29 outubro 2006

QUASE

Eu passei mto tp satisfeita c/ a noção que eu tinha de "quase". Há algumas semanas aquele texto atribuido a LFV - mas segundo deus google, de autoria de Sarah Westphal Batista da Silva - era exato. Era aquilo msm: é o quase que incomoda, que entristece, que mata, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi... as vezes as coisas são triste e literalmentepor um triz.

Mas hj eu já não sei mais se poderia fugir da minha maldita mania de viver no outono. Não sei até onde é opção covardia minha... não que eu acredite que alguém guia, assim, a mãos de ferro, os passos que dou, mas num dos lapsos de lucidez de Clarice Lispector há um outro pto de vista, interessantíssimo, e que me é simplesmente irresistível:

... Bem sei que há um desencontro leve entre as coisas, elas quase se chocam... há desencontros entre os seres que se perdem uns dos outros, entre palavras que quase não dizem mais nada. Mas quase nos entendemos nesse leve desencontro, nesse quase que é a única forma de suportar a vida em cheio, pois um encontro brusco face a face com ela nos assustaria... Nós somos de soslaio para não comprometer o que pressentimos de infinitamente outro nessa vida que te falo.

Não é brilhante? Isso redefine meu conceito, subtraindo o tom pejorativo que sempre lhe dei. Não deixa espaço pras lamentações inúteis e me abre os dois olhos pro verdadeiro sentido do fim de algumas coisas: o início de outras, simples assim.

NOTA MENTAL: Assimilar o + rapidamente possível o novo conceito, assim, s/ mtas ponderações. Dado os não-acontecimentos recentes, ele deixa de interessante pra ser... hum... oportuno.

25 outubro 2006

FREJAT & LEONI


Quem vem aki há mais tp já sabe o qto eu amo esses dois.


Adorei qdo o Cazuza saiu do Barão. Qdo me dei conta, achei mto bom Leoni s/ Paula Toler. Heróis da Resistência e Kid Abelha - principalmente - estavam pra ele como Cazuza pro Frejat: limitante!

Tietagem a parte, eles são exatos na arte de dar forma e tom àqueles impronunciáveis (e tipicamente femininos) sentimentos: alguns versos de Os Outros, Maior Abandonado, Esse Outro Mundo, 50 Receitas, Tua Canção, Errar é Aprender, No Escuro e Vendo - fora uns outros, quase calóricos de tão melados - são de uma verdade doída, cruel. Daquelas que a gente negaria até a morte se pudesse.

Não sei explicar bem, mas alguns nuances emocionais homens geralmente não alcançam (como certas cores, que reza a lenda que eles não conseguem enxergar rs) e é isso que eu admiro: c/ a msma destreza falam sobre coisas que - a priori - não sentem c/ tdas as fibras do corpo e desvelam um território que mulheres até enxergam, míopes, mas tb não pisam assim, com os dois pés: Garotos, Fim de Tudo, Homem Não Chora, Canção da Despedida... tb são verdades, não tão doídas, nem tão frequentes, mas estão ai,que eu já vi...

[parenteses]eu continuo achando que Garotos tem uma variante feminina!!![/parenteses]

21 outubro 2006

Leitor atento complementa a minha lista de melhores defeitos:

...Entre os seus defeitos(que eu acho uma delícia) vc esqueceu de citar os "textos truncados", a respeito dos quais ele tb falou no livro:"o vago é necessário pra tornar distinto"

Bem, eu não esqueci, só pensei que poderia estar contido no tópico "subterfúgios do vacabulário", mas se o moço acha que merece um outro exclusivo, eu vou pensar no assunto.

Claro que eu grifei essa parte, mas nem fiz associação alguma pq afinal minhas lacunas são incompetência e não talento.(se bem que isso tb distingue... hum...) Mas o melhor msm foi o final. Bom d+ pra ficar ali escondidinho na cx. de comment´s:

- Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia, disse Nietzsche.
- Como assim, não oferecer companhia?
- Por não prezarem as coisas que prezo! Às vezes enxergo tão profudamente a vida que, de repente, olho ao redor e vejo que ninguém me acompanhou e que meu único companheiro é o tempo.

