24 fevereiro 2013

TÔ VOLTANDO!!!

O  facebook engoliu os blogs, né não minha gente?

Esse ano pretendo desempoeirar o rascunho... vamos ver. Por agora vim contar como eu gastei meu carnaval. 

Olha, essa coisa de "faça vc mesmo" é pros fortes, viu?

Enton que que tinha um canto inútil no quarto.
Dai que achei que podia fazer um mini closet ali.
Dai que imaginei que ia ficar bem legal cobrir a área com papel de parede.
Dai que resolvi usar jornal no lugar do papel de parede.
Dai que gastei o feriado no projeto e vim aqui registrar o que os tutoriais omitem!

Pra começar, manda a verdade que se diga que descobri tarde demais que a bandejinha que comprei pra misturar a cola é maior do que o apoio da escada onde pretendia coloca-la (poderia jurar que bandejas p/ tinta nasceram pra habitar aquele lugar da escada!). Xinguei bastante até me ocorrer o óbvio: encaixar o rolinho num cabo de vassoura! Foi o melhor que deu pra fazer, mas o recorte entre o teto e a parede precisa ser com pincel.

Minhas constatações:

- escadas domésticas enganam. Pra quem tem medinho de altura o último degrau é alto! Eu tenho e pensei várias vezes em terceirizar o serviço. 

- a cola vai escorrer. A gente até sabe que não pode apertar o rolinho mas saber não basta, colega. Trate de proteger as paredes vizinhas e o chão.(eu usei fita crepe) Se escorrer na parede, passe o rolinho na hora pq senão vai marcar o papel quando vc chegar naquele pedaço.

- o papel vai enrugar. Não interessa se vc já pegou amizade com o processo; não interessa se passou a espátula e tirou todo o ar; não interessa se não tinha nenhuma ruga quando terminou a colagem... quando passar a 2ª demão de cola vai enrugar pelo menos um pedacinho!

Conforme-se. Conforme-se e tente não praguejar pq o papel escuta e se vinga agarrando para todo o sempre na parede de modo que se deixar do jeito que está fica feio e se tentar arrumar fica pior. (Estou aplicando às rugas a mesma lógica dos tapetes persas: se tiver erros no bordado, é mais caro pq é uma evidência que o trabalho é realmente manual hohoho)

- Quanto mais cola passar na parede mais chance terá de salvar um pedaço enrugado. Por outro lado, papel mais úmido = papel mais frágil. Puxe pouco e com carinho pra não rasgar. Cuidado² com a espátula!!!

- as folhas de jornais não são do mesmo tamanho. Na minha ingenuidade eu tinha pensado em aproveitar as margens pra alinhar. Só que até as margens são diferentes! Se eu soubesse disso antes, tinha guilhotinado tudo e deixado só letras!

Mas ó, fora os detalhes que se descobrem na hora, difícil não é. Mas dá um trabalho do cão.


15 novembro 2012

Pq Estadual do Cunhambebe - RJ




Pedra Chata
01.09.2012

26 julho 2011

TÃO VENDENDO INGRESSO PRA VER NÊGO MORRER NO OSSO!!!

Eu já estava bem chateadinha com as publicações sobre a morte de Amy Winehouse. Aquele povo do Pânico se infiltrar no funeral pra mim foi de um mau gosto atroz. De mau gosto, de uma falta de respeito... fiquei com nojo vendo as fotos.

Não, não sou fã. Mal sei pronunciar seu nome e nem reconheceria suas músicas se ouvisse tocando. É um tipo de sentimento que só entende quem ama um dependente químico, quem já perdeu um amor para o vício.

Eu nunca soube bem o que pensar quando me dizem que adictos têm escolha. Parece que Amy queria viver assim. Eu não sei. O que eu não tenho dúvidas é que muita gente faturou com a sua desgraça.

Não sei também se alguém poderia ter ajudado, se havia alguma coisa a se fazer. O que eu tenho certeza é que ela não montou esse circo. Se o mundo tivesse algum escrúpulo seus fãs não replicariam as fotos constrangedoras nem aplaudiriam enquanto a pobre tentava se manter de pé no palco - aliás, seus empresários nem fechariam as turnês - a Microsoft não tentaria vender mais músicas no dia de sua morte e eu não ia demorar tanto pra encontrar uma foto que não fosse muito junkie. (Queria publicar uma dela sorrindo, mas não encontrei. Pq será?)

Paz, Amy! No céu dos drogados não tem paparazzi, ressaca moral ou crise de abstinência!


Mas tá um trem de doido, êta confusão!
Parece natural andar na contramão

Tão vendendo ingresso pra ver nêgo morrer no osso!
Vou fechar a janela pra ver se não ouço as mazelas dos outros

Perdeu-se a moral e reina a falta de vergonha
Mania nacional é ver o outro se dar mal
O caso de polícia é corriqueiro, é todo dia
Felicidade é bom: eu quero paz, justiça, alegria

12 julho 2011

COERÊNCIA: PASSE ADIANTE!

tirinha do Caetano Cury

As vezes a gente fala demais, se expressa mal. Acontece. Eu mesma vivo derrapando.

