22 abril 2008

MÁQUINA DE ESCREVER

Mãe, se eu morrer de um repentino mal
Vende meus bens à bem dos meus credores
A fantasia de festivas cores que usei no derradeiro carnaval
Vende esse rádio que ganhei de prêmio por um concurso num jornal do povo
E aquele terno novo ou quase novo, com poucas manchas de café boêmio
Vende também meus óculos antigos que me davam ares inocentes... não precisarei de suas lentes pra enxergar os corações amigos
Sem ruído é mais provável que eu alcance o céu
Vou penetrar e então provar seu mel
No paraíso só preciso de um olhar
Sem teu sorriso, outro sorriso pra me enganar
Mas poupa minha amiga de horas mortas, com teclas bambas, minha máquina de peças tortas
Vende todas as grandes pequenezas que eram o meu íntimo tesouro
Mas não! Ainda que ofereçam ouro
Não vendas o meu filtro de tristezas...
* Roberto Frejat, Guto Goffi & Guioseppe Ghiaroni

Perdoem, parcos e queridíssimos leitores! Da outra vez que usei essa música (fodástica, hein tri?) não ficou denso. Aliás, permitam-me: modéstia às favas, mas Ouro de Tolo foi uma das coisas mais bonitas que já escrevi.

Mas voltando, blogterapia, entendem? Estou nem feliz nem triste. Não se ocupem. Digamos que ando fazendo - com uma boa dose de má vontade, mas quase conformada já - uma espécie de inventário do irremediável. O foda é que as coisas mudam, mudam e continuam iguais, e isso me cansaaaaaaaaaa. Aliás, quase capetice isso: eu sempre soube exatamente o que os outros deveriam fazer, e agora que preciso de um bom conselho, não me ocorre nenhum! tsc

5 comentários:

Jana disse...

é exatamente isso que me cansa, muda, muda, muda e nada de fazer a diferença...

Não sei se eu ando boa de conselhos, uma pessoa que chora ao menstruar não esta no seu normal... Mas...

E concordo com vc, Ouro de Tolo foi uma das coisas mais lindas que escreveu.

Beijos

Tainá Almeida disse...

Não ocorre apenas com você minha cara. Sempre que precisamos de conselhos os nossos não nos servem. Quem sabe se talvez fossem proferidos por outros?
No mais cansa sim ver que as coisas, mesmo mudando, continuam as mesmas. Mas não cansa nada, nada olhar 'a coisa que não muda' com outros olhos!
Bjoks ;)

candice disse...

realmente fodástica a música, querida. e ouro de tolo foi tudo - pode mesmo mandar às favas a modéstia.

teatro mágico contigo e mô? talvez eu não tenha merecimento espiritual para isso. seria bão (sic) demais da conta, jesuis!!!!

beijos meus, saudades de ipanema e um fodástico brinde ao delicado da vida com vinho chileno (nossos códigos estão aumentando visivelmente, não?)

(e ainda te devo uma coxia - esqueci não! - mas ando com uma preguiça e uma falta de vontade de racionalizar para escrever que nem presta... tu entende, né?).

Mônica disse...

das calçadas de Ipanema diretamente prum meio fio da Lapa...bem mais a nossa cara, vamos combinar....kkkkk....
e lá dou todos os conselhos q vc quer, mas q não vai seguir nenhum...beijos, tri

Vermelha e Ardida disse...

"as coisas mudam, mudam e continuam iguais" - depois dessa.. nem preciso dizer mais nada!
Soy yo! :)