28 maio 2009

ESSE VAZIO ENCHE

Confesso minha necessidade de entender qual a verdadeira mensagem que a pessoa quer passar. Isso já resultou em interpretações lamentáveis. Por sub ou super estimar a pessoa que estimo. Sim, porque aos outros me detenho a apenas pedir "desculpas" ou dizer que "não há de que" nesses casos. Respectivamente.

Inspirada pela catarse dessa moça, sempre tão contida e sobre-todas, que raramente publica coisas mais viscerais, cá estou pra fazer coro: eu tb preciso entender!!! Não ditos me gastam, de entrelinhas bastam as minhas e elas estão restritas ao rascunho. Na vida real eu preciso é de consistência.

E em busca de uma pretensa - e per si inatingível - exatidão eu encho o mundo (e as pessoas) de perguntas: como assim? Como assim não sabe? Como assim inseguro? Como assim feliz? Como assim triste? Como assim ansioso? Como assim apaixonado???? Numa única frase quase nunca cabe tudo que eu quero saber. tsc

É que eu sou hiberbólica e (por isso?) o mundo me soa eufemista:

- Tudo bem?
- Tudo.

Como assim t-u-d-o-p-o-n-t-o??? Tudo como? Tudo quanto? Tudo tudo? Ou tudo mais ou menos? O que vc quis dizer com isso? Tanta concisão meio que agride minha indiscrição nata, sabe? Custa tanto assim mais dois pontinhos? Reticências me dariam algum espaço para seguir invadindo: - Enton me fale do tudo!

A linguagem/comunicação dos outros é fática e a minha, metalinguística (que pretensão pouca é bobagem). Sempre quero enxergar além do que se vê, o que é lindo mas deve ser um fardo bem pesado pros meus amados hohoho

Mas... e o silêncio? O que você não quis dizer com isso? O que REALMENTE você NÃO quis dizer com isso? Se as palavras têm suas armadilhas, o que dizer do silêncio ensurdecedor? Por amostragem de quem pouco sabe da vida simplesmente porque ainda pouco viveu, digo que na maioria das vezes tomo como falta do que falar mesmo...

Mais: o que depreender do silêncio? (daqueles reticentes, cruéis, ok?) Covardia? Falta de assunto pura e simples? Maldade? Generosidade? Mansidão? Cansaço? Desistência? Incompetência? Canhestrice? Eu não sou tão magnânima quanto Talinha e nunca acho, nem nos sonhos mais rosinhas, que silêncio possa ser algo tão isento de culpa ou dolo.

- O que vc não quer dizer? Pq vc não pode dizer? O que vc quer não dizendo?

E assim eu - o avesso da escassez alheia - vivo me afundando, verborrágica e levemente paranóide, nos abismos entre o que me dizem e o que entendo. tsc Quanto desperdício de energia!


21 maio 2009

MURPHY E EU

Affair antigo nós dois. Uma relação de amor e ódio, obsessiva, desgastante, que mina toda minha resistência e bom humor.

Eu nem ia contar aki mas finalmente vou me livrar dos meus miomas. Já que deu tudo errado (ou tudo muito certo, vai saber!) bora lá reclamar da vida:

Quem me conhece sabe que eu morro e ressuscito ao 3º dia mensalmente: cólicas absurdas e sangramentos mais absurdos ainda. Dai que depois de uma ultra som, uma videohisteroscopia e uma ressonância magnética inesquecível, eis que descobri que os culpados pela minha vida severina são 2 leiomiomas submucosos adultos e bem nutridos (tenho tb um leiomiominha subseroso bb praticamente inofensivo ainda)

Como agora eu sou uma mocinha que trabalha e que está gostando muito do emprego novo, não poderia me dar ao luxo de 20 dias de resguardo, né? (e tem graça fazer resguardo sem ter parido!?) Dai que optamos por um procedimento menos invasivo, delicadinho mas bem simples, que me renderia apenasmente 2 dias de dispensa médica. Mais alguns exames, idas ao hospital e uma avaliação anestésica depois, finalmente marcamos uma data (tipo, uma eternidade se passou desde o diagnóstico!)

Seria hoje, pessoas!! Mas a médica que iria auxiliar a cirurgia tem um paciente em risco de morte e não pôde vir. E a minha médica não encontrou mais ninguém pôr no lugar. E eu nem posso reclamar, afinal não estou morrendo. Detalhe: ela não sabe quando poderá me operar!!! grrrrrrr

Dai que pessoa comunica RH, gerentes e supervisora, envia e-mail esmolando visita, põe comunicado de ausência temporária, desvia as ligações do seu ramal e vai trabalhar no outro dia!

