20 janeiro 2010

O SABOR DO GESTO


Uma das minhas metas para 2010 é deixar de ser besta e não esperar pelos outros pra fazer as coisas que quero. Dai que ontem foi uma ótema oportunidade pra treinar: Zelia Duncan por uma cx de leite (aquele projeto bacana da prefeitura, lembram?) 

O caso é que cairam todas as águas de março sobre a cidade e não me faltariam pretextos pra desistir de ir sozinha. Mas alheia às árvores caídas, bicicletas e motos arrastadas pela enxurrada, boeiros transbordando e à falta de luz em todo o bairro, eu fui \o/

O show rolou com a energia de geradores - ou a da própria Zelia que, dentro de um vestido rosa chiclete pa-vo-ro-so, (que não tinha NADA a ver nem com ela, nem com o tênis que estava usando, nem com coisa alguma!) pulava como se estivesse no palco com o Rappa e cantava como se não usasse microfone. Contagiante!

Suas letras seguem cópias fiéis de minha alma, como aquelas que a gente fazia no século passado contornando os mapas sob uma folha de papel de seda para as aulas de geografia (se as crianças de hoje em dia ouvissem isso...):

Não me salvo porque não me acho!

Eu me acerto, eu tropeço e não passo do chão, eu me apronto pro dia seguinte: escovo os dentes, abro a porta da frente, evito a foto sobre a mesa e ninguém aqui vai notar que eu jamais serei a mesma... 

Sou hóspede do tempo, da minha casa, das minhas palavras, das coisas que declaro minhas... inquilina da vida que me foi dada...

Olhos pra te rever, boca pra te provar, noites pra te perder, mapas pra te encontrar, fotos pra te reter,luas pra te esperar, voz pra te convencer, calma pra te entender, verbos pra te acionar, luz pra te esclarecer, cartas pra te selar, sexo pra estremecer, silêncio pra te comover, música pra te alcançar, refrão pra enternecer: meus verbos sujeitos ao seu modo de me acionar! 

É tão bom não ser divina! Quem se diz muito perfeito na certa encontrou um jeito insosso pra não ser de carne e osso...  

Do CD novo, mais uma que me veste (despe?)

♬ Eu sai pra estrada e não tenho pra onde ir
Sempre ouvi dizer que esse mundo era pequeno
Pelo caminho de espinhos avistei um mar de rosas
Pra chegar até lá eu preciso um pouco mais de tempo
Preciso de um grande amor
Preciso $
Preciso de humor
Eu quero matar a vontade enquanto tenho saúde e idade
Fazer um pouco de tudo
Manter a alma pra poder ganhar o meu mundo
... ♬ 

Diferente do show do Frejat que me remeteu aos meus mal-entendidos do coração, este foi uma viagem àquele lugar que ninguém mais pisou, onde estão empilhados todos os registros sinestésicos das coisas que me acontecem. (e as que não acontecem também!)

ingresso = 2,50
taxi = 15,00
o "sabor do gesto" = não tem preço!!!!

2 comentários:

Jana disse...

A guria, nem preciso dizer né... Vc sabe que as músicas dela, estão ai no meu mapa com papel de seda (o que morri de rir, pq muitoooo fiz)... então fico feliz por vc ter ido... Como te disse no msn corporativo, não teria esse altruismo.

Bjo!

Karina Lerner disse...

onde foi isso, hein? q história é essa de caixa de leite?

hunf, isso q dá estar do outro lado do mundo. fico ao sabor das palavras alheias. aliás, mais gostinho do que sabor mesmo!

bjs!