16 agosto 2007

OURO DE TOLO


Se eu morresse hj de um repentino mal deixaria dívidas irresgatáveis: todo o amor que não dei. Pobres credores! Teriam que se contentar com meu íntimo tesouro, cinestesicamente incalculável, e de nenhum valor comercial. rs

As músicas que sonorizaram meus bons momentos - e alguns ruins, tb - e disseram tudo que por culpa ou dolo não disse em tempo hábil e acabou por perder-se na brisa mansa do "qualquer dia desses";

Os livros que edificaram ou implodiram, me deixando, impunemente, em eterna construção... páginas que salvaram dias e noites da inutilidade completa. A quem interessar possa, os mais grifados são os de maior potencial belicoso;

Os óculos escuros, cada vez maiores, que zelaram pela minha fotofobia e incontáveis vezes esconderam o que havia de triste nos meus olhos. Os primeiros eram mágicos: me tornavam invisível. Com eles pude sumir, confortável e despercebida, algumas das vezes que mais precisei. Meus fones de ouvido as vezes tb me parecem encantados, permitindo continuar sozinha em meio a uma multidão;

As minhas dúvidas, que descobri em tempo que são as certezas que nos fodem a vida. Quando se tem perguntas a fazer, a gente caminha mais atento, se interessando por tudo e todos, tdas as opções são válidas. Enquanto (algumas) respostas nos estacionam. Qto mais completas, mais perigosas;

A febre de sentir que me move a escrever e por conta disso trouxe tanta gente do bem. Afinidades inexplicáveis (que aliás, merecem outro texto) que me permitem tocar com as duas mãos o delicado da vida e provam pra quem duvida que coicidências não existem, definitivamente;

A perfeição dos meus sentidos: todos os toques, aromas, sons, gostos e imagens que me instigaram, me fizeram mais viva, mais humana e por isso mesmo quase divina... e falando em divina, no Céu, onde espero ter sossego, um corpo e uma alma hão de me bastar. E talvez ainda carregue algumas das minhas grandes pequenezas, mas não sei se elas me são tão caras quanto aki. Tomara que sim.

Lá minha saudade vai parar de arder. Ou não, pois daí terei saudade de outras pessoas. Verei respondidas todas as questões que me roubaram o sono. Finalmente conhecerei como sou conhecida e me consumarei, como as velas do altar, no AMOR de brilho raro que dá sentido aos meus passos vacilantes.

* Inevitavelmente inspirado em "A Máquina de Escrever", de Roberto Frejat, Guto Goffi & Guioseppe Ghiaroni

8 comentários:

Jana disse...

Olha eu to assim meio de boca aberta tá, vc anda "matando a pau"...

Concordo com vc, nossas certezas é que fodem a vida. São elas que fazem a gente parar de ir em busca de coisas...

Eu gostaria dos livros, os mais rabiscados, leria mais as entrelinhas de vc.

Sim, coicidencias não existes, mas afinidades, estas sim, sabemos bem.

E não dispense dar o seu amor, mas tb, não o de a toa, a gente sabe quão duplo pode ser esse caminho!

Amo tu!

Beijos

Mônica disse...

ôcoisamaislindadeselermôdeus!!!!!!

Anônimo disse...

nossa, p-e-r-f-e-i-t-o

Bjão!

:)

Anônimo disse...

óli, eu chorei ontem.... e tornei a chorar hoje né. rsrs

e a nossa imaginação é igual que nem.. rsrs

beijoooooooooooo

Oksana disse...

Que texto mais lindo de tudo, a cada parágrafo... Parabéns!
Beijo

Anônimo disse...

Muito bom o seu blog. Adorei o layout e principalmente a frase. Beijos!!!

inutilia sapiens disse...

adorei o layout!
os textos, tudo belo!
este texto me fez lembrar raul e apesar da letra ser triste, me faz lembrar coisas boas e amenas...

Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

beijos. apareça!

eurídice disse...

sabe de uma coisa que acabo de descobrir?

nossa afinidade da pourra chegou às últimas conseqüências...

venho aqui, leio tuas palavras e, de repente, é como se não fosse mais preciso escrever... como se tudo - ou quase - aquilo que eu quisesse dizer já estivesse dito, aqui.

uma das coisas mais lindas que li ultimamente, este post.

beijo enorme pra tu, tri. saudades de ipanema!