29 agosto 2007

PERTENCER

... Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso...

Bingo Clarice! Passei esses anos todos sem saber, mas ciente da minha pobreza, me acostumei a pedir pouco já prevendo não ter o que oferecer no caso de alguém precisar.

Pedir pouco. Esperar pouco. Desejar pouco. Sonhar pouco. Precaução dos infernos! Só pode mesmo ser capetice uma alma habitualmente perdulária ser capaz de tanta avareza emocional. Sim, pq por aqui - no nível anterior às atitudes - tudo é extremado. As coisas mais bestas me levariam às lágrimas, se chorar fosse um sentimento sem correspondentes físicos visíveis, se fosse um movimento inverso, de fora pra dentro, sabe como?

Dai que emoções reincidentemente solitárias padecem de sentido. (e é de propósito que não troquei por carecem, pois qdo só carece, a falta dói menos, parece.) O tempo e a incapacidade de partilhar acabará por torna-las patéticas. MEDO

Mas meu instinto de pertença é tão nato... e - como o de Clarice - se alimenta da minha própria força: preciso pertencer para que ela não me seja inútil, para que fortifique as coisas e pessoas que me cercam.

6 comentários:

Anônimo disse...

Estou carente de pertencer, irmã.

Beijo... saudades de vc

Nanda Nascimento disse...

Não devemos preocupar o quando damos a alguém, e sim o ato em si, este vale muito mais do que imagina!!
Abraços!!

Haya disse...

A tal vidinha mais ou menos né. Pois eu já estou de saco cheio da minha.

Anônimo disse...

Esta nossa eterna e insaciável necessidade de ter uma testemunha para a grande importância que é nossa vida...isso explica nossa incrível necessidade de buscar alguém.
Mariah

Jana disse...

Eu tb sou carente de pertencer, mas eu sou tudo, quero tudo, peço tudo, e dou tudo, no fim da quase a mesma merda que não pedir e não dar nada!

Beijos

Anônimo disse...

"carente de pertencer"

muitas coisas me vém a mente neste momento, ou melhor, sentimentos.

Em dados momentos, confesso com todas as letras minha ganancia e exigencia por pertences simplorios, apenas corpo & alma.

O que incrivelmente é tão pouco, mas de tão grande valor, que pouquissimas pessoas os tem.

Então fica a febre de sentir de forma latente e acumulada.

E na mesa uma taça para brindar a vontade de "pertencer".