pode também ser o câncer do dia. O animal de todos nós tem compromisso absoluto com a preservação, seja ela obtida através do ato de preservar ou de mudar. O problema, no entanto, está no fato de que é impossível mudar sem se expor ao erro absoluto. Muitas evoluções tiveram, ao longo do tempo, o "simples" custo do próprio desaparecimento. Mas o movimento é inexorável. A mutação é imperativa para a continuidade e ela jamais ocorrerá sem a tensão inerente ao fato de que o caminho da saúde poderá ser, na realidade, o da doença. O transgressor tem muito medo dessa percepção. Ele precisa da tradição e dos tradicionalistas para permitir suas incursões em determinado inferno ou paraíso.

Nilton Bonder em " A Alma Imoral"


16 junho 2009

O QUE MAIS VC QUER?

Hoje eu acordei mais chata que o habitual... sabe aquele bicho que te morde as vezes e te deixa insatisfeita com tudo e com todos? Dai por pura polianice tu olha em volta procurando algo pra te encher de gratidão e te calar a boca reclamona... poizé, olhei, até vi um monte de coisa bacana mas eu quero mais. tsc Eu sempre quero mais...

Quero não ter condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.


Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.


Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa.


Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.


Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as coisas que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.


E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa para mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir.


O que eu quero mais? Me escutar e obedecer meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, maridos, filhos e bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã.


E quero mais tempo livre. E mais abraços. E receber mais flores.


Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem.

Martha Medeiros em Doidas & Santas