24 outubro 2009

ABAÇAIADA

Faz parte do show vc se sentir meio idiota depois de um (mais um!) mau entendido do coração. Idiota² se vc foi honesta, boazinha.

E como sempre há um filho de Deus pra chutar cachorro morto, mal despi meu xale de velha carpideira e precisei responder a um desses seres desalmados que não, eu não percebi nada. Acabou e eu não vi.

Pq foi assim que aconteceu. Acontecem - com frequência até - situações em que o lado "bunda" finge que não vê os sinais de desinteresse do lado "pé" mas em outras tantas o lado "bunda" não vê mesmo. Humano, perdoável e irritante. tsc No meu caso, não vi pq talvez estivesse ocupada demais com a novidade que foi algo inteiro & recíproco cair de paraquedas, absolutamente (in?)esperado. Talvez eu só seja menos esperta do que imagino... 

Enfim, dei essa volta toda pra dizer que Ronaldo não sabe, mas foi ele que me ensinou que a gente não precisa ter vergonha de embarcar em canoas furadas. (claro que isso só vale qdo a gente não vê MESMO o rombo no casco). Eu quase admiro esse lado kamikaze dele, que segue aberto ao novo que a vida trás apesar de. Ele se rasga, investe, acredita. Vive sem medinhos ou reservas tudo que talvez-de-repente-um-dia-quem-sabe-possa-vir-a-ser uma pequena epifania. Ronaldo não se economiza e quando eu crescer vou ser quinem ele. (mentira, vou nada. Ainda preciso treinar muito o desapego pra querer ser assim tão generosa!)

Pessoa desalmada também quis saber se eu não exagerei no texto (Bodas de Post It abaixo) e na expectativa. Na expectativa certamente mas no texto não. Pra mim é difícil mas fundamental transpor o sensível para o legível, o evento do ano merecia registro e merecia as melhores palavras apenasmente pq elas correspondiam aos meus melhores sentimentos.

Agora que o luto já acabou (e eu já posso ouvir Bruna Caram sem vontadinha de chorar rs) penso que todos os eventos desse quilate - a revelia de seus finais patéticos - merecem registros generosos e um relicário. Não pra incensar o ser que partiu, mas guardar o melhor que a gente foi capaz de entregar. A vida anda atrolhada de efemeridades, pequenezas. Homens e mulheres bóiam na superfície de suas precisâncias, incapazes de profundidade... dai que quando acontece algo que foge ao ordinário ao qual nos acostumamos, a gente tem, sim, que celebrar.

Nadar contra a corrente da avareza emocional não deveria parecer ingenuidade. humpf

E já que isso acabou virando uma carta-resposta, termino dizendo ao querido e desalmado leitor que perguntou: não, não pretendo regredir ao "mentiras sinceras me interessam". Mantenho-me, mais firme do que forte, no "ou tudo ou nunca mais"

N.A¹: "atrolhado" só existe no dicionário de Caio Fodástico
N.A²: "abaçaiado" é do repertório de Fernando Anitelli, d´O Teatro Mágico
N.A³: tá soando inconformismo envernizado, mas eu juro que não é. Ou é? hohoho

5 comentários:

katy disse...

acredito que "devemos viver cada momento como se fosse o último", claro que tomando cuidado com as consequências. que bom que o ser humano tem memória curta e que apesar dos tropeços, sempre levanta e continua caminhando... bjsss

candice disse...

deixe para lé, querida. 'pessoa desalmada' ainda não sabe que 'viver é melhor que ser feliz'. just this. e quando eu crescer eu quero escrever igual a você - já te disse isso? beijos meus, desejando que não percamos a ternura jamás.

Ronaldo Ichi disse...

ô joana.... quando vemos o barco, geralmente só vemos o buraco de cima (aquele que a gente entra).

Mas esse é o "amor". É como... comprar frutas no mercado. A gente só sabe se vale a pena levar se tocar, se pegar, se poder dar uma mordinha melhor ainda.



Mas é isso. Se a gente quebra a cara, cola com superbonder e vambora porquê o mundo gira.


"Na fé que me faz otimista demais. Se chorei ou se sorri. O importante é que emoções eu vivi." - do tio Roberto

Oksana disse...

Celebre sempre, querida. As pessoas ficam cínicas e sem graça quando desistem de nadar contra a corrente.
Beijo

Jana disse...

como falamos, aas vezes o desespero vem e a gente enxerga ouro o que é de latão!

beijo