Mas eu acho MERMO que quem fala para microfones tem que pensar melhor. Tem que se preocupar mais ainda com o que diz.

Morri de vergonha alheia pelas idiotices que a sra deputada do RJ e o sr bispo de SP andaram dizendo... tive mais vergonha ainda de como se comportaram depois: ambos - sem um cisco de humildade - dizendo que foram mal interpretados. O sr bispo parece que foi mais longe e acusou a jornalista que o entrevistou de ter deturpado o que foi dito. pfffff

Ok. Estamos numa democracia. As pessoas têm direito de defender suas crenças. pfffff²

Tenho pelo menos 2 amigos com vocação para inquisidor. São dogmáticos, intransigentes e não piscam duas vezes para metralhar suas verdades absolutas contra qualquer incauto que lhes cruze o caminho. Eles se acreditam em guerra contra o mundo e minhas opiniões divergentes já renderam batalhas homéricas... mas nós nos amamos e a vida segue sem mortos ou feridos rs (chega uma hora que eu meio que canso de tanta miopia e jogo a toalha!)

Dai que quando eu vejo alguma autoridade eclesial - ou pseudo autoridade, o que é mais comum - tropeçando no próprio embaraço ou quando participo de alguma discussão mais passional eu fico pensando que esse povo aleluiado demais deve ter algum tipo de imunidade espiritual. Tipo parlamentar, sabe? Seres-eleitos-que-estão-um-degrau-acima-dos-reles-mortais. A eles não se aplicam as regras que valem pra plebe pq se entendem diretamente com Deus: erram, se confessam ao padre que mais lhes agrada e fica tudo certo. Deus é dez, vai na fé, paz e bem!

Nem vou falar dessa guerra besta com os gays até pq eles tb capricham na falta de bom senso. Mas eu realmente me preocupo vendo a criatura confundir pedofilia com orientação sexual, sustentar isso sem o menor constrangimento - até com uma certa arrogância! - e ainda ter muita gente batendo palmas! O que é isso, minha gente? Jesus liberta, não emburrece não!

E o que é esta Babel que se ergue quando o assunto é aborto? Não sei vcs, mas eu passo mal com essa gente que se diz defendendo a vida e argumenta como se a única vítima de um aborto fosse o bebê que não vai nascer. O assunto é nevrálgico, não serão meus pífios achismos a clarear as coisas, mas não é MUITO estranho tanto barulho contra o aborto e nenhuma palavra para proteger vítimas de violência sexual, pra ficar num exemplo, digamos, beeeem pertinente aos padres?

Felizmente para cada Myrian Rios há um Frei Beto anônimo e atuante \o/

Eu não tenho dúvidas de que é essa raça de católicos, gente que fala pouco e age muito, que sustenta a Igreja desde que eram apenas um punhado de galileus esfarrapados sobrevivendo ao império romano.

12 junho 2011

O SAPO E O ESCORPIÃO

Era uma vez um sapo e um escorpião que estavam parados à margem de um rio.

- Você me carrega nas costas para eu poder atravessar o rio? - perguntou o escorpião ao sapo.

- De jeito nenhum! Você é a mais traiçoeira das criaturas. Se eu te ajudar, você me mata em vez de me agradecer.

- Mas se eu te picar - respondeu o escorpião com uma voz terna e doce - morro também. Me dê uma carona. Prometo ser bom, meu amigo sapo.

Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e o levou nas costas.

Durante a travessia do rio, porém o sapo sentiu a picada mortal do escorpião.

- Por que você fez isso, escorpião? Agora nós dois morreremos afogados! - disse o sapo.

E o escorpião simplesmente respondeu:

- Por que esta é minha natureza, meu amigo sapo. E eu não posso mudá-la.


Eu tenho vocação pra sapo. Sou justa, lúcida, razoavelmente solidária e desgraçadamente crédula (modesta também, como se pode perceber!)

Tem lá sua beleza, claro. Mas depois de mais uma picada de escorpião eu tô pedindo arrego:

Oração da Moribunda Envenenada

Pai, se é da minha natureza ser tão idiota enton eu te peço mais um anjo de guarda. Um só não tem dado conta de me proteger nem de mim mesma nem dos escorpiões.

Com os bichinhos de verdade é fácil, basta manter distância ou pisar em cima. Mas com esses metafóricos eu sou obrigada a admitir que não sei o que fazer. AMÉM

29 maio 2011

DESCOLORINDO

Hoje aconteceu uma coisa que me deixou meio tristinha:

Desde bem novinha minha sobrinha gosta de brincar com tinta e caneta. Aos 2 aninhos ela riscou o sofá (branco, de couro, na sala!) eu perguntei:

- Carol, o que é isso?