Brilhante, Murphy! Vc se supera! tsc

18 maio 2009

MY ZINC BED

Foi o filme que salvou meu domingo.

Me prendeu a atenção quando começou a questionar com lucidez - e a crueldade inerente a - o papel dos Alcoolicos Anônimos na vida do dependente químico. O discurso de uma das personagem é que o grupo está menos interessado na cura do sujeito e mais na sua ativa participação nas reuniões de apoio. Ele sugere que o AA funciona para afastar o alcoolatra dos bares e de todas as ocasiões que envolvam ou conduzam à bebida mas todas as "estratégias" para ajuda-lo a não tomar o primeiro gole acabam por minar sua auto estima, convencendo-o da sua total incompetência diante da vida e, por tabela, diante de tudo e todos que possam levá-lo a beber.

Bem, sempre tive comigo a idéia - impronunciável claro! - de que havia alguma coisa errada naquela coisa de "Admitir que somos impotentes perante o álcool - que perdemos o domínio sobre nossas vidas" Do topo da minha sobriedade eu achava que sim, as pessoas perdem o prumo. Sim, o vício é uma praga, uma doença. Sim, sem ajuda é muito difícil andar pra frente. Maaaaaas qdo eu conversava com adictos em tratamento eu encontrava neles o mesmo discurso depreciativo e outras variantes de dependência. Os caras trocaram os porres por uma vida blindada, avessa a emoções fortes com as quais haviam lhes dito que não eram capazes de lidar. Ok, não resta dúvidas de que a troca parece a mais acertada e libera família e amigos pra viverem suas vidas em paz. Mas qual o preço?

Informar um alcoolatra de que ele bebe pq não tem controle sobre si resolve 1/2 problema e cria pelo menos mais 1: se ele não tem, vai precisar ter por perto alguém que assuma esse controle, e isso é, sem grandes floreios, transmitir aos outros uma responsabilidade que é sua. Eu já passei pela constrangedora situação de oferecer bebida a um alcoolatra e receber olhares fuzilantes. Na época lamentei tanto quanto não oferecer refrigente diet ao diabético que também estava conosco... ok, não me custa ser complacente por 2 ou 3 hrs, mas acho injusto que pais, mães, maridos, esposas, filhos etc sejam escalados como anjos de guarda eméritos. A pessoa precisa se comprometer consigo mesma, do contrário nada funciona. E se aparentemente funciona, estraga alguma outra coisa.

Dai que estender essa estratégia de preservação às religiões foi um passo curto: é um outro achismo, mas esse discurso temerário de que o mundo é mal e que é preciso renunciar a ele pra ser feliz é deixar o padre/pastor decidir por vc. (e há ecos desse pensamento em todas as religiões: é o mesmíssimo nirvana budista, só que esse tá mais na moda.) Claro que não estou cá a pregar o hedonismo, quem me conhece sabe que sou uma santa... rs mas o fato é que nossa vida tem que ser feita de nossas escolhas e não as dos outros. As deles nos servem - quando muito - de inspiração.

Outros temas igualmente nevrálgicos se desenrolam a reboque: por ter uma auto estima comprometida, os adictos morrem de culpa o tempo todo. Por serem conscientizados de sua inépcia emocional e social, sabotam suas boas iniciativas e desacreditam de suas qualidades. E algo que me comoveu muitíssimo: com que espontaneidade que discursam contra si mesmos! Dão sólidos argumentos pra provar o quanto não são confiáveis!

Muito grata a Deus por não ter nascido com essa inclinação, sensibilizada até as lágrimas pela vida cachorra que essas pessoas levam,
(e, claro, meio besta por ver meus achismos mais uma vez virarem filme hohoho) fico pensando em que pedaço do caminho suas almas se estilhaçaram desse jeito...

11 maio 2009

ERRAR É APRENDER

Como já disse no post passado, estou lendo "Doidas & Santas" da Martha Salve Salve Medeiros. (e isso deveria melhorar um pouco o nível dos meus rabiscos. Ela sempre me dá ótemos motes...rs) Eu sentei com a idéia de escrever em cima de uma das crônicas, Obrigada por Insistir, que ela dedicou aos "empurradores", a todos aqueles que testemunham os titubeios alheios e dizem: vá em frente! Dai comecei a pensar nas pessoas que já me empurraram nessa vida, em todos que - em atos, palavras ou omissões - me obrigaram a fazer alguma coisa por mim, desenvolveram minha resiliência, e, o-b-r-i-g-a-d-a para sempre, não me deixaram empacar no coitadismo.