Perfeito, Max. Tb me queima por dentro, certeza. Aliás, eu diria que cabe c/ tdas as letras numa situação em que me meti e tô ensaiando há meses pra sair.

Sabe que tô começando a achar ruim isso de enxergar profundamente? Ok, ok, a gente fica mais ciente dos nossos reais motivos pra fazer ou não fazer as coisas... mas a pergunta que não quer calar é: PRA QUE ESTAR CIENTE? O que a gente ganha com isso compensa o prazer de contemplar a vida assim, despretenciosamente, c/ os olhos de quem está a passeio e portanto quer (e precisa) ver td antes da hra de embarcar de volta pra casa?

16 outubro 2006

SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA DOS MEUS MELHORES DEFEITOS

[republicar]

Já confessei aqui o (mau)hábito de comentar as coisas que leio. Desta vez, pra poupar o povo dos meus achismos sobre Nietzsche, resolvi só escrever:

Do meu ar blasé:
"Um espiríto livre... assim se vive, não mais nos grilhões de amor e ódio, sem SIM, sem NÃO,voluntariamente próximo, voluntariamente longe, de preferência escapando, evitando, esvoaçando, outra vez além, novamente para o alto... "

Da minha invencível credulidade:
"De fato, uma fé cega na bondade da natureza humana, uma espécie de pudor frente à nudez da alma podem realmente ser mais desejáveis para a felicidade geral do homem... e talvez a crença no bem tenha tornado os homens melhores, na medida em que os tornou menos desconfiados..."

Das reincidentes crises existenciais:
"É mais difícil afirmar a personalidade sem hesitação e sem obscuridade do que dela se liberar...além disso, requer muito mais espírito e reflexão."

Dos extremos da minha sinceridade:
"A mentira exige invenção, dissimulação e memória... quem conta uma mentira raramente nota o fardo que assume, pois para sustentar uma mentira ele tem que inventar outras vinte."

Da incompetência emocional:
"Por que superestimamos o amor em detrimento da justiça e dizemos dele as coisas mais belas, como se fosse algo muito superior a ela? Não será ele visivelmente mais estúpido?"

Dos subterfúgios do vacabulário:
"Escritores que não sabem dar clareza as suas idéias preferirão os termos superlativos mais fortes: o que produz o efeito semelhante à luz de artoches em emaranhados caminhos da floresta."

Da tolerância sorridente (e pedante tsc):
"Muitas ações são chamadas de más e são apenas estúpidas, porque o grau de inteligência que se decidiu por elas era bastante baixo."

Dos gostos discutíveis:
"A mais nobre espécie de beleza é aquela que não arrebata de vez... mas que lentamente se infiltra, a que levamos conosco quase sem perceber."

Da febre de sentir:
"Quem já escreveu e sente em si a paixão de escrever quase que só aprende, de tudo o que faz e vive, aquilo que é literalmente comunicável."

Da indolência habitual:
"Quando se é alguma coisa não é preciso fazer nada - e costuma-se fazer muito. Acima do homem produtivo há uma espécie mais elevada."

[/republicar]

N.A.: um leitor mais atento sugeriu na época um outro tópico, "textos truncados". Segue íntegra do comment:

Anônimo

20/10/06 13:53

Eu já te leio há bastante tempo. Não comento sei lá pq, fico sem jeito... sou naturalmente invasivo. Mas hj que falou do Nietzsche não tem como. rsrs

Entre os seus defeitos(que eu acho uma delícia) vc esqueceu de citar os "textos truncados", a respeito dos quais ele tb falou no livro:"o vago é necessário pra tornar distinto"

Termino com um recorte que tá me queimando por dentro:
- Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia, disse Nietzche.
- Como assim, não oferecer companhia?
- Por não prezarem as coisas que prezo! Às vezes enxergo tão profudamente a vida que, de repente, olho ao redor e vejo que ninguém me acompanhou e que meu único companheiro é o tempo.
bjs, MAX


15 outubro 2006

CONCLUSÕES RECENTES

Que o ser humano tem uma capacidade enorme pra ser tosco e inconveniente isso já é de domínio público. Mas qdo o ser é algum tipo de ex a coisa tende ao infinito aff...

