23 março 2008

Dai que eu descobri que tenho o coração quinen o da sininho: só cabe uma emoção por vez. rs

Há alguns meses meu mundo era um deserto no frio. Juntei os caquinhos com a discrição habitual e ninguém notou que eu nunca mais seria a mesma. Perdi kgs, cabelos, bom senso e o pouco que ainda restava da vergonha da cara. Ganhei mimos, livros, bons amigos, coisas boas e bizarras pra lembrar (e rachar o bicho de rir tb). Joguei muita coisa fora e a casa ficou beeeeeeem melhor assim. Senti ódio, ardi de vontade, morri de arrepedimento, não coube em mim de felicidade - que, definitivamente, pode ser simples como um aperto de mão. Fui ingênua, fui irresponsável, fui cachorra e fui mto "macho" pra não sucumbir ao medo. Tive a abençoada sensação de estar no lugar certo, na hora certa, fazendo exatamente o que era pra ser feito (e não foram poucas vezes). Me livrei da minha culpa de estimação. Acendi as luzes e (alguns) fantasmas sumiram. Deixei de ser católica e sigo cada dia mais apaixonada por Deus, pelas suas delicadezas do dia a dia, pela constância do Seu amor. Queimei as cartas que não mando e enviei tdas que escrevi. Madrinhei casamento e batizado. Vivi um conto de fadas de alguns dias e fechei um livro aberto há incontáveis anos. Curei e fui curada. Escrevi textos catárticos e dramalhões. Chorei num cantinho ouvindo "pra luzir o dia" e me perguntando se merecia a sorte de um amor tranquilo, desejando com todas as fibras do corpo o meu próprio vilarejo. Aceitei que sou irremediavelmente preto no branco, mas descobri que entre um e outro, posso ser vários tons de cinza. Me viciei em veneno anti monotonia e agora - praticamente abstêmia hohoho - volto a questionar se essas coisas que queimam mas não aquecem podem realmente fazer algum bem real. Achei que estava apaixonada. Até ontem. rs Adorei a novidade e parece-me que vivi tdas as coisas (chatas) inerentes a esse estado de semi demência. Desafortunadamente não durou tempo suficiente pra eu sentir as tais borboletas no estômago, os sininhos tocando e aquilo tudo que há de justificar tanta leseira numa mesma alma.

Mas eu perdi o foco. Queria escrever sobre uma epifania que acabei de ter: estava eu deliciosamente esparramada sobre meu puf, quando pulam na minha frente palavras assim, over pertinentes, para a pessoa que vos escreve duplamente sofrida: frustração e indignação (vide texto mulherzinha abaixo) Gentem, fez-se luz nas minhas trevas! Eu li que a vida sempre acena com trocentas possibilidades, despertando apetite onde havia pouco ou nenhum. Dai que a gente volta e meia (acha que) opta por algo apenasmente por acontecer daquilo estar diante dos olhos. Não necessariamente queremos ou precisamos, mas se torna mais atraente a medida que olhamos. E de atraente pra irresistível só depende do quão carente a gente esteja... mas qual a grande sacada? Antes de sair pinçando as coisas como num self service, o acertado seria se perguntar: Isso ai vai me saciar? O que quero realmente comer?*

E foi assim que constatei que esse surto que me acometeceu não era paixão. Era olho grande só. tsc tsc tsc

Tá bom que eu posso - mais uma vez - estar buscando um paliativo pra minha frustração, como o conceito anestésico de Clarice Lispector para o "quase", lembram? Mas enfim... é isso. Essa criatura não pode me saciar. E embora seja uma delicinha, eu preciso msm é de reeducação alimentar.
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* citação livre. Clarissa Pinkola, em "Mulheres que Correm com os Lobos"

6 comentários:

Camila disse...

Há uma enorme vantagem desses sentimentos que vêm um de cada vez: se te ocupam o espaço todo, são intensos e inebriantes, assim... como a vida deveria ser!

Seja responsável pela tua liberdade de ser como tu és! Livre para fazer o que quiser!!!

beijos daqui...

Anônimo disse...

É que existe uma enorme diferença entre vontade de comer, fome e gula...

Beijos.

Anaclara disse...

Até seu blog está cinza;
as possibilidades de tonalidade dessa cor são surpreendentes!
E vão além das 16 que os homens enxergam...

Jana disse...

Tá que eu to aqui aos prantos... Ok. Mistura tudo aquilo que tu bem sabe, com o stadinervos+carência+inferno astral+tpm+milhos de coisas... eu choro...

Lindo, divino e perfeito texto, quem sabe um dia eu não consiga me implodir assim...

Enquanto isso eu sigo sem saber se tenho fome ou gula (eu quero o livro logoooooo), eu sigo sem saber de tantas coisas... Quem sabe eu consiga um dia tudo isso...

Beijos

PS: Adorei o novo visu!(tb queria um rsrs)

Anônimo disse...

Eu preciso de gula...
So vontade de comer nao me eh suficiente.

Lindo texto....
Bjo grande!!!

Mariah disse...

incrível como, sem entender nada, entendi absolutamente tudo o que o texto quis dizer...
quem pára um minuto para pensar fica louco...quem não pára é levado pela loucura...
também estou numa fase crítica...estranha...se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
mariah