21 fevereiro 2007

SE EU FOSSE EU

Clarice Lispector em 1968, Martha Medeiros em 2000 e eu - ciente do sacrilégio que é escrever sobre algo já explanado com tamanha destreza - em 2007. Inevitável. Irresistível.

Alguns textos são atemporais, é fato. Qdo li fiquei imaginando qtas milhões de vezes pessoas se encontraram nessas linhas... qtas antes de mim? Qtos ainda terão o msm impulso de escrever?

Uma confessa que metade das coisas que faria se fosse ela, não poderia contar; outra acha que é ela msma na maior parte do dia, mas sabe que se fosse indecentemente ela, acabaria louca. E eu? Desconfio de que se fosse eu integralmente, 100% do tp, nem eu mesma me reconheceria. rs

Sim, pq a gente faz o que não quer. Ou não faz o que quer. Só depende de quem está olhando. É por isso que o mundo ainda não acabou, verdade seja dita. Verdade tb é que algo em mim se sente levemente injustiçado por algumas vezes que se eu fosse eu msma, faria tudo diferente.

Se eu fosse eu msma, não disfarçaria minha frustração num sorriso resignado, gritaria ao invés de me encastelar; verbalizaria mais e escreveria menos. Pensando bem, verbalizaria mais e escreveria mais ainda... questionaria as mentiras consensuais da sociedade e ignoraria, solene e perpetuamente, as pessoas relapsas.

Se eu fosse sempre eu msma sangraria até a última gota pela falta que faz meu pai. E se eu dia eu me curasse, passaria tdos os outros lustrando o relicário em que guardei nossa história; teria surtos egocêntricos sem culpa e gastaria o $ da previdência complementarbem antes de ficar velha.

Se eu fosse eu em outra geração, talvez fosse clandestina, subversiva. Talvez cursasse psicologia ou filosofia. Talvez fosse porralôca total. Certamente morreria cedo.

Se eu fosse eu em outro lugar, seria gaúcha. Ou francesa.

Se fosse eu num objeto, seria a guitarra do Slash.

Sendo impunemente eu msma não poderia acreditar que Deus sabe o que faz, pq lá no fundinho eu acho msm é que Ele se enrola as vezes... nunca iria a eventos chatos nem gastaria minha paciência c/ gente burra. E jamais daria atenção aos imperativos do meu bom senso habitual.

Pensando bem até que não é tão ruim falhar em mim quem sou... hohoho

6 comentários:

Carlinha Salgueiro disse...

Mas é exatamente por você ser você que eu, e com certeza muito mais gente, gosta de você.
Tal e qual és e se descreve.

Verdade seja dita, ninguém é 100% genuíno neste mundo, e são as porcentagens loucas e sãs, que nos fazem ser...

Um beijo bem grandão!

Mônica disse...

e se eu fosse eu? taí...vou pensar e escrever....

Anônimo disse...

Fiquei pensando "se eu fosse eu"... e isso abre um buraco negro. Talvez devesse escrever, verbalizar para ver o que dá.

Bjos e ótimo fim de semana.

Anônimo disse...

As vezes ser a gente mesma dá trabalho, por isso usamos tantas máscaras...

Bjs!

Anônimo disse...

Pôxa, que texto legal! Fiquei pensando se eu fosse eu tb a maior parte do tempo... Sabe o que eu acho? Que só somos nós mesmo com a nossa família, e com quem temos intimidade pra ser. O 'viver em sociedade' acaba talhando o nosso 'eu' por causa das regras da convivência em grupo... (Enfim, deixa eu parar de viajar!)

Guilherme Augusto disse...

Terminando minha faculdade vou cursar psicologia, e acredito que (por algum motivo) vou morrer cedo...

Esse seu post dá pano pra manga...

Um dia eu sonhei em ser o Beto Carreiro (mas eu era pequenino) .

Lispector rules!

Um beijo!!