02 dezembro 2009

MAIS UMA VEZ...


Eu ainda me espanto com minha infinita capacidade para a nostalgia: ontem em mais um show de Roberto salve salve Frejat (que assisti sentadinha e praticamente de graça!) pude rever TODO o meu histórico afetivo! Desde aquelas desimportâncias que dão até vergonha de assumir até Big Ghost, que vezenquando ainda me assombra. Sorri, em paz com as fatalidades & bizarrices e lamentei, conformada, todos os fins patéticos. (particularmente esse último tsc)

Psicótica publicou seu inventário e quando li deu vontade de rascunhar também. O show foi só um incentivo. Bora conhecer os pontos altos (baixos?) de minha vidinha emocional mais ou menos: (entre um e outro, ou simultaneamente, aconteceram algumas irrelevâncias indignas de nota e também delicadezas que não cabem em algumas linhas)

Big Ghost era um amiguinho da escola. Esses que todas as meninas maiores beijam na hora do recreio. Eu beijei todas as vezes que pude, mas escondido hohoho Seguimos amiguinhos até o fim do que se chamava 2º Grau, amadurecendo aos tropeços como todos os aborrecentes. Esse amor platônico me garfou um tempo enorme: entrei e sai da faculdade, comecei e terminei um MBA e ele ainda estava lá, cada dia mais absurdo, intacto em sua inutilidade, entulhando meu coração e minha cabeça de vento. O fim foi tão trágico que me virou do avesso. Mas devo dizer que gosto bem mais de mim ao avesso.

Na seqüência, Litlle Ghost foi uma concessão, uma tentativa de ser uma pessoa normal, que se relaciona com gente de carne e osso. Era um amigo de loooonga data, éramos igualmente ariscos, egoístas e carentes. Acreditei que podia ser divertido já que ambos queríamos a mesma coisa: deitar num abraço frouxo pra descansar um pouco dos enguiços da vida (eu pretendia, enquanto isso, colar os quinhentos milhões de caquinhos em que me quebrei já que carinho faz bem a qualquer moribundo). Nessa época perdi o que restava da vergonha da cara, mas aprendi a prestar atenção nas minhas precisâncias. Descobri que meu limite entre amor próprio e civilidade não era muito nítido e espumei de ódio desnecessariamente até re-demarcar minhas terras. Acabou e eu não vi, e apenasmente por não ver insisti até estourar minha cota de tolerância-com-as-canhestrices-alheias desta vida. Hj em dia o evito de todas as formas educadas possíveis. Pretendo fazer isso pra sempre, mas me conheço e sei que em breve minha determinação vai perder a força, já que a raiva passou e sou até capaz de dizer que entendo o que (não) aconteceu.

Depois do final lamentável dessa fase ‘pq que a gente é assim?’, entrei numa outra: ‘mentiras sinceras me interessam’ e incorri em todos os erros possíveis. Só dois seres merecem registro: Gasparzinho, que já chega a ser um fantasma mas nem me assusta (a graça de nossa relação é a pilha de não-ditos e 'quases' que acumulamos) e Penadinho, que julgo ser a pessoa mais importante de todas que já passaram até o momento. 

Gasparzinho testa a minha capacidade de abstração, pois tem TUDO que não suporto num homem. Sinceramente não sei o que vi nele. Já Penadinho, para além da gravidade do delito, deu cor a alguns aspectos monocromáticos de minha vida, por assim dizer. Foi algo sem futuro e de sentimentos nada nobres, mas como viver é melhor que ser feliz, tratei de aproveitar o que tinha de bacana, esquecida do que sempre me disse sra minha vó, que quem semeia vento colhe tempestade. Acabou de um jeito tão mas tão patético que não senti nada, nem raiva. Sua falta só é registrada quando constato que ao final do expediente que não tenho mais trocentos e-mails pra apagar e nem ganho bônus semanais no celular. Creio que se a bina do orkut não me mostrasse as visitas, sequer me lembraria de sua existência, que nada mais é que uma fábula.

Mais recentemente, início e fim devidamente rascunhados, me aconteceu uma pequena epifania. Um anjo trouxe possibilidades reais da sorte de um amor tranqüilo, mas ironicamente foi um fantasma que pôs tudo a perder: uma posseira baiana que se aboletou com termo de posse e propriedade nas terras improdutivas do coração do mocinho ôh vida!

Frejat cantou Renato Russo, e me lembrou muito um outro fantasma, que mesmo com todas as prerrogativas de fantasma - inclusive atestado de óbito - nunca me assombrou: amei Eduardo desde a infância com paixão e sem desejo, e o vi partir cedo demais, ceifado pela desgraça do vício em cocaína:

♬ Mas é claro que o sol vai voltar amanhã! 
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior
De endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem ...

Tem gente que está do mesmo lado que você mas deveria estar do lado de lá;
Tem gente que machuca os outros;
Tem gente que não sabe amar;
Tem gente enganando a gente. Veja nossa vida como está!
Mas eu sei que um dia a gente aprende...
Se você quiser alguém em quem confiar confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...♬


E não é isso? Vida segue, apesar de...

6 comentários:

Oksana disse...

Texto maravilhoso e muito valente... É preciso coragem pra inventariar os erros e acertos do passado e enxergar as coisas com a exata proporção que deve ter aquilo que já morreu.
Adorei!
E torço pelo fim das assombrações, porque acredito mesmo na sorte de um amor tranquilo.
Beijos

katy disse...

lindo texto. também tenho alguns fantasmas e torço pra que eles deixem de me assombrar e para que músicas sejam apenas músicas... bjs

Jana disse...

vc sabe que eu adorei isso né, sua coragem, e sabe o que penso deles (reconheci tão facilmente alguns deles rs)

Um dia terei essa coragem!

Beijos

Unknown disse...

sempre bom ler voce!

Unknown disse...

sempre bom ler voce!

Unknown disse...

Bem acho muito interessante o q vc escreve, alguns comentários falaram sobre coragem... será "Clara"?
Frejat tb me remete a infância juventude, amores e ilusões, não só saudosismo, mas recordações que rejuvenecem, era feliz e sabia.
Você é unica embora inexista Clara seus sentimentos e palavras são reais, e lembre-se, ou melhor, nunca se esqueça q seres humanos são seres humanos, e cometem erros e acertos, e quando possível leia a letra de menina mimada, mais uma de nossa aborrecencia
Marcus Vinícius ou litle fantasma como preferir...