20 setembro 2007

- Estranho é que eu não escolhi. Não consigo precisar o momento em que escolhi. Nem isso, nem qualquer coisa, nem nada. Foram me arrastando. Não houve aquele momento em que você pode decidir se vai em frente, se volta atrás, se vira à esquerda ou à direita. Se houve, não lembro. Tenho a impressão que a vida, as coisas foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza de gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer. O problema é que essa coisa talvez dependa de uma outra pessoa para acontecer.

- Toque nela com cuidado. Senão ela foge.

- A coisa ou a pessoa?

- As duas.

[recorte - Pela Noite, Caio Fernando Abreu em "Triângulo das Águas"]

7 comentários:

Curare disse...

humm me lembrou alguém ...
Beijos, lindo post!

Anônimo disse...

cuidado... frágil.

beijos irmã

By Ana D disse...

Até CFAbreu colocava a felcicidade dele em mãos alheias ? Será ? rsrsrs Sorte ! Beijo !

Jana disse...

Uhuu vejo que mais uma se rendeu as loucuras de CFA... Mas não é perfeito esse trecho?

Beijos

Michele Prado disse...

Incrível como tem textos que a gente olha e diz: "Puxa, eu gostaria de ter escrito isso". Pois é... Caio Fernando Abreu descreveu exatamente como me sinto.

Legal o blog!

Mônica disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk...trecho marcado no meu....kkkkkkkkkk.....viu????

Dani Teti disse...

nossa, perfeito! e quase sempre acontece assim mesmo! poucas vezes nos dão a chance de escolher. bjs