20 julho 2009

INXS

Nome Próprio redimiu Leandra Leal das personagens patéticas de sua carreira. \o/



(Outro filme que só consegui assistir graças a caridade alheia, já que na minha cidade filmes nacionais só entram em cartaz se forem bem comerciais. E esse é nada comercial: é temerário, é cáustico, é denso e - não fosse tão verdadeiro - seria mais um desperdício de verba e talento.)

A Camilla de Leandra é exagerada, egoísta, invejosa e está a um passinho de surtar. Absurdamente corajosa, vá lá. Há se de se ter muita coragem pra ser tão inconsequente. Camilla é o que qualquer um pode se tornar se não se respeitar, se não se amar, se não tomar as rédeas da própria vida, se não aprender sobre seus limites e os dos outros. Camilla é o aspecto sado-masoquista de cada ser humano, o potencial infinito que temos pra fuder com tudo numa só tacada.

A princípio, claro, ninguém se identifica com tanta agressividade. Ninguém tolera. Ninguém assume mas a verdade é que todo mundo é parecido quando sente dor: eu e vc somos, sim, capazes de coisas terríveis. Mas felizmente temos a benção do senso de civilidade, do zelo pela auto imagem do medo do ridículo e é só isso que preserva a maioria de se perder nos próprios labirintos. Dai que uma minoria desafortunada, de lucidez descalibrada e a alma larga demais, assume o fardo da demência que pesa sobre o mundo inteiro: Virgínia Woolf, Camille Claudel, Ana Cristina Cesar, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e vários outros, célebres ou anônimos, que não deram conta de si mesmos por excesso de bagagem: existências INXS ...

Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente...

Essa tal coisa ausente que atormenta não te soa familiar? A mim muito. Desde sempre.

Voltando ao filme, Camilla me diz muito pouco (hohoho) mas seus achismos me atormentam há duas semanas: como ela, também fico pensando se realmente ninguém se cura de nada, nunca... se a gente não pode mesmo viver uma paixão impunemente, se a minha dor é tão DOR assim a ponto de transpirar a escrita.... no fim concordo, espantada pelo que há de novo em transbordar: tudo sobra em mim, ao mesmo tempo não há nada em mim nem ninguém. Eu sofro de nada. E de ninguém.

Eu sofro de nada! Ai, que horror!

Deus me livre de Camilla! amém.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pera lá, todo mundo é parecido quando sente dor sim, mas a demonstração é tão sutil que nem sentimos... será que estamos acostumados a este tipo??? Chegamos ao ponto de tal?? Preocupemos então, pois acostumar-se com o pior não é a melhor coisa... e não, não vi o filme...

Jana disse...

"Essa tal coisa ausente que atormenta não te soa familiar? A mim muito. Desde sempre."

PQP DE COCORAS, como diria Mônica!

Preciso ver esse filme!
Beijos

katy disse...

já me deu vontade de assisitir!!! bjs

Monica disse...

bom, eu confesso que saí do cinema totalmente sem rumo, catando a MINHA identidade tri...