Ela, com o sorrisinho angelical de quem fez uma merda mas sem o menor constrangimento:

- Ca-ne-ta!

Dai que hoje - aos 5 anos - ela limpou os pincéis sujos de guache na minha toalha de banho. Perguntei de novo:

- Carol, o que é isso?

Ela, com o sorrisinho angelical de quem fez uma merda, algum constrangimento e MUITA cara de pau:

- Não fui eu, dindinha!

É isso mesmo, minha gente? 3 anos é o máximo que dura a inocência das crianças?

Tá bom, estou sendo dramática, mas meu coração ficou apertadinho...

23 maio 2011

ORAÇÃO

Ontem eu vi um clip que funciona como um mantra. Um verdadeiro terço bizantino contra a ressaca moral que vinha me roubando o bom humor há mais de uma semana!

Um insight, sabem? A coisa mais óbvia do mundo e de repente vc entende! Te entra na cabeça, te desata o coração e aquela consumição toda, aquela vergonha por incorrer no mesmo erro, por apostar no cavalo manco de novo e de novo (e de novo, tsc) simplesmente não te pertence mais \o/

♬ coração não é tão simples quanto pensa! ♬

Coração não é um processo que a gente tenta otimizar. Nem o seu nem o dos outros. Se não obedece nem a si próprio, como esperar dele algum controle e bom senso? A gente espera assim mesmo, claro, e ainda bem que espera pq creio que é essa falsa sensação de auto domínio que mantem o mundo em níveis razoáveis de lucidez. Vez em quando alguém descarrila, surta, e o motivo lááááááá no fundo é sempre o mesmo:

nele cabe o que não cabe na dispensa!

Cabe um mundo de possibilidades, receios, achismos, não-ditos e ditos que já morreram no coração de quem disse mas seguem, vivíssimos, assombrando o coração de quem ouviu...

cabem três vidas inteiras

Cabe muita desimportância, coisas que já não fazem mais sentido ou nem são mais verdade. E cabe tanta coisa de valor! Dá praguiça de garimpar, vai doer fininho relembrar, mas - eu já disse isso numa situação beeeem mais trágica! - coração é relicário, minha gente. Tem que ser. Não pra incensar o ser que partiu mas pra guardar o bom que a gente foi capaz de entregar.

cabe o meu amor

Aquele que se perde aos poucos sem virar carinho enquanto eu insisto nisso de entender antes de sentir, aquele que vai empedrar se eu continuar racionando...

cabe nós dois

O que vc é e o que eu sou. Nossas projeções vão ter que ficar de fora. Excesso de bagagem, custei pra entender.


Enton, chega de churumelas. Pare de lamentar os enguiços alheios, criatura, que
já bastam os teus!

[comentário mal humorado do pequeno sabotador interno: - Oi Poliana! Que bom que vc voltou! Já estava com saudade. blergh.]


17 maio 2011

MUITO PRAZER, MEU NOME É OTÁRIA!

♬ Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
Peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça

Muito prazer me chamam de otário
Por amor às causas perdidas
.
Tudo bem, até pode ser que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem, seja o que for, seja por amor às causas perdidas

Muito prazer... Ao seu dispor!
Se for por amor às causas perdidas... ♬

Humberto Gessinger

Confessei há uns posts atrás que vivo me metendo em fiascos e que sou absolutamente incapaz de bom senso quando estou curiosa. [ow, ficou bem feio isso de se enfiar em buracos escuros, hein? hohoho]

Poize. Já voltei do país das maravilhas e do lado de cá, da entrada do buraco - já devidamente estapeada pela vida - a ressaca moral é sem precedentes.

30 abril 2011

SOBRE O PECADO DE ESTIMAÇÃO DAS MÃES

Quem conhece alguma mãe que diferencia o tratamento entre filhos e filhas levanta a mão e grita eeeeeeeeeeeeeeu!!!!

Desde que me entendo por gente sinto isso na pele. E vezenquanto sinto no coração, numa revolta tão grande quanto inútil pelo descaramento com que sra minha mãe protege meu irmão e me deixa na pista, como se a gente não tivesse saído do mesmo buraco: ela não é justa, não é coerente e nem sente aquela culpinha básica depois. Tropeça nos fiapos das suas justificativas e não raro nega todas as coisas mais idiotas que diz ou faz.

Eu acho que tanta obstinação em defender quem não está sendo ameaçado só pode ser inconsciente, mas na grande maioria das vezes - manda a verdade que se diga - saber disso não me ajuda em nada e eu passo hoooooras agonizando numa poça de coitadismo, espumando de ódio e impotência, torcendo pra que Jesus volte e dê um flagrante naquela arbitrariedade hohoho

Pois dia desses aconteceu de novo. Não cheguei a espumar afinal a gente vai se calejando com o passar dos anos e algumas coisas perdem a força, mas me doeu bastante ouvir o que ouvi, particularmente pq não tinha um pingo de verdade, era a mais pura mistura de teimosia com auto defesa. Dai que passei a manhã inteira choramingando com Jana no nosso chat corporativo até passar os olhos pela coluna de Ivan Martins na Época dessa semana.

