29 novembro 2006

SOBRE O CERTO, O ERRADO E TODO O RESTO

Revi o filme do Cazuza dia desses e já tinha até esquecido que ele tem umas sacadinhas assim, despretenciosas, soltas nas cenas. Que aliás, eu queria mto saber se seriam delicadezas do roteirista, contribuições de Lucinha Araujo ou legado do próprio Cazuza. Vcs botaram reparo naquela da sauna, Cazuza e papai conversando e do nada: "existe o certo, o errado e td o resto"?

Abre parênteses: a interpretação irrepreensível de Daniel Oliveira salvou o filme da previsibilidade. Comercial d+, eu queria msm era um documentário... fecha parênteses.

Tinha esquecido, mas Martha Medeiros, na crônica que li hj, me lembrou: Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós... E é isso. A gente sabe o que pode, o que quer e o que deve fazer. Sabe o que faz bem, o que faz mal. A gente sempre sabe. Poizé, mas e o resto? O que vai além das convenções, do que foi ensinado? Do que foi aprendido, principalmente?

É claro que a gente aprendeu que algumas pessoas são potencialmente nocivas, alguns lugares podem ser perigosos, algumas atitudes farão estragos eternos - e o pior, sem conserto. Ensinaram pra gente que ser cortês, autruísta, sincero e desarmado é certo. Ensinaram tb que mentir, roubar, machucar e bla bla bla é errado. Mas e a infinidade de coisas que vagam no limbo das possibilidades? Aquilo que a gente só pode ponderar assim, em real time, no exato momento de decidir se sim ou se não? Isso cabe dentro dos parâmetros convencionados?

Tipo, vc só acredita que gente do bem atrai gente do bem qdo está naquele lugar que sua mãe te proibiria de ir se pudesse, absolutamente a mercê de Tio Murphy e alguém inesperado te dá mó força; só aprende que destilados e fermentados não combinam depois daquele porre fe-lo-me-nal; só assimila que amor próprio é condição sine qua non pra amar alguém depois de sei lá qtos fiascos. Não adianta ninguém avisar, aconselhar. Limite cada um tem o seu. E olha que neguim se supera.

Várias situações e até pessoas msm ficam na fresta entre o certo e o errado.(Fresta que mais parece uma vala as vezes. Vala que está longe de ser um lugar. Um estado, eu diria) A gente faz X, o resultado é Y e dizem que vc agiu certo. Ok, certo pra quem, cara pálida? Pra que? Estou desconfiada de que qdo se acerta ganha-se menos do que qdo se erra. Pq no erro, vc se fode, mas tem que reajir. Dai vc aprende algo novo e - se deu a sorte de ter alma pra isso - o resultado final é um upgrade: vc msmo, em versão nova. Mais gente, mais livre, mais inteiro.

E qdo vc acerta? Ah, ai é legal. Papai do Céu fica feliz, parentes e amigos ficam orgulhosos. Mas na verdade vc só fez o que era pra fazer, nada mais normal e previsível.

2 comentários:

Jana disse...

Ahh pela primeira vez so precisei ler uma vez pra entener kkkkk

E concordo com vc, acho que só se sabe o seu certo, o eu errado e o seu resto todo, vivendo, vivenciando, passando por aqui, e nem sem acertar é ganhar, pq na maioria das vezes quando fizemos tudo certo perdemos pra pessoas mais "espertas" que não se importam de fazer tudo errado, pra ganhar no fim...

Beijos

Anônimo disse...

E aquela coisa que acontece quando acertamos errando?
Ganhamos os louros por ter feito errado algo que sabíamos como certo e, exatamente por ter saído de forma diferente é que deu certo?
Se enquadra aonde?
Os mistérios e o fantástico da vida, mexendo com meu cérebro enquanto venho aqui...
Ai amiga filósofa fui arrumar!
Beijos!