14 outubro 2008

TODAS ELAS JUNTAS (E CONFUSAS!) NUM SÓ SER...


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa


5 comentários:

Jana disse...

E lá a gente tem a resposta pra quem realmente a gente é?

Claro que alguns são mais indecisos que outros kkkkkkkkkkk

beijo

Anônimo disse...

Engraçado (no bom sentido) ver todas as suas nuances assim.

Tem uma alí... alí ó! Aquela de cima! de vestido. Deu um ar diferente, adoravel.


Beijos para ti pequena

Mônica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mônica disse...

faltou a fotinha sua aqui em casa e sua cara ao acordar...rs

( sério agora: essa do FP é realmente a sua cara...)

( ônibus da Cidade do Aço diretamente pro Terminal da Alvorada na Barra...informe-se disso qdo resolver voltar ao Rio, tri!)

By Ana D disse...

Então...Fernando Pessoa é identificação total pra pelo menos 1/3 da população mundial...haha..Somos tão múltiplos..rsrs..beijo