26 dezembro 2010

INDIGNE-VOUS!

Parece que um livrinho, "quase um panfleto", fez sucesso na França neste Natal. Em 30 páginas um velhinho dizendo às pessoas: Fiquem indignados! Stéphane Hessel incita ao não conformismo político. A matéria que li a respeito segue a mesma linha e até faz uma lista de 10 coisas pra gente se indignar no Brasil.

Mas eu trouxe a coisa pra realidade do meu infinito particular: fiquei pensando em tudo que me tira do sério, lembrei de pessoas e situações que já tiveram esse poder, mas que hoje em dia descansam em paz no meu jardim das indiferenças... me achava a bala que matou Kennedy meio que vitoriosa por enterra-los todos lá - e nem lhes levar flores no dia de finados!!! - até bater os olhos nisso:

A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices.
Albert Camus

Calmus também estava falando de política, mas sua frase me agrediu assim mesmo. rs

Perdi horas, tristíssima, imaginando quão menos gente me tornei ao aprender a arte de me desligar do que me faz mal. Por outro lado - me consolei - há uma infidade de coisas que quase me cegam o juízo de tanto que irritam. Na verdade antes das lentes de Calmus, antes de considerar que a indignação nos esquenta o sangue, nos mantem vivos, eu só pensava que era um sentimento menor e inútil, já que de maneira geral a gente se gasta sozinho, tomando veneno e esperando que o outro morra. Não é verdade que enquanto a gente definha em ódios, invejinhas e coitadismos os causadores ignoram solenemente nosso calvário?

Mas é verdade também que engolir sapos faz mal pro corpo e pra alma... (Já rascunhei uma tese sobre isso. rs) Há de se encontrar um meio termo razoável.

Portanto, parcos e queridos leitores desse rascunho, o que eu desejo pra 2011 e pro resto de nossas vidas é que a gente nunca perca a capacidade de se indignar:

com gente que destrata garçons, frentistas, caixas de supermercado e etc;
que joga lixo pela janela do carro;
que acha que tem que levar vantagem em tudo;
que não tem controle sobre os próprios filhos;
que reclama do mundo mas não move um músculo pra torna-lo mais habitável;
que não tem paciência com velhos;
que não luta pelo que quer;
que abusa da boa vontade alheia;
que não paga suas dívidas;
que vampiriza os pais, amigos e subordinados;
e claro,
com gente que machuca os outros, gente que não sabe amar

De minha parte, seguirei eternamente indignada com que
dá abraço curto pra não sufocar ;
que não me trata com o respeito que mereço e me nega o pouco que consigo admitir que preciso;
que passa meses sem me ver e quando me encontra não tem nada a dizer;
que não dá feedback;
que "filtra moscas mas engole camelos";
que se encolhe e espera as nabas se resolverem sozinhas;
que faz chantagem emocional;
que diz que não sabe por preguiça de responder ...


Boas entradas pra todos, viu? hihihi

3 comentários:

Pisando em folhas secas... disse...

Tem gente que machuca os outros, tem gente que não sabe amar,mas eu sei que um dia a gente aprende... é isso aí que você está fazendo quando pensa em voltar a se indignar e a ter ações sobre certas coisa, boas estradas e festas p vc tbm!

Jana disse...

Olha guria, eu acho que a gente tem que ser indignada sempre, mas confesso que invejo essa coisa que vc tem de enterrar. Imagina o quanto isso te faz melhor, uma vez que não da pra ficar gastando saliva com algo que não tem mudança (ou que não depende de nós).

Beijos

Vanessa Souza disse...

Ainda é o começo do ano, podemos indignarmos menos, e fazermos algo a mais!

Feliz Ano Novo!
Beijos