Não é só em filme que encontros de ex alunos dão certo \o/

Pinga não dá ressaca, vodka dá.

Indiferença me machuca e eu não preciso fingir o contrário. Lidar c/ isso requer apenas amor próprio, nada mais. Não preciso entender ou abstrair.

... Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra - a entrelinha - morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora...

Clarice Lispector, exata de novo...

10 outubro 2006

PERFIL

Clara dell Valle. A Clara de Allende, que pretensão pouca é bobagem e tenho duas almas caridosas que concordam comigo. rs

Sou Peter Pan, Calvin (ou o Haroldo?), Garfield, Lisa Simpson. Sou Maria, Teresa(s), Joana, Edith... sou Patrícia Galvão, Olga Benário, Anita Garibaldi... sou o Gabriel de Adriana Calcanhoto, a Olívia de Érico Veríssimo, a Gabriela de Jorge Amado, a Beatriz de Chico Buarque... Sou cinema-pipoca-e-guaraná, MPB, livros, céu & mar, bichos de pelúcia, banho de chuva, fotos, e-mails, amigos - que amigos são pra sempre, mesmo que o sempre não exista , lua cheia, vinho suave, cheiro de mato, gaita, telefone, palavrão, cabeça nas nuvens & pé no chão, dnoninho-que-vale-por-um-bifinho, pegueti de estimação, medo da esquizofrenia, dicionário-de-idéias-afins, porcarias da Elma Chips, bom humor/humor negro, sorvete e casquinha do sorvete, nostalgia, língua solta, eterna criança, adulto chato, ócio criativo e destrutivo também, lado cômico das coisas, gelatina com leite em pó, campping, jeans-e-tênis, curiosidade, senso crítico apurado e é claro, Papai do Céu e Mamãe do Céu... porque sem eles eu seria outra pessoa!!


Sim, meio over tantas - e aparentemente tão divergentes - referências numa mesma pessoa. Mas é que a pessoa em questão é exagerada. Transborda. Não cabe em si. É v-á-r-i-a-s. Várias e nenhuma, sabe como?


Assim ó: as semelhanças são pedacinhos meus que vivem por ai. São tão "eu" que reconheço quando os vejo nos outros. E como são meus, me apodero de quem os possua. (começando a achar desnecessária e enrolada essa tentativa de explicar, mas enfim...) Estou inteira em cada um dos pedacinhos, ok? Dai que nem sempre eles são, assim, um primor... lindo ser a Beatriz de Chico, poético e tals. Mas, manda a verdade que se diga, tb sou o filho único de Cazuza. Eu posso ser a casinha do alto do morro que Armandinho pediu pra Jah e posso também, sem o menor trabalho, me ser a boneca que tem manual de Vanessa da Mata. Poderia ser tanto a pedra mais alta quanto a sereia de Fernando Anitelli. Já fui a moça bonita que cheira qual botão de laranjeira de Geraldo Azevedo e atualmente luto pra deixar de ser o carpinteiro do universo de Raul Seixas. Entendem? A coisa é quimérica, etérea.

Cheia de predicados mas sem definição alguma, ainda. tsc

07 outubro 2006

ESSE OUTRO MUNDO

Existe uma fronteira meramente epidérmica entre dois mundos que eu amo d+. Do lado de lá, de fora, vive-se o mundo cotidiano, de horário comercial. Os medievais talvez o chamassem de secular... do lado de cá, de dentro, há uma existência quase paralela... um mundo de luzes e sombras, em color, sépia ou p&b, só depende de mim.

Aqui os dias as vezes parecem q tem + de 24 hrs. As vezes tem bem menos. Tem anos q mal termina o carnaval e já é aniversário. Esse ano, abri os olhos e já se foram 20 e tds!! Aqui sempre há boa música. Ritmo pra compensar minha inércia habitual. Letras pra não faltar - ou sobrar - palavras. Há livros que contam a minha história nas entrelinhas. Alguns trechos de alguns deles eu msma poderia ter escrito, se tivesse talento.

