26 janeiro 2008

SOBRE O CERTO, O ERRADO E TODO O RESTO

Ontem a noite revi pela 3ª vez "Cazuza, o tempo não pára" e me lembrei de um texto que escrevi quando vi no cinema. E como continuo sem assunto e o sentimento é mais ou menos o mesmo da época, republicar é mais do que esperado, quase necessário:

... já tinha até esquecido que ele tem umas sacadinhas assim, despretenciosas, soltas nas cenas. (que, aliás, eu queria mto saber se seriam delicadezas do roteirista, contribuições de Lucinha Araujo ou legado do próprio Cazuza!) Vcs botaram reparo naquela da sauna, Cazuza e papai conversando e do nada uma frase digna duma mesa de boteco (ou das nossas mesas de canto, hein tri?): - existe o certo, o errado e todo o resto ?

Abre parênteses: a interpretação irrepreensível de Daniel Oliveira salvou o filme da previsibilidade. Comercial d+, raso d+, eu queria mesmo era um documentário! fecha parênteses.

Tinha esquecido, mas Martha Medeiros me lembrou. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós... E é isso. A gente sabe o que pode, o que quer e o que deve fazer. Sabe o que faz bem, o que faz mal. A gente sempre sabe. Poizé, mas e o resto? O que vai além das convenções, do que foi ensinado? Do que foi aprendido, principalmente?

É claro que a gente aprendeu que algumas pessoas são potencialmente nocivas, alguns lugares podem ser perigosos, algumas atitudes farão estragos eternos. Ensinaram pra gente que ser cortês, altruísta, sincero e desarmado é certo. Ensinaram tb que mentir, roubar, machucar e bla bla bla é errado. Mas e a infinidade de coisas que vagam no limbo das possibilidades? Aquilo que a gente só pode ponderar assim, em real time, no exato momento de decidir se sim ou se não? Isso cabe dentro dos parâmetros convencionados?

Tipo,vc só acredita que gente do bem atrai gente do bem quando está naquele lugar que sua mãe te proibiria de ir se pudesse, absolutamente a mercê de Tio Murphy, e alguém inesperado te dá mó força; só aprende que destilados e fermentados não combinam depois daquele porre fe-lo-me-nal; só assimila que amor próprio é condição sine qua non pra amar alguém depois de sei lá quantos fiascos. Não adianta ninguém avisar, aconselhar. Limite cada um tem o seu. E olha que neguim se supera.

Várias situações e até pessoas mesmo ficam na fresta entre o certo e o errado. (Fresta que mais parece uma vala as vezes. Vala que está longe de ser um lugar. Um estado, eu diria) A gente faz X, o resultado é Y e dizem que vc agiu certo. Ok, mas certo pra quem, cara pálida? Pra que?

Estou desconfiada de que quando se acerta ganha-se menos do que quando se erra. Pq no erro vc se fode, mas tem que reajir. Dai vc aprende algo novo e - se deu a sorte de ter alma pra isso - o resultado final é um upgrade: vc mesma, em versão nova. Mais gente, mais livre, mais inteira.

E quando vc acerta? Ah, ai é ponto procê. Papai do Céu fica feliz, parentes e amigos ficam orgulhosos. Mas na verdade só fez o que era pra fazer, nada mais normal e previsível.

7 comentários:

Jana disse...

Eu nem preciso te dizer que tem tudo a ver comigo. Vc sabe disso...

E de mais devaneios por email rsrsrs

Beijos

Anônimo disse...

Adoro esse filme.
Adoro Cazuza. O Daniel interpretou belissímamente bem :D

Sil disse...

:D

By Ana D disse...

Viver é tão intenso nè ? Acertando, errando, fazendo as coisas certas e as erradas também rs...E todo o resto também fazemos nesta nossa passagem..Enfim...Intensidade me faz lembrar Cazuza, ou sera o contrário ? rsrs Beijo mocinha !

Carlinha Salgueiro disse...

Estou tentando faxinar o blog, e vim olhando link por link... Saudades de você.
E hoje eu não errei por ter vindo aqui, e você não errou por ter repostado este post. E agora?
Acho que me deu uma boa idéia de ver o filme novamente.

Beijinhos!

Anônimo disse...

Lindas sutilezas que fazem toda a diferença...

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel