06 março 2010

PROJETO FAMÍLIAS RENOVADAS

Li dia desses na BBC Brasil que uma arquidiocese italiana organizou um curso para sogras aprenderem a não perturbar a vida dos casais.


Achei sensacional. (e levemente consolador: é sempre bom ver nos jornais alguma iniciativa útil, já que a Igreja só vira manchete se for escândalo sexual ou quando alguma autoridade eclesial diz ou faz alguma coisa imbecil)  

Pode funcionar. Creio que boa parte das sogras católicas deve ser beeeem beata. Se ouvirem as obviedades relativas ao assunto dentro da Igreja, talvez tomem como preceito cristão hohoho

A idéia é boa mas não vai à raiz do problema. Para que "sogra" deixe de ser sinônimo de encrenca, na minha modesta opinião deveriam pensar num curso para mães, que criando filhos emocionalmente melhores, formarão melhores pais, que quando se tornarem avós serão melhores também. Cortando o cordão umbilical na hora certa - no parto!, criando meninas e meninos com os mesmos direitos e deveres, dando limites, construindo valores baseados no "ser" e não no "ter" e tal & tudo. A coisa não se resolve em poucos anos... 

Minha tese é baseada na atenta observação de um ser que só aprendeu a passar suas roupas aos 30 anos e por absoluta falta de opção: meu irmão. É que sra. minha mãe, depois de longos e honrosos anos de trabalho, se aposentou. Hoje em dia ela é só avó. Não dedica mais 40 horas semanais do seu tempo administrando o lar de modo que ou ele se mexe ou anda sujo e amassado. Pq eu - que lavo e passo minha roupa desde os 13 anos, me recuso sorridentemente a ratificar com a minha conivência essa idéia de jerico que homem não foi feito para tarefas domésticas.

Faço tudo que posso por uma adaptação menos traumática: já ensinei o caminho da máquina de lavar, apresentei a cafeteira, contei que se o ovo não estiver gelado, não vai espirar quando cair na panela e demonstrei numa aula prática que o único item auto limpante da casa é o forno: assisti, indiferente, ele precisar comprar cuecas e meias pq não tinha mais NENHUMA limpa ...

Sinhozinho não só aprendeu rápido como não lhe caiu nenhum dedo! Até pq ele - como todos os outros homo sapiens - tem uma noção razoável da dinâmica da coisa: ele sabe que se alguém sentar com o biquini molhado no banco do carro vai ficar fedendo jaula. Só não aplica o mesmo conceito à toalha molhada que deixa sobre a cama pq sua digníssima genitora lhe tirou a oportunidade de constatar a verdade da teoria cada vez que recolheu a peça e estendeu no varal.

Mas e dai? Dai que eu acho que se minha mãe tivesse se ocupado menos com o filho - além de não ter criado um homem quase imprestável e potencialmente um estorvo de marido - ela teria vivido melhor a própria vida e não precisaria se ocupar com a alheia.

Nada me tira da cabeça que sogras não nascem com vocação pra capetice: é por falta de assunto, por não saber o que fazer com o tempo livre que se metem tão desavergonhadamente em assuntos que não lhes dizem mais respeito.

4 comentários:

Vanessa Souza disse...

Falou e disse! E essa falta de não ter o que fazer, resulta em momentos irritantes e piadas de sogras! rs

Beijos!

Jana disse...

kakakaka é de morrer de rir... Mas fiquei aqui vijando será que minha talvez quase futura sogra precise desta escola rs?

beijo

Daniel Rangel disse...

Bom... Há sogras e sogras, avós e avós... A generalização pode ser culpa da parcela que padece da 'inconvivência' com as progenitoras de seus cônjuges.
Mas o que eu quero registrar aqui mesmo é a exposição que fez de seu irmão. Coitado! rs...
Poderia ter poupado, criando um personagem p/ essa sua estrutura textual...kkkkkk...

Oksana disse...

Nossa, se eu concordar com você tão efusivamente quanto gostaria, corro o risco de a sogra descobrir e pegar mal pra mim.

Engraçado como a mesma mãe cria meninos e meninas de forma diferente. Eu aprendi logo cedo a fazer algumas coisas em casa, e o meu irmão, aos 16, mal sabe lavar a louça (é mais uma "pré-lavagem", porque sempre sobram resíduos, e é preciso lavar novamente antes de usar). E ele sempre termina dizendo "mãe, só não lavei as panelas". "Tá bom, filho". Pô, qual o problema de lavar as panelas, caramba?

Ai de quem reclamar, minha mãe sempre defende. E se ela ouvir isso, com certeza vai discordar, lembrando de todas as 5 tarefas domésticas que o pobre menino já executou em toda sua vida, incluindo aquela vez que tirou o tênis da sala e levou para o quarto. Tão esforçado! cof cof

Mas se ele aprender rápido como meu namorido, nem tudo está perdido. Minha sogra JAMAIS permitiu que ele lavasse uma cueca, e até hoje chora (literalmente, não é figura de expressão) porque não tem mais as roupas dele para lavar e passar.

Ao contrário do que se poderia esperar, ele é super parceiro na arrumação doméstica, se esforça para aprender o que nunca teve oportunidade de fazer antes, e sente até um certo prazer na liberdade de cuidar de suas próprias coisas.

Viu só, ainda há uma esperança para as cunhadas. hahahahahahaha