Como filho único e caçula ele reconhece os privilégios que teve e considera a hipótese dessa proteção ter uma justificativa de ordem prática: "... É como se as mães intuíssem uma fraqueza e apoiassem quem precisava delas. Quem é forte ganha o mundo, quem é fraco ganha um carro..."

Continua sendo bem injusto mas faz todo sentido. Pelo menos na casa de sinhá.

O texto também traz uma "teoria da conspiração" (adorooooooooo! rs) Discordo dos argumentos mas a conclusão me parece bem razoável: as famílias parecem estar preparando melhor as meninas do que os meninos para lidar com o mundo.

Percebo que cada vez que levantei da minha poça de coitadismo jurando que não passaria por aquela situação de novo, mais do que envenenar a alma com sentimentos plebeus eu construi alguma coisa mais sólida. Acho que fui acurando meu senso crítico, me tornando mais capaz de empatia e solidariedade. Fui aprendendo a esticar os braços pra alcançar o que eu quero, já que esperar alguém pegar pra mim a vida vem ensinando que é perda de tempo.

Devo dizer que esse texto me caiu como um edredon em noite fria. Estou bem consoladinha, sabe? rs

Para além do ressentimento inevitável de quem se sente fora do ninho, há algum mérito nesse pequeno exílio: me ensinar a deixar passar o que passa \o/



(Ou não, né? Vai saber pra que buraco essa polianice toda me arrasta...)

10 abril 2011

TEMPUS FUGIT!

Eu disfarço bem, mas a verdade é que sempre fui meio Alice, aquela tonta que ouviu de um gato meio afeminado que 'pra quem não sabe pra onde vai qualquer caminho serve!'

Sempre vencida pela curiosidade, vivo me enfiando em buracos escuros - cientíssima do perigo mas incapaz de bom senso! - hiptonizada pela paranóia de coelhos atrasados pra vida...


Pois aconteceu de novo! tsc

Pra ser bem honesta é a 3ª vez que acontece com o mesmo ser e eu ainda não estou satisfeita. tsc²

Até quando minhas urgências vão me envergonhar desse jeito?


30 março 2011

ENTENDENDO TARDIAMENTE

Tem piada, já não se lembra do corpo dela. Só se lembra da sensação de lhe tocar. É como se tivesse esquecido a cor dos lençóis duma cama de hotel sem lhe esquecer o conforto. E é altura de se perguntar outra vez porque é que não se apaixonou por ela. Nunca percebeu, mas sabe que esteve sempre quase e nunca aconteceu. Foi um amor estéril, conclui. Os amores estéreis são esses, os que nunca o chegam a ser mas crescem na mesma, talvez como uma flor sem raiz.

Acha que ela também nunca se apaixonou por ele. Aliás, tem a certeza. Ainda bem, pensa. Só assim é que é possível dizer um até amanhã sabendo que é um até nunca. "Um dia destes telefono-te", disse-lhe ele. E ela sorriu sabendo que era mentira. Mas não se importou. Pelo contrário, foi um alívio.

Nunca acreditaram no toque um do outro, mas mesmo assim tocaram-se repetidamente. Precisavam de acreditar num toque qualquer e não havia mais nenhum. Às vezes é assim. Ambos tinham um Amor não correspondido e ninguém se acomoda à falta de correspondência. Aliás, foi nesse quarto de hotel que ela lhe disse que ambos tinham ficado sem casa, mas como ninguém gosta de ficar na rua refugiaram-se ali, num quarto de hotel e um no outro. Ele assumiu-se como um refugiado no Amor e a respiração tornou-se mais lenta. Nesse momento até o corpo amoleceu e precisou de um novo toque para endurecer.

Tinham-se conhecido uns dias antes, ainda ambos eram apenas um caco da destruição de um Amor anterior. Ainda ambos farejavam a cidade como cães anósmicos, à procura do que não havia, e acabaram por roçar um no outro. Tem piada ele já nem se lembra do que bebeu nesse bar. Só se lembra da sensação de estar a fingir um interesse que não tinha e de sentir que ela fingia o mesmo.

Talvez por isso tenham ido para um quarto de hotel: para nenhum deles dar mais de si do que devia. E fecharam-se ali, onde sabiam que o Amor não os encontrava para fingir que nem precisavam dele. Ele sentiu-se mais prostituto. Ela também. E soube bem.

Do Bagaço Amarelo

12 março 2011

Para o Pequeno Sabotador Interno

Venho por meio desta manifestar o meu repúdio pelo seu recente comportamento. Você estragou tudo, mais uma vez.

Quando me aprontava para sair, disse que eu estava feia. Quando experimentei outra roupa, insinuou que eu já não tinha idade para usar aquilo. Quando cheguei ao meu compromisso, não me deixou falar o que eu havia pensado. E no final ainda conseguiu me fazer ser grossa, apressando as despedidas... Ora, quando você irá crescer? Cansei da sua irresponsabilidade.