Aqui fala-se pouco e pensa-se muito, muitíssimo. Aqui há curiosidade de criança e obstinação de adulto. Evita-se os excessos e teme-se vergonhosamente a escassez. As escolhas sempre são difíceis, os erros já tiveram mais importância e os acertos são filhos da coerência com o amor. Aliás, aqui dentro o amor é condição sine qua non pra tudo que eu quero que dure pra sempre.

Daqui observa-se o lado de lá. Questiona-se, critica-se, constroi-se. Aqui é a planta baixa, lá há terreno pra algo grandioso. E talvez porque o trânsito entre lá e cá seja constante, intenso e relativamente fácil, daqui (quase) sempre se enxerga em perspectiva. Mas conserva-se uma distância segura de tudo q não se tenha controle.

Aqui vive-se com saudade. De pessoas, lugares, cheiros, toques, olhares, sorrisos... Aqui lamenta-se tudo que poderia ter sido bom e não foi [e exatamente por isso esgotam-se as possibilidades, sempre]. Aqui se tem um medo irracional do passar do tempo.

Tudo o que vem é recebido com alegria. Todos tem seu lugar. Mas tristemente alguns não tomam posse dele... E msm sabendo que nada é pra sempre nesta vida, aqui eu ainda insisto em alguns absolutos fundamentais pro meu equilíbrio.


04 outubro 2006

Entre coisas mto boas de se ouvir - que não repito pq a modéstia não permite hohoho - ouvi uma meio indigesta: sou egoísta. Vc não aprendeu a dividir suas coisas, nem as materiais!

Sim meretíssimo, realmente tem coisas que prefiro fazer sozinha (trabalho em equipe é o caralho! Desde a época da escola geral sabe que isso só serve pra um fazer e tds os outros ficarem olhando); sim, eu sou msm meio reticente qdo o assunto é "eu msma"; sim, eu deixo de fazer/falar as coisas pra evitar a fadiga; sim, tenho lá um certo ciúme - devidamente confessado - de alguns pertences, mas eu me con-tro-lo pq sei que as pessoas tem que ser mais do as coisas que elas carregam!

Bom, pelo menos pra essa parte do "nem as materiais" eu acho que cabe recurso:

Livro "Olhai Os Lírios do Campo" - ficou exatamente 10 anos esquecido em estantes alheias e no mês que retornou ao doce lar, foi emprestado de novo e está morando em JF no momento.

CD (duplo e ganho de presente!) Zélia Duncan - nem teve tp de conhecer seus aposentos e já seguiu pra tocar em outros quartos.

Livro "Felicidade Clandestina" - entrou nessa de círculo do livro e nunca mais foi visto.

Livro "O Valor Divino do Humano" - tá se prestando a uma causa nobre, manda a verdade que se diga, mas já tem tantos meses que perdi a conta.

DVD "O Mundo de Leland"* - foi esquecido em alguma sala, pois só voltou a capa (ok, capa + DVD Vinícius...)

Livro "Inveja, o Mal Secreto" - descansando em uma certa cabeceira desde junhoFoi devolvido ontem!

Livro "Pensar é Transgredir" - levado tão na urgência que eu nem li!

DVD "A Vida de David Gale" - criminosamente desaparecido

Livro "Abuso Espiritual & Vício Religioso - fazendo cia. ao DVD*

CD "Geraldo Azevedo" - foi solicitado p/ um forró e nunca mais foi visto, tb.

Ah gentem, uma pessoa que REALMENTE não sabe dividir suas coisas sobreviveria a tantos traumas???

01 outubro 2006



Hj o mundo católico venera a mulher que morreu pra entrar pra vida. A moça de vontade inabalável e desejos infinitos que me ensinou a escolher sempre o último lugar, pq por ele ninguém vai brigar comigo...

Pétalas da sua lucidez:

Ma vie n’est qu’un instant, une heure passagère... Ma vie n’est qu’ un seul jour qui m’échappe et qui fuit. Tu le sais, ô mon Dieu: pour t’aimer sur la terre je n’ai rien q’aujourd’hui!