Dai que, claro, acabei fugindo um pouco da idéia inicial. Mas bora lá:

Obrigada Wlader, por me ensinar que amigos e chefes não habitam o mesmo corpo.

Obrigada Deinha, por ser uma excessão a regra acima. (e me ensinar tanta coisa de excel!)

Obrigada Vinícius, pq depois de vc eu nunca mais vou deixar meu senso de civilidade engolir meu amor próprio.

Obrigada Clau, por me ensinar que amigos nunca fazem nada imperdoável. Se fazem não são amigos.

Obrigada Lica, por me ensinar que amizade pouco tem a ver com frequência e por sempre me dizer o que é pra dizer e não o que seria bom de ouvir.

Obrigada Ric, por aquela historinha de treinar cachorros. Foi de uma delicadeza que a gente nem é capaz. hohoho

Obrigada Flavin, por me ensinar que não tentar é desmerecer a possibilidade de conseguir.

Obrigada Bibia, pq suas ausências me ensinaram a amar com gratuidade.

Obrigada Beta, por me ensinar que ser gentil é mais importante do que estar certa.

Obrigada Luciano, por dar novos tons a alguns aspectos monocromáticos de mim. Sua tibieza só serviu pra mostrar que algumas coisas tem mesmo que acabar antes do final, melhor que seja assim.

Merci beaucoup!!!

Thank you so much!!!

Mille grazie!!!

Muchas gracias!!!

Herzlichen dank!!!


06 maio 2009

QUE LIVRO VC É?

Vi isso lá na Dani e parei tudo pra ir ver que livro sou eu...rs

Pode dar dois resultados? Como assim?

"O primeiro amor passou / O segundo amor passou / O terceiro amor passou / Mas o coração continua". Estes versos tocam você, pois você também observa a vida poeticamente. E não são só os sentimentos que te inspiram. Pequenas experiências do cotidiano – aquela moça que passa correndo com o buquê de flores, o vizinho que cantarola ao buscar o jornal na porta – emocionam você. Seu olhar é doce, mas também perspicaz.

"Antologia poética" (1962), de Drummond, um dos nossos grandes poetas, também reúne essas qualidades. Seus poemas são singelos e sagazes ao mesmo tempo, provando que não é preciso ser duro para entender as sutilezas do cotidiano.









Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não. A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.




Engraçado que estou mesmo lendo esse livro... Aliás, eu ia usar umas das crônicas como base pra um texto daqueles que há meses não se vê por aki ... rs

E vcs, pessoas, que livro seriam???

02 maio 2009

FERIADO CHEIO DE EMOÇÃO!

Enton que finalmente eu fui ver as Prateleiras do Parque Nacional do Itatiaia!

Gab, meu anjo mais novo, me salvou mais uma vez e lá fomos nós:

06:30 - eu em frente a minha casa esperando por ele, que tinha entrado numa rua errada. (e ele na porta de outra casa, em outra rua errada!)

10:00 - início da "escalaminhada" que nos levaria (quase 3 hr e muitos obstáculos depois) à base do Pico das Prateleiras.

13:00 - ambos congelando lá em cima e lamentando muitíssimo a neblina que literalmente embaçou a beleza de nossas fotos.

A caminhada é grau de dificuldade 3 a 4; a "escalaminhada", grau 5 a 6; as mãos voltam esfoladas; as pernas não obedecem... (e adicionalmente, que Murphy não dorme nem cochila, ainda pisei de mau jeito na metade do caminho e segui com o dedão latejando até lá em cima... mas como não há nada ruim que não possa piorar, o esforço físico - ao qual meu corpo j-a-m-a-i-s se acostumará - provocou mais um dos meus sangramentos inconvenientes. aff) mas eu faria tuuuuuuuuuuuudo de novo!!!

Saldo: um dedão doendo mais que o resto do corpo, uma máquina fotográfica avariada (e uma bronca de mãe por conta de), muitas fotitas lindas, e uns 5 anos de rejuvenecimento
\o/

Lição do dia 1: Foto adiada é foto perdida! Lá em cima a neblina tem vontade própria e temos que aproveitar os raros momentos de distração dela se não quisermos ter fotos com fundo cinza- sem-graça.

Lição do dia 2: Pra ir todos os santos ajudam... mas pra voltar, meu amigo, o caminho dobra de tamanho e vc triplica de peso.

Dêem um confere nas fotitas e digam se não vale cada pedra que a gente tropeça:

E digam tb se o Pico das Prateleiras não é um casal se abraçando...