Compreenda de uma vez por todas que estamos no mesmo barco. Se afundo, você vai junto - será que esta metáfora não está óbvia o suficiente? Não me venha, portanto, com argumentos de homem-bomba. Se você discorda de mim tanto assim, por que não vai embora daqui de dentro? Abaixe esse punhal, apontado para as minhas costas, e cave com ele um túnel de fuga se for necessário. Não podemos é continuar desse jeito, nessa burra relação autodestrutiva, em que o conteúdo fura a própria embalagem! Até quando você me elogia é com o intuito de me derrubar, já percebeu? Faz com que me acredite linda e sagaz para no instante seguinte rir dos meus tropeços. Dizendo "não falei?", com aquela sua cara de madrasta. Torpedeando minhas forças ainda durante os planos de ataque. Minando meus passos ao pisá-los comigo...

Chega, então. Paremos com isso antes que acabe em tragédia. Antes que, na falta de um gesto meu por você evitado, eu desabe em escombros. Quero, mais do que nunca, me arrepender depois do que digo e do que faço. Abro mão, com alegria, de todos os seus péssimos sábios conselhos. A vida é curta demais para tamanha precaução e longa demais para se repetir os mesmos erros. Sim, cheguei a me divertir em sua companhia, quando ainda conseguia ver algum charme no insucesso. Tempos passados. Hoje, luto com unhas e dentes para que tudo dê certo. E das suas idéias, sempre cheias de lógico pessimismo, preciso distância.

Não pretendo, porém, uma separação litigiosa, pois sei que você conhece todos os meus pontos fracos e aguarda apenas uma boa oportunidade para atingi-los com suas observações de última hora, mortalmente precisas. Proponho, isto sim, um cessar-fogo: você deixa de me dar conselhos e eu imediatamente deixo de segui-los. Parece-me uma trégua justa. Não te desejo mal — entendo que você fez o que tinha de fazer, muitas vezes com a minha velada cumplicidade. Mas estou pronta a ir até o fim nessa luta, a tirar você de mim quanto antes. Saiba que a partir de hoje você está como imigrante ilegal aí dentro. E pode até conseguir fugir por um tempo, escondendo-se em subterfúgios.

Seus dias de impunidade, entretanto, estão contados. Se você não me atrapalhar, é claro.

Fernanda Young

22 fevereiro 2011

SOBRE A INTOLERÂNCIA NOSSA DE CADA DIA

Pra ler ao som de Blues da Piedade, Cazuza

Vcs já receberam um e-mail supostamente enviado por uma psicóloga com o assunto "Cazuza, um idiota morto"? Pois dia desses recebi de novo e de novo eu respondi com cópia pra todos. Eu sempre caio nessa tentação rs

Na primeira vez o "fórum" que se formou foi bem mais legal: discutiu-se a formação do senso crítico do expectador. Todo mundo respeitando as opiniões alheias, com argumentação coerente e tal e tudo. Já na segunda, foi decepcionante: a criatura que replicou sequer leu o que escrevi! Saiu cuspindo frases feitas e sem se dar conta acabou repetindo no final EXATAMENTE o que eu já tinha dito. tsc

Eu confesso que sempre me divirto muito nesses debates virtuais! Acho interessante a reação das pessoas quando seus argumentos são contestados. De maneira geral, mudam o rumo do que está em pauta e simplesmente ignoram o que é dito em contrário do que pensam. Acho interessante² quando alguém me mostra alguma coisa que eu não tenha enxergado ainda.

Confesso também que gosto do papel de advogado do diabo. Não só pelo prazer de contrariar, mas também pelo saudável exercício de ver o outro lado, já que todo ponto de vista é apenas a vista de um ponto. Idéias muito cristalizadas me atentam, sabe?

Mas o que eu queria contar mesmo é no que vim pensando na volta do trabalho: que a gente tem dificuldade pra aceitar opiniões divergentes é de domínio público. Humano, ridículo e limitado, mas acontece desde que o mundo é mundo. E precisamos fazer alguma coisa com isso!!!

O mundo árabe suporta regimes totalitários há 30 anos precisamente pq o povo perdeu a capacidade de questionar, de divergir. Atrocidades são cometidas em nome de Alah, mentiras são ensinadas de geração em geração, todos são doutrinados à obediência cega... e não só lá: na Tunísia ou no Irã, em Israel ou na Coreia, na Venezuela ou em Cuba, a desgraça dessas sociedades é a mesma: não poder debater suas idéias, não poder se perguntar 'mas e se não for só isso'?

Acabei concluindo que não precisa se chamar Mohamed qualquer coisa, basta ter uma convicção beeeeem enraizada pra gente - e a começar por mim - tentar roubar dos outros o direito de pensar diferente.

