19 fevereiro 2009

O MEU CARNAVAL

Pessoas amadas, eu continuo sem assunto mas não poderia deixar de vir contar que estou indo ali abraçar alguém muito amado e ver umas coisas bonitas certamente nascidas antes do 6º dia da Criação, quando Deus Paizinho contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom.

Há tempos que quero conhecer, mas como é meio longe e quase ninguém gosta de ecoturismo, só agora que o universo conspirou... só não sei dizer se contra ou a favor:

horário do voo (com ou sem acento?) dificultando significativamente a chegada ao aeroporto;

uma zica inexplicável no meu cartão de crédito me fez pagar 110 a mais pelas passagens por conta de alguns dias: tentei comprar, o cartão não passou; descobri a zica e enquanto o banco consertava a GOL atualizava o preço;

demoramos pra fechar a pousada e a diária subiu de 65 para 100;

dormi na piscina dia desses e ganhei um bronzeado frontal bacana (e tb a expressa proibição de tomar sol sob pena de manchar - mais - a minha pele);

do lado de lá, o chefe do Ric garfou sem cerimônia alguma 1 dia do feriado dele;

dias depois, Ric é engolido por um buraco e fode o carro de novo;

Mas agora que eu decidi que não vou mais deixar de fazer as coisas só pq Murphy gosta de me dificultar a vida, eis que estou juntando meus paninhos e partindo pra Chapada dos Guimarães!!!! UHUUUUU

Volto cheia de fotos. ( e uns 5 anos mais nova, certeza!! rs)

07 fevereiro 2009

SOBRE O MEDO DE SE APAIXONAR


Pela mais absoluta falta de coisas publicáveis pra dizer, deixo vcs em melhor cia. Estou inteirinha nas estrelinhas, devidamente negritada em frases que eu mesma poderia escrever, se talento tivesse.

Você tem medo de se apaixonar.

Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas.

Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia.

Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz.

Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira.

Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha.

Você tem medo de já estar apaixonada...
__________________________
Fabrício Carpinejar em "O Amor Esquece de Começar"