♬ Senhor, piedade!
Nos dê grandeza e pouco de coragem! ♬


18 fevereiro 2011

OS ESTATUTOS DO HOMEM

Santiago do Chile, abril de 1964.

Artigo I - Fica decretado que agora vale a verdade. Agora vale a vida e, de mãos dadas marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II - Fica decretado que todos os dias da semana inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III - Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV - Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único: O homem confiará no homem como um menino confia em outro menino.

Artigo V - Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Artigo VI - Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII - Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII - Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX - Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X - Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida, uso do traje branco.

Artigo XI - Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII - Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Artigo XIII - Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Artigo Final - Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

Thiago de Mello

31 janeiro 2011

REPUBLICANDO...

... por conta do livro que estou relendo e da terapia que retomei:

QUANDO NIETZSCHE CHOROU

Pauta reincidente na terapia. Diliça ouvir terapeuta impune e sorridentemente dizer que sou "meio Nietzsche"...

- aff, enton tu me acha tão cabeça dura assim?
- vc é brilhante, querida. Quando cuida dos outros.

Taquipariu. E a gente ainda paga pra ouvir isso!

O livro agride, tá? Agride pq eu sou um cadim de cada um das personagens. Sou o cabeça dura do Nietzsche e sou o Breuher a beira de um surto. Sou o Freud que desconfia de motivações apenasmente conscientes. Sou Lou Salomé no seu absoluto domínio de si e Bertha em sobrevida lunática.

Como Nietzsche, também acho que os medos não brotam das trevas... eles são como estrelas, estão sempre ali, obscurecidos pelo clarão do dia;

Como Lou Salomé, também espero o dia feliz em que nem o homem nem a mulher sejam tiranizados pelas fraquezas mútuas;

Como Breuer, também acredito que todos precisam amar uma alma rica e ousada pelo menos uma vez na vida;

Como Freud, também acho difícil analisar a própria psique, o que seria obviamente facilitado por um guia objetivo e informado;

Como Bertha, não consigo falar meu próprio idioma.

Como pode caber tanta gente numa mesma pessoa? E eu, o que sou no meio disso tudo? Até quando eu vou ser assim, cheia de perguntas inúteis?

Pra vcs algumas pérolas que ainda vão me tirar continuam a me tirar o sono:

"... Desespero é o preço pago pela autoconsciência..."

"Nossa responsabilidade para com a vida é criar o superior e não reproduzir o inferior"

"Qto mais fértil o solo, mais imperdoável é o fracasso em cultiva-lo"

"Talvez viver de maneira segura seja perigoso. Nosso maior desafio é viver a despeito desse fardo."

É frustrante perceber que meus dilemas só mudam de roupa, viu?

20 janeiro 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA...

CONVITE

Vamos, meu amor

nos encontrar às escondidas dos nossos inimigos?

Vamos, vamos, meu amigo

nenhum deles saberá!

Vamos, de um jeito sagaz, armar,

de modo que o rancor não encontre coleguinha,

ressonância, par?

Vamos nos articular, pianinho,

de modo que o orgulho, esse “ervo daninho”,

de sinta sozinho e sem lugar?

Vamos combinar de nos encontrar tão gostoso,

de modo que o garboso, bobo, inútil orgulho,

aquele que sempre superior se sente,

se veja ali, sem ambiente?

Vamos, meu amor,

O amor arapucar,

de modo que a mesquinharia sinta logo que errou de ponto,

que falhou de lugar?

Vamos, meu amor, meu cúmplice,

nos organizar,

Para que a gosma do ressentimento perceba logo

que se enganou de bar?

Vamos logo, amor,

Para um bom lugar, onde a razão conceda ao perdão

o poder do sol,

que é de iluminar?

Sem aqueles demais, só com nós dois,

e em paz,

vamor rir,

rir de amor,

de puro amor,

vamos rir de chorar?

Vamo, amor?

Elisa Lucinda em " A Fúria da Beleza"


26 dezembro 2010

INDIGNE-VOUS!

Parece que um livrinho, "quase um panfleto", fez sucesso na França neste Natal. Em 30 páginas um velhinho dizendo às pessoas: Fiquem indignados! Stéphane Hessel incita ao não conformismo político. A matéria que li a respeito segue a mesma linha e até faz uma lista de 10 coisas pra gente se indignar no Brasil.

Mas eu trouxe a coisa pra realidade do meu infinito particular: fiquei pensando em tudo que me tira do sério, lembrei de pessoas e situações que já tiveram esse poder, mas que hoje em dia descansam em paz no meu jardim das indiferenças... me achava a bala que matou Kennedy meio que vitoriosa por enterra-los todos lá - e nem lhes levar flores no dia de finados!!! - até bater os olhos nisso:

A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices.
Albert Camus

Calmus também estava falando de política, mas sua frase me agrediu assim mesmo. rs

Perdi horas, tristíssima, imaginando quão menos gente me tornei ao aprender a arte de me desligar do que me faz mal. Por outro lado - me consolei - há uma infidade de coisas que quase me cegam o juízo de tanto que irritam. Na verdade antes das lentes de Calmus, antes de considerar que a indignação nos esquenta o sangue, nos mantem vivos, eu só pensava que era um sentimento menor e inútil, já que de maneira geral a gente se gasta sozinho, tomando veneno e esperando que o outro morra. Não é verdade que enquanto a gente definha em ódios, invejinhas e coitadismos os causadores ignoram solenemente nosso calvário?

Mas é verdade também que engolir sapos faz mal pro corpo e pra alma... (Já rascunhei uma tese sobre isso. rs) Há de se encontrar um meio termo razoável.

Portanto, parcos e queridos leitores desse rascunho, o que eu desejo pra 2011 e pro resto de nossas vidas é que a gente nunca perca a capacidade de se indignar:

com gente que destrata garçons, frentistas, caixas de supermercado e etc;
que joga lixo pela janela do carro;
que acha que tem que levar vantagem em tudo;
que não tem controle sobre os próprios filhos;
que reclama do mundo mas não move um músculo pra torna-lo mais habitável;
que não tem paciência com velhos;
que não luta pelo que quer;
que abusa da boa vontade alheia;
que não paga suas dívidas;
que vampiriza os pais, amigos e subordinados;
e claro,
com gente que machuca os outros, gente que não sabe amar

De minha parte, seguirei eternamente indignada com que
dá abraço curto pra não sufocar ;
que não me trata com o respeito que mereço e me nega o pouco que consigo admitir que preciso;
que passa meses sem me ver e quando me encontra não tem nada a dizer;
que não dá feedback;
que "filtra moscas mas engole camelos";
que se encolhe e espera as nabas se resolverem sozinhas;
que faz chantagem emocional;
que diz que não sabe por preguiça de responder ...


Boas entradas pra todos, viu? hihihi

11 dezembro 2010

CLARA DEL VALLE ARMADINEJAD PIMENTEL

Ninguém mais aguenta falar de Morro do Alemão, né? Eu sou assim mesmo, sempre an retard...

Mais uma vez o inferno inteiro vai babar de orgulho de mim, mas eu acho que naquele dia a polícia devia ter atirado na mulambada! Pronto, falei.

Tá armado pq? Tá correndo pq? Fogo neles! DIREITOS HUMANOS SÃO OS NOSSOS!

Eu reconheço que os bandidinhos que ainda estavam lá na hora "da invasão" não são os piores, mas vem cá, ia dar pra prender todo mundo? Se desse, com o sistema penitenciário vigente, é possível recuperar alguém? Reconheço também que enquanto a polícia continuar facilitando a vida de traficantes e fingindo que milicianos não existem, esse povo não tem muita escolha...

Mas eu queria falar mesmo é dessa coisa de "tropa de elite em 3D": onde estavam esses blindados que não entraram em cena antes? (Sabemos que num país que viveu anos de chumbo pega muito mal sugerir que militares policiem civis, mas enfim, a pergunta continua não querendo calar...) Pq da noite para o dia a polícia do RJ ficou bem aparelhada e competente? Pq o disk denúncia bombou daquele jeito? Se todos - polícias, governo, comunidade, imprensa - sempre estiveram no mesmo lugar, pq só agora resolveram agir em conjunto?

Nem estou aqui desmerecendo o trabalho deles, não. Apesar da pilhagem, abusos e propinas, a polícia agiu e isso já é alguma coisa. Mas gentem, quantos morros existem no RJ? E quando passar a copa e as olimpíadas, vai voltar ao mesmo caos de sempre? Aliás, de sempre não, com mais um rombo orçamentário para cobrir.


Não precisa ser capitão do BOPE pra saber que bandido só é muito macho e perigoso quando está dando ordens pelo celular. Desarmado é como qualquer mortal: vai correr enquanto tiver pernas! Parece meio óbvio que enquanto for fácil conseguir armamento pesado, não vai ter UPP que dê conta. E enquanto o comércio de drogas for lucrativo, não há motivos pra essa gente querer outra vida.

Pacificação de favelas é um projeto de longuíssimo prazo e demanda várias frentes de atuação: educação, inclusão sócio-cultural, reestruturação familiar... não se resolve num só mandato. Talvez nem em 10.

28 novembro 2010

CANÇÃO DA DESPEDIDA

Vinícius de Moraes disse e Can repete com confiança: domingo é dia que não quer ver ninguém bem. 

De maneira geral eu até concordo com eles. Mas hoje - em descarada afronta ao postulado do poetinha - me aconteceu algo bem feliz: um lapso de lucidez, um passo a frente apesar dos meus tantos enguiços. Deixa eu contar:

Meus parcos e queridos leitores sabem que eu o-d-e-i-o coitadismo. E foi só por isso que tentei manter a dignidade e não contabilizei aqui todos os hectares de capim que comi por conta de cabeça de bacalhau. 

Eu saí da estrada há muito tempo atrás
Indo atrás de uma miragem que desapareceu
Só os loucos acreditam em fantasmas
Como amor eterno que alguém prometeu
Eu dei mais do que podia e isso não bastou
Mas um dia a gente acorda e a febre já passou... 


Pois passei esses meses todos praguejando baixo, humilhadinha e perplexa com tudo que (não!) aconteceu. Procurei não encher as pessoas com essa história, mas a verdade é que passei beeeem mais tempo do que o aceitável de luto. 

Dessa vez perdi o rumo e a medida
Fiquei tão fraco quanto alguém pode ficar
Nessa viagem quase cego eu te seguia
E fazia quase tudo pra agradar
Eu tentava acreditar que isso é que era amor
Eu estive tão doente e agora já passou... 


Verdade também que eu estava enlutada mas não estava dormindo de modo que à revelia de todos os prognósticos conheci um mocinho que ajudou bastante no processo de desapego hohoho Dai que mocinho novo + meu esforço pessoal + passar do tempo = serenidade!

Hoje me dei conta que cabeça de bacalhau descansa em paz,  no Céu dos Interesses Unilaterais e como eu não estou mais bancando a viúva inconsolável, nada mais prende essa alma à terra e ela pode finalmente encontrar a luz e parar de me assombrar. 

hoje estou de volta à vida e pra você essa é a canção da despedida!!! 

N.A.: Seria desonesto de minha parte omitir que o mocinho novo em questão está de malas prontas pro Inferno do Bem Feito, Eu Te Avisei! tsc Parece que ele não quer ser nada além de um coadjuvante. (e que eu não aprendi tudo que devia sobre "reincidências" tsc²)

11 novembro 2010

MEMORIA SENSORIAL

Eu viajo nas possibilidades do cérebro humano... uma perfeição inalcançável. De tudo que ele consegue fazer sem a gente entender perfeitamente como e pq, o mais legal pra mim é linkar os sentidos às coisas que nos acontecem.

O meu sentido preferido é o TATO. Toque é TUDO nesta vida... hum... Sou dessas que enxergam com as mãos, sabe como? Maaans quando o assunto é lembrança, é o meu OLFATO quem dá show: se eu sentir o cheiro, sou capaz de lembrar de vários detalhes. Voltar no tempo mesmo. Sensacional

Tem um creme de cabelo que eu usava quando ensino médio ainda era 2º grau. Tem mó tempão já, mas é só ve-lo na prateleira que eu abro o frasco pra sentir o cheiro de algas marinhas!(quem sabe qual o verdadeiro cheiro de algas marinhas???) Consigo até ver o uniforme, os cadernos sobre a cama, o estojinho retangular onde só cabiam 3 canetas... 

E os perfumes? Atualmente tenho 14 e praticamente todos eles me lembram alguma coisa. E exatamente por isso eu não consigo jogar o frasco fora! Quando passa da metade eu começo a - sovinamente - economizar... Tenho ainda um que ganhei no meu aniversario de 15 anos. Ele é a única lembrança forte que tenho do dia. 

Cheiro de couro lembra uma bota branca escalafobética q eu tive;

Cheiro de Farinha Lactea lembra a minha vó;

Cheiro de cloro lembra meus tempos de natação. brrrrr odeio água fria!

Cheiro de Caladryl lembra verão em Cabo Frio;

Cheiro de cuba-libre lembra um porre fe-lo-me-nal e me embrulha o estômago;

Cheiro de omelete beeem tostadinho lembra um cara que morou comigo na época da faculdade;

Cheiro de Vick lembra a Beatriz, o Dudu e nariz entupido de noite...

Estou republicando isso que escrevi em 2005 só pra contar uma coisa que me aconteceu hoje. Mas queria dizer antes que não tenho mais 14 frascos de perfumes, que já joguei fora esse que ganhei aos 15 anos mas ainda economizo quando um deles chega na metade.

Bem, bora lá: estava eu tentando dormir no trajeto pra o fábrica quando entra no onibus um ser h-i-p-e-r cheiroso. Não abri os olhos pra ver quem era pq eu me conheço, sei que ia começar a fantasiar coisas só por conta disso. Dai que me lembrei instantaneamente de um outro ser que não vejo há anos - que, aliás, mal falo hoje em dia - e que usava o mesmo perfume. 

Pois lembrei com riqueza de detalhes e passei o dia todo assombrada pelo cheiro de Litlle Ghost Ghost. tsc Oscilando entre a raiva de não poder fazer nada pra me livrar disso e a curiosidade por tudo que podia ter sido e não foi. 

COMO ASSIM, BIAL? Como assim um mísero perfume tem o poder de neutralizar tudo de tosco que aconteceu e me despertar as querências desse jeito?

N.A: vcs sabem que nome tem isso, né? Capetice, minha gente. Estou
caçando piolho em cobra, roubando de mim mesma, procurando sarna